O 7 de Setembro terminou nas ruas, mas a disputa ganhou fôlego no dia seguinte, nesta segunda-feira (8/9), nos feeds das redes sociais. Um estudo da Ativaweb Inteligência Digital & Big Data analisou mais de 6 milhões de menções em 24 horas e concluiu que o feriado de Independência do Brasil se transformou em uma “guerra digital” no Brasil, com disputa entre o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o levantamento, 51% das menções partiram de perfis ligados a Bolsonaro, confirmando a força de sua base nas redes sociais. Mesmo afastado das mídias por restrições judiciais, o ex-presidente mostrou que sua “militância digital” continua ativa e engajada.
Do outro lado, 47% das interações foram mobilizadas por apoiadores de Lula. A esquerda conseguiu ampliar trincheiras, principalmente no Nordeste, e atrair novos públicos, sinal de capilaridade superior à da direita.
Somente 2% dos usuários se mantiveram neutros.
#BrasilSoberano e #AnistiaJá
As narrativas seguiram caminhos distintos. Entre lulistas, prevaleceram hashtags como #BrasilSoberano, #Democracia e #Soberania, exaltando resistência e unidade nacional. Já bolsonaristas priorizaram #AnistiaJá, #BolsonaroFree e #ForaMoraes, fazendo críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O julgamento de Jair Bolsonaro entra em fase decisiva nesta semana, com a análise dos votos dos ministros da Primeira Turma do STF. O ex-presidente é acusado de atentar contra a ordem democrática.
Contexto dos protestos
As redes sociais refletiram as ruas. No 7 de Setembro, manifestações ocorreram em várias capitais. Em Brasília, cerca de 30 mil pessoas, segundo organizadores, se reuniram em ato pró-Bolsonaro pedindo anistia ampla e impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
A esquerda se concentrou no Grito dos Excluídos, na Praça Zumbi dos Palmares, defendendo soberania nacional e criticando a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro.
Em São Paulo, o desfile cívico no Anhembi contou com presença de autoridades como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Já os protestos se dividiram: a esquerda ergueu bonecos de Bolsonaro vestido de presidiário e criticou a influência dos EUA, enquanto a direita marcou ato na Avenida Paulista com Michelle Bolsonaro, Nikolas Ferreira e Silas Malafaia.
No Rio de Janeiro, Copacabana foi palco de manifestações com milhares de pessoas pedindo liberdade para Bolsonaro e criticando o STF, enquanto grupos de esquerda protestaram contra a anistia.
Bolsonaro x Lula
O estudo ainda detalhou a distribuição geográfica das menções no ambiente digital. Entre os perfis alinhados a Jair Bolsonaro, São Paulo liderou com 7,9% das interações, seguido por Rio de Janeiro (7,6%) e Belo Horizonte (3,1%).
Outras capitais como Goiânia, Curitiba, Brasília e Fortaleza também apareceram no ranking da direita, revelando o peso do Sudeste e de parte do Centro-Oeste na mobilização bolsonarista.
No campo lulista, São Paulo novamente apareceu em primeiro, mas com maior representatividade (9,5%). O Rio de Janeiro (6,0%) e Salvador (4,0%) completaram o pódio, enquanto Recife, Fortaleza e João Pessoa também figuraram entre as dez cidades mais engajadas.
Outro ponto relevante foi o Índice de Força Regional (IFR). Enquanto Bolsonaro manteve seu reduto no Sudeste, Lula apresentou distribuição mais equilibrada, com desempenho expressivo no Nordeste.
Essa diferença regional se refletiu também no Índice de Diversidade Narrativa (IDN): os apoiadores do presidente apostaram em discursos ligados a soberania, povo e democracia, enquanto os bolsonaristas centralizaram a narrativa em torno de anistia, críticas ao STF e defesa da liberdade.
