Agências Câmara e Senado e Secom-MT
O prefeito Abílio, o vice Pivetta e o senador Wellington: xadrez eleitoral para 2026 divide lideranças da direita bolsonarista em Mato Grosso
A cada dia que passa, o cerco se fecha cada vez mais para o senador Wellington Fagundes, pré-candidato ao Governo do Estado pelo Partido Liberal (PL), que, mesmo sendo favorito na cúpula nacional da legenda, já não vê resultados em suas ações, no âmbito regional.
Principalmente, quando tem conspirando contra si algumas das principais lideranças do Estado, que se manifestam favoráveis à pré-candidatura do vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), bem como ao governador Mauro Mendes (União) e ao deputado federal José Medeiros, que miram o Senado.
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“Acabaram-se os dedos das mãos e dos pés, se formos contar quantas vezes o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), se reuniu com Pivetta”, disse um dos mais influentes membros do PL de Matoi Grsso, que pediu para não ser identificado, já que vê o partido se esfacelando em nível nacional por causa do condenado ex-presidente Jair Bolsonaro e completamente sem comando em Mato Grosso.
Nesta segunda-feira (22), o vice-governador Otaviano Pivetta voltou à Prefeitura de Cuiabá, para entregar maquinários e equipamentos agrícolas voltados ao fortalecimento da Agricultura Familiar.
Segundo a Secretaria de Comunicação Social (Secom), a iniciativa reforça “o compromisso da gestão municipal e do Governo do Estado em incentivar a produção rural, garantir melhores condições de trabalho aos pequenos produtores e ampliar o abastecimento de alimentos para a população cuiabana”.
Mas, a relação de ambos vai muito além do caráter institucional, a ponto de avolumarem-se críticas de Abílio à Educação Pública, só porque ele foi obrigado a pagar 1/3 de férias sobre 45 dias, e não apenas em cima de 30 dias, como acontece com qualquer trabalhador comum. Professores têm regras especiais. Valeu, até mesmo, a defesa do vice-governador, admitindo que o setor deficiente, “apesar de Mato Grosso ter melhorado em muitos seus números”.
Na prática, o vice-governador buscou atalhos para não deixar o Governo do qual faz parte com dúvidas quanto a sua atuação, pois a Educação do Estado é comandada por Pivetta e seus indicados.
Vale até registrar que o atual secretário de Educação de Cuiabá, Amauri Monge, era adjutno da Secretaria de Estado da Educação e foi “importado” do Paraná pelo próprio Pivetta.
A simbiose entre ambos é tamanha que Abílio, questionado sobre a suporte financeiro e estrutural do Governo do Estado no tocante ao passe livre estudanti,l que consome mais de R$ 25 milhões/mês dos cofres municipais e que atende mais alunos da rede pública estadual do que das redes públicas municipal e federal, além de alunos da rede particular, preferiu assumir que o ônus da conta é do Município de Cuiabá, conforme está previsto em lei. Neste caso, ele fez um mea culpa.
Vale registrar que o questionamento feito pelo DIÁRIO ao prefeito foi com base na reclamação do hoje secretário municipal (na época, vereador) Felipe Corrêa (PL), de que a parte mais onerosa do passe livre estudantil recai sobre os cofres da gestão municipal, quando o maior número de alunos transportados é do Estado.
Mas, nem isto sensibilizou Abílio, que, quando não tem argumentos para responder aos questionamentos, apela e coloca a culpa no PT ou no Governo Lula, ao declarar que Cuiabá não recebe auxilio do Governo Federal para transporte de alunos, como acontece com a esmagadora maioria dos 27 Estados do Brasil e dos 5.700 municípios do país – inclusive, Mato Grosso.
O Portal Transparência de Cuiabá desmente o prefeito Abílio Brunini, ao informar que foram recebidos, por meio do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar ( PNATE), R$ 206.227,04, creditados em conta corrente municipal e que representam 69,87% do total previsto para ser repassado pelo Ministério da Educação para Cuiabá em 2025, que soma R$ 295.145,00.
Aliás, quando questionado sobre a pré-candidatura do senador Wellington Fagundes ao Governo, diz que se trata de “uma boa iniciativa”. Mas, quando a questão envolve Otaviano Pivetta, os elogios ganham destaque: “É um ótimo nome”. Isso ele não se cansa de repetir, se preocupando em defender a suposta decisão do condenado Jair Bolsonaro pelas candidaturas Mauro Mendes e José Medeiros ao Senado.
A relação é tão escancarada que o mesmo acontece com a prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), e de Rondonópolis, Cláudio Ferreira (PL), que, somados, tiveram o apoio de 31,32% do eleitorado de Mato Grosso, segundo as últimas estatísticas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT).
O prefeito de Cuiabá chegou a informar, durante sua rotineira presença na Câmara Municipal,que está sendo agendado um evento, com a presença de dois filhos de Jair Bolsonaro em Mato Grosso para “validar” o apoio do pai a Mauro e Medeiros.
Como o (ainda) deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está “foragido” nos Estados Unidos, restaram por aqui o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) – que está em final de mandato, portanto, vai ter que correr atrás da reeleição – e os vereadores Carlos Bolsonaro (Pl0RJ), em seu sétimo mandato, e Jair Renan (PL-SC), que se elegeu, pela primeira vez, em 2024, em Balneário Camboriú, como o mais votado, com 3.033 votos, utilizando, o nome Jair Bolsonaro.
Novamente quanto questionado sobre candidatura ao Governo do Estado, Abílio desconversa e, como adora dizer que seus críticos “criam narrativas”, ele passa a criar narrativas de que, ao seu tempo, as coisas serão resolvidas, pois as eleições estão distantes, mesmo as eleições para o Senado acontecerem na mesma data que para o Governo do Estado.
É óbvio que a consolidação das candidaturas de Mauro Mendes e José Medeiros, para as duas vagas ao Senado, em 2026, recaem indiretamente na candidatura de Otaviano Pivetta ao Governo do Estado de Mato Grosso. Afinal, a partir do momento em que o governador for obrigado por lei ( já que, por vontade própria, ele não sairia) a se desincompatibilizar cargo, fato que coloca o vice na principal cadeira do Palácio Paiaguás como chefe do Poder Executivo e com todas as prerrogativas que o cargo e a caneta lhe conferem, sua pretensão em disputar a sucessão ganha novos e importantes componentes. E uma forma que pode-se dizer até desproporcional em relação aos demais postulantes ao cargo.
Na semana passada, quem esteve com o vice-governador foi o deputado federal José Medeiros, acompanhado de um punhado de prefeitos, que, segundo o parlamentar, por estarem no início do mandato, necessitam se aproximar do Governo do Estado de Mato Grosso, “para criar uma relação mais profícua e voltada para atender às demandas dos municípios e de sua gente”.
Foram ao Palácio Paiaguás se reunir com o vice-governador, com ou sem o apoio do PL, os prefeitos Sérgio Machnic (Primavera do Leste), Jakson Francisco Bassi (Pontes e Lacerda) e Levi Ribeiro (São José do Rio Claro). Além de vereadores e secretários, em outra clara demonstração de que as hordas liberais caminham muito mais no sentido de apoiar e ser apoiado por Mauro, Otaviano Pivetta e seu grupo do que por uma eventual coligação entre o PL e o MDB.
Vale registrar, ainda, que o anúncio de uma possível composição do PL com MDB da deputada Janaina Riva – que vem a ser nora de Wellington Fagundes – não poderia ter sido uma melhor estratégia para que o prefeito Abílio Brunini abrisse a caixa de ferramentas para vociferar contra essa possibilidade.
Ele condenou essa hipótese de aliança e deixou que claro que quer distância do MDB. “Alimentar” o MDB em 2026, pela suaótica, é criar adversários contra ele mesmo, em 2028, em Cuiabá, contra Flávia Moretti, em Várzea Grande, contra Cláudio Ferreira, em Rondonópolis ,entre outros prefeitos do PL de Mato Grosso.
Parece não haver mais dúvida de que Abílio vai caminhar com Pivetta, Mauro e Medeiros em 2026.





