O Ibovespa emplacou uma sequência rara de doze altas consecutivas, até o final do pregão da véspera (6/11), acumulando valorização de 6,42% nesse período e renovando sua máxima histórica na região dos 154.352 pontos.
Com isso, o principal índice da B3 passa a acumular mais de 27% de alta em 2025, movimento amparado por fluxo comprador consistente e melhora no apetite global por risco. O rompimento da marca simbólica dos 150 mil pontos reforçou a estrutura de alta no médio prazo.
Contudo, o rali recente elevou o afastamento do preço em relação às médias móveis e levou o Índice de Força Relativa (IFR 14) aos 79,30 pontos, indicando região de sobrecompra.
Esse cenário aumenta a probabilidade de realizações ou ajustes técnicos de curto prazo antes de novas tentativas de renovação de topo.
Destaques do período: quem liderou a alta e quem ficou para trás
Durante o rali de doze altas consecutivas do Ibovespa, 14 ações do índice subiram mais de 10%, entre os dias 22/10 e 6/11. O movimento foi liderado principalmente por companhias dos setores de energia, construção civil e financeiro, que concentraram boa parte do fluxo comprador.
Entre elas, o maior avanço ficou com ENEV3, com alta de 16,06% no período, seguida por ganhos relevantes em MRVE3, VAMO3, COGN3 e RDOR3. Mais abaixo confira a lista completa.
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O desempenho positivo também se estendeu para bancos e empresas industriais, com papéis como SANB11, BBAS3 e WEGE3 entre os destaques.
Na direção oposta, algumas ações destoaram da tendência predominante. A maior queda foi de POMO4, que recuou 22,03%, acompanhada de retrações em RAIZ4, BEEF3, MGLU3 e CEAB3.
Neste grupo, o que se observa é maior exposição a margens comprimidas, competição mais acirrada ou setores ainda sensíveis ao consumo e à renda.
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No topo da lista está Eneva (ENEV3), que, segundo relatório do Itaú BBA, deve apresentar um trimestre sólido, favorecida pelo aumento do despacho térmico no 3T25 e pela incorporação das usinas térmicas adquiridas do BTG. A empresa divulga seus resultados no dia 11 de novembro, após o fechamento do mercado.
A prévia operacional indica despacho médio total em 33%, com destaque para o Complexo Parnaíba, que atingiu 74% no período. Por outro lado, a usina Futura deve novamente ter desempenho mais fraco, afetada por modulação de despacho e pela diferença de preços entre submercados, com cerca de 31% da geração total reduzida.
No consolidado financeiro, o Itaú BBA projeta EBITDA robusto, com alta próxima de 60% ano contra ano, sustentado pelo maior nível de operação e pela ampliação da base de ativos térmicos.
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O banco mantém recomendação Outperform (desempenho acima do mercado) para ENEV3, com preço-alvo de R$ 16,50, destacando que a companhia segue bem posicionada no segmento de gás e geração térmica, com previsibilidade de receita e potencial de expansão no médio prazo.
Análise técnica da Eneva (ENEV3)

A Eneva acumula alta de 79,11% em 2025, sustentando uma trajetória consistente de valorização ao longo dos últimos meses. Recentemente, o papel renovou a máxima do ano na região dos R$ 19,20, que agora se torna uma resistência relevante — seu rompimento pode abrir espaço para a continuidade do movimento de alta no curto prazo.
O ativo segue acima das médias móveis, indicando força compradora predominante. Entretanto, há afastamento considerável das médias, sugerindo possível movimento de correção ou acomodação dos preços. O IFR (14) em 74,24 aponta condição de sobrecompra, reforçando esse cenário de eventual ajuste no curtíssimo prazo.
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Ainda assim, a tendência principal segue positiva, e o papel pode dar sequência ao movimento ascendente após eventuais correções técnicas.
Resistências: R$ 19,20 (máxima do ano), R$ 19,50, R$ 19,88, R$ 20,77, R$ 21,18, R$ 21,59 (alvo mais longo)
Suportes: R$ 18,33, R$ 17,47, R$ 17,00, R$ 16,30, R$ 16,00, R$ 14,83.
Marcopolo (POMO4)
Na ponta inversa, a Marcopolo (POMO4) passou a ser pressionada após a divulgação do balanço do 3T25, acumulando queda mesmo com o Ibovespa em alta.
Segundo o JPMorgan, a reação negativa decorre da frustração com a receita e da preocupação com os efeitos do profit warning da NFI, empresa canadense na qual a Marcopolo detém 8,1%.
A NFI relatou atrasos nas entregas e uma provisão significativa relacionada a recall de baterias, o que pode impactar os resultados consolidados da Marcopolo e manter o investidor mais cauteloso no curto prazo.
Ainda assim, o JPMorgan avalia que o case segue atrativo, apoiado na geração de caixa sólida, margem bruta estável em torno de 25% e potencial de dividendos relevantes. A casa projeta dividend yield entre 8% e 12% em 2026, dependendo do payout.
Tanto o JPMorgan quanto o Itaú BBA mantêm recomendação de compra para POMO4, com preço-alvo de R$ 12, destacando possíveis catalisadores, como nova rodada do Caminho da Escola, demanda externa mais forte, entregas ao Ministério da Saúde e a possibilidade de dividendo extraordinário.
Análise técnica da Marcopolo (POMO4)

Do ponto de vista técnico, a Marcopolo opera em um cenário mais sensível no curto prazo. Após atingir a região de topo histórico em R$ 9,92, o ativo iniciou um movimento de correção mais forte, devolvendo parte relevante das altas acumuladas ao longo do ano. Atualmente, negocia próximo da estabilidade em 2025, porém dentro de uma trajetória de queda no curto prazo.
O ativo está abaixo das médias móveis de 9, 21 e 200 períodos, evidenciando predominância da força vendedora. O IFR (14) em 22,37 indica zona de sobrevenda, o que pode favorecer um repique técnico — mas esse movimento, se ocorrer, tende a ser pontual, já que a tendência principal segue sendo de baixa.
Pelo gráfico diário, o ativo tende a ganhar fôlego vendedor caso perca o suporte na região dos R$ 6,87 — rompimento desse nível pode abrir espaço para novas mínimas.
Resistências: R$ 7,28, R$ 7,58, R$ 7,79, R$ 8,35, R$ 8,99, R$ 9,57,
Suportes: R$ 6,87, R$ 6,59, R$ 6,42, R$ 5,81, R$ 5,64.
(Rodrigo Paz é analista técnico)
Confira o desempenho completo das ações:
Fonte: Economática; período de 22/10 e 6/11
ENEV3: 16,06%
MRVE3: 14,91%
VAMO3: 14,52%
COGN3: 14,33%
RDOR3: 14,20%
SANB11: 14,12%
BBAS3: 11,30%
WEGE3: 10,69%
IRBR3: 10,50%
TAEE11: 10,28%
DIRR3: 10,22%
RENT3: 10,17%
MBRF3: 10,16%
AZZA3: 10,03%
CURY3: 9,89%
BRAP4: 9,60%
CVCB3: 9,52%
ISAE4: 9,50%
TOTS3: 9,47%
PRIO3: 9,42%
USIM5: 9,27%
CMIG4: 9,01%
EGIE3: 8,14%
ALOS3: 8,11%
CYRE3: 7,87%
HYPE3: 7,81%
MOTV3: 7,79%
EQTL3: 7,75%
VALE3: 7,73%
VIVA3: 7,72%
BBSE3: 7,27%
UGPA3: 7,22%
BPAC11: 7,12%
RADL3: 7,05%
ABEV3: 7,04%
NATU3: 6,98%
CPLE6: 6,92%
ITSA4: 6,47%
VBBR3: 6,33%
ELET6: 6,24%
B3SA3: 6,24%
IGTI11: 6,23%
ITUB4: 6,21%
KLBN11: 6,12%
AURE3: 6,09%
CPFE3: 6,08%
ELET3: 5,95%
ENGI11: 5,65%
YDUQ3: 5,56%
PSSA3: 5,51%
GOAU4: 5,42%
BBDC4: 5,40%
BBDC3: 5,26%
GGBR4: 5,19%
PETR4: 5,08%
SBSP3: 4,75%
PETR3: 4,71%
TIMS3: 4,08%
PCAR3: 3,63%
ASAI3: 3,54%
MULT3: 3,53%
CXSE3: 3,46%
CMIN3: 2,99%
SUZB3: 2,46%
RECV3: 2,12%
VIVT3: 1,92%
FLRY3: 1,68%
SLCE3: 1,64%
CSAN3: 1,16%
BRAV3: 0,99%
RAIL3: 0,32%
LREN3: -0,48%
EMBJ3: -0,49%
CSNA3: -1,73%
BRKM5: -2,15%
SMFT3: -3,30%
HAPV3: -3,89%
CEAB3: -4,26%
MGLU3: -4,43%
BEEF3: -6,28%
RAIZ4: -7,29%
POMO4: -22,03%
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