Início GERAL Líderes se desentendem. Divergência é caminhar ou não com o PL

Líderes se desentendem. Divergência é caminhar ou não com o PL


Mayke Toscano/Secom

O senador Jayme Campos discursa, ao lado do governador Mauro Mendes, durante inauguração de asfalto, no Sul de Mato Grosso

Um verdadeiro jogo de empurra, até porque ainda não existem possíveis definições em relação às disputas eleitorais de 2026, tanto em nível de Mato Grosso, como em nível de Brasil, no União Brasil em Mato Grosso..

Mesmo estando a 16 meses das eleições gerais, as articulações acontecem a todo vapor, mas, nos bastidores, ninguém assume, primeiro com receio de um desgaste prematuro perante o eleitorado; depois, para não encarecer o custo político e partidário das definições prematuras.

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O União marcou para segunda-feira (2), na sede do partido, um encontro de líderes, mas a reunião foi esvaziada com a presença de poucos líderes. Alguns chegaram atrasados.

“É necessária uma grande, gigantesca engenharia, para se conseguir compor todas as forças políticas dentro de um partido. Imagine com novos aliados, seja por meio de federação, seja de de coligações”, disse um dos presentes à reunião, admitindo o desconforto dentro da sigla pela indefinição quanto a futuras coligações e com quais partidos.

E. ainda mais, se o governador Mauro Mendes será ou não candidato a uma das duas vagas para o Senado da República, pois é voz corrente que dificilmente seria possível se eleger o governador e dois senadores, em uma disputa que promete ser das mais acirradas dos últimos anos.

Nas eleições de 2018, Mauro Mendes foi eleito o governador e Jayme Campos, senador pelo então Democrata, hoje União Brasil. A segunda vaga em disputa e que tinha Carlos Fávaro (PSD) como segundo candidato ao Senado, ficou de fora, com a eleição de Selma Arruda (PL), ex-juíza, que, antes de completar dois anos, teve seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral.

Nas eleições municipais de 2020, além de prefeitos e vereadores, foi realizada uma eleição suplementar para senador, quando Fávaro foi eleito. Ele já ocupava a vaga deixada por Selma Arruda, por meio de uma decisão precária do Supremo Tribunal Federal, mais precisamente do ministro Dias Toffoli.

Mesmo com todo mundo colocando panos quentes para evitar maiores problemas para o União Brasil, que se uniu ao Partido Progressista, na Federação União Progressista, o  pano de fundo é se o grupo, como deseja Mauro Mendes (que trata o assunto nos bastidores), vai caminhar ou não com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mauro fez das tripas coração para estar no PL ou, no mínimo, filiar seu vice, Otaviano Pivetta (Republicanos) na sigla, mas foi vetado pelo presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, que até assimilou as possíveis filiações atendendo ao pedido do ex-presidente Bolsonaro, mas com o alerta de que os nomes para o Governo e o Senado estavam definidos como sendo o senador Wellington Fagundes e o deputado federal José Medeiros.

O PL, com efeito, já tem pré-candidato a governador Wellington Fagundes, favorecido por ainda estar na metade do seu segundo mandato de senador, mas também enfrenta resistência dentro da própria sigla e entre os mais próximos de Bolsonaro, que veem o parlamentar como uma peça “fora da curva”.

Guardadas as devidas importâncias e realidades, em cada Estado, necessariamente, as eleições têm que ter um carro-chefe, no caso a disputa presidencial, um candidato viável pois o Brasil hoje está polarizado entre extrema-direita e esquerda, o que não interfere nas definições nos estados.

Mauro Mendes, mesmo comparecendo apenas para o jantar, protelou sua presença na reunião para evitar cobranças e definições, já que é público que ele tem preferência pelo nome de Otaviano Pivetta para sucedê-lo. Fora isto, se disputar uma vaga para o Senado, o governador terá que compor com o senador Jayme Campos, que se considera candidato natural, e começar uma disputa eleitoral com crise dentro do próprio partido e ter pontos a menos nas eleições. A difícil relação do governador e do senador é de domínio público.

Quanto a Otaviano Pivetta, ele tem, até este momento, dificuldades em construir pontes e apoios político-partidários, quadro que pode mudar caso Mauro Mendes se desincompatibilize para disputar uma vaga para o Senado e entregue a força política do Poder Executivo nas mãos do vice-governador.

É inegável que disputar uma reeleição na condição de governador do Estado impõe uma enorme desigualdade em relação aos demais candidatos.

Enquanto Mauro Mendes protela sua decisão – até porque, os prazos eleitorais o favorecem até final de março de 2026 -, os demais líderes do União Brasil, como o senador Jayme Campos, os deputados estaduais Dilmar Dal`Bosco, Eduardo Botelho, Júlio Campos e os federais Gisela Simona e Coronel Assis, pressionam por definições, já que, dependendo do caminho a ser adotado pela federação União Progressista em Mato Grosso, muitos podem aproveitar a janela a ser aberta pela regra eleitoral e trocar de sigla.

Todo o imbróglio é que o União Brasil está muito mais para uma sigla com divergências internas, que começam a se tornar insuperáveis, quanto ao seu futuro e de seus principais líderes e que, dependendo da disputa eleitoral de 2026, pode ser fundamental, pois “existe uma enorme diferença em disputar uma eleição com todos caminhando em busca de um mesmo objetivo, ao invés de objetivos individuais”, como um dos líderes partidários do grupo.

O ex-senador Cidinho Santos – hoje, o progressista mais interessado em uma eventual disputa eleitoral, independentemente de sua participação, direta ou não – também chegou atrasado ao encontro, mas considerou que ela foi positiva, pois ambos os partidos puderam iniciar as tratativas em relação às disputas proporcionais, sejam elas para 8 ou 10 vagas na Câmara Federal e 24 ou 30 vagas na Assembleia Legislativa.

O número de vagas que estarão em disputa em 2026 na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa depende de ser concretizada a apreciação do Projeto de Lei Complementar, já aprovado pelos deputados federais, que alterou, seguindo entendimento do Supremo Tribunal Federal.

Com base em dados do Censo Demográfico do IBGE, de 2022/2023, e atendendo uma Reclamação Constitucional do Estado do Pará, em Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO), apontou para o crescimento populacional em diversos estados, entre eles Mato Grosso, o que, segundo a Constituição Federal, exigiria um redimensionamento na representatividade por Estado na Câmara dos Deputados que representa o povo.

Já o Senado, que representa o Estado, o número é o mesmo para todos: três parlamentares.

O problema é que uma parte considerável dos atuais deputados federais acolheu a determinação do STFl, mas sem remanejamento. Ou seja, em vez de manter os atuais 513 deputados federais, preferiu ampliou o número total para 531, ou seja, mais 18 deputados e redimensionaram as bancadas. A exceção é São Paulo que, pela legislação, já dispõe do máximo previsto pela Constituição Federal – 70 deputados federais e 94 deputados estaduais.

É importante fazer estes esclarecimentos, pois o número de deputados federais eleitos assegura a partilha, para os partidos ou federações, do Fundo Partidário e dos horários e tempos de rádio e televisão, atributos essenciais para aqueles que disputam as eleições principalmente majoritárias, pois todos estes benefícios se somam e ampliam o poder de barganha e de conquista de aliados.

O líder do Governo na Assembleia Legislativa, Dilmar Dal’Bosco, assinalou que problemas de agendas, tanto do chefe do Executivo como do senador, acabaram causando o desencontro de Mauro Mendes e Jayme Campos, mas foram iniciadas tratativas visando àss disputas proporcionais.

Para ele, “é natural que algumas decisões saiam com mais facilidades (chapas proporcionais) do que outras que exigem uma maior discussão e definição (majoritárias).

Já o senador Jayme Campos manteve sua postura em não demonstrar apego a cargos, tanto que já desistiu de uma reeleição considerada como certa, em 2014, quando iria disputar um novo mandato de senador, o que só aconteceu quatro anos após, em 2018.

A diferença é que, em 2014, Jayme iria disputar a reeleição de senador no exercício do mandato e, em 2018, disputou e ganhou, sem estar no mandato.

Em tom enigmático, Jayme Campos avisou que não aceita ser vendido ou entregue como presente e manifestou que ainda é cedo para se fazer definições, pois o momento é de os políticos irem ao encontro do eleitorado, para sentir qual é sua a avaliação deles.

“Cada um sabe o que realizou em prol de Mato Grosso e de sua gente. A partir deste trabalho é que a população, o eleitorado irá fazer suas escolhas e disparou: É só colocar uma pesquisa e mensurar, para saber que sou bem avaliado para qualquer disputa. Agora, o momento, por enquanto, é de discussão interna e definição de acordos partidários”, disse o senador.

Independente, Júlio Campos reforçou ser ilógico a federação União Progressista, que tem nomes para todos cargos em disputa, abrir mão de disputas próprias em prol de coligações, condição essa só cabível se, na outra sigla aliada, se tenham nomes em melhores condições em disputar os cargos majoritários.

“Temos o governador Mauro Mendes como candidato a senador da República e o senador Jayme Campos, como candidato a governador. Isto nos coloca em uma situação privilegiada de poder disputar as eleições com os melhores nomes e em condição de vitória. Eleição é para ser disputada e conhecer a vontade da população, e é isto que a União Progressista deve decidir e colocar em prática. Pois, a meu ver, não vejo como abrir mão de uma disputa por uma coligação, seja ela com o PL ou com qualquer outra sigla”, assinalou o deputado, que é 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa.





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