Divulgação/Secom-MT e Agência Câmara
O fazendeiro Antonio Galvan lucra com a briga entre o governador Mauro Mendes e o deputado Eduardo Bolsonaro: deve ter o apoio do PL para disputar o Senado
A crise aberta pelo que seria falta de habilidade política do governador Mauro Mendes (União), ao fazer duras críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), está ganhando novos contornos e com possíveis consequências nas eleições de 2026.
Vale lembrar que o filho 03 de Jair Bolsonaro (PL) retrucou com muita veemência e não parou de disparar nos últimos dias – inclusive, tachando o governador mato-grossense de “político estelionatário”, entre outros termos chulos.
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Apesar de uma decisão final depender do ex-presidente – que, por uma série de medidas restritivas de direito, não tem acesso às mídias sociais e só pode receber visitas após autorização do STF -, seus filhos, indignados com a postura de Mauro Mendes, sinalizaram por não mais apoiarem o governador, que tem indicado disposição para uma candidatura ao Senado, no ano que vem.
Durante eventos no Parque Novo Mato Grosso, relacionados à disputa da Stock Car, nos últimos dias, Mauro Mendes tentou minimizar a crise entre ele e Eduardo Bolsonaro. Mas baixou o tom ao dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabe o que ele fez em prol da direita. E voltou a cutucar Eduardo, ao dizer que a postura do deputado vai contra a própria direita e fortalece o discurso da esquerda, liderada pelo presidente Lula (PT).
Recentemente, foi vazado na imprensa – depois, confirmado pelo presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto -, que o ex-presidente e a ex-primeira-dama, Michele Bolsonaro, teriam manifestado apoio às candidaturas de Mauro Mendes e do deputado federal José Medeiros (PL) às duas vagas no Senado por Mato Grosso.
Mas, essa foi a única manifestação, sem qualquer confirmação, até mesmo pelo fato de, eleitoralmente, não ser possível se fazer campanha eleitoral antecipada. Ou seja, antes do que está estabelecido no calendário eleitoral, sobretudo, antes das convenções partidárias, que se realizam entre 20 de julho e 5 de agosto.
Hoje, essas vagas no Senado são ocupadas por Jayme Campos (União), que manifesta interesse em disputar a reeleição ou o Governo do Estado, e por Carlos Fávaro (PSD), ministro da Agricultura do Governo Lula (José Lacerda, segundo suplente do PSD, está no exercício do mandato).
O problema é que a manifestação de Bolsonaro em favor de Mauro e Medeiros está se tornando uma “lenda”, já que ninguém o ouviu colocar publicamente esse sentimento. E, até mesmo, dentro do PL, há dúvidas quanto a esse quadro, como declarado pelo deputado estadual Gilberto Cattani (PL), considerado bolsonarista-raiz, que defende as candidaturas de José Medeiros e Antonio Galvan como “legítimos representantes da direita em Mato Grosso”.
Há fortes sinais de uma mudança de rumo no apoio para as duas vagas ao Senado por Mato Grosso. Interlocutores do clã Bolsonaro, por sinal, já teriam conversado com o empresário e ex-presidente da Aprosoja Nacional, Antonio Galvan, que, em 2022, disputou a vaga para o Senado e obteve mais de 25% dos votos validos, somando 337.003 votos, sendo o segundo mais votado.
Em 2022, foi reeleito senador Wellington Fagundes (PL), que estava na chapa encabeçada justamente por Mauro Mendes, que articulou, nos últimos meses, para ser o nome de Jair Bolsonaro e, por consequência, da direita em Mato Grosso, nas eleições do ano que vem.
O problema é que, quando questionado em relação às posições adotadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, que se considera um exilado nos Estados Unidos – mas, na realidade, está mais para fugitivo -, Mauro Mendes desferiu duras criticas à postura do parlamentar, o que provocou uma reação violenta por parte do próprio Eduardo e, nos últimos dias, de vários setores da direita e da extrema-direita.
Antonio Galvan, que foi preterido no PL e teve que se filiar à Democracia Cristã (DC), não confirma, mas também não desmente que foi procurado pelo clã bolsonarista. No entanto, não deixa de se colocar como a “face verdadeira” da direita no Estado, que, nas últimas eleições, deu demonstrações claras e no voto da preferência por Jair Bolsonaro e pelo segmento que ele representa.
Uma eventual ruptura com oPL complicaria a disputa tanto para o governador Mauro Mendes como para seu candidato a governador, o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), que, mais recentemente, também teria recebido a sinalização de um possível apoio político de Jair Bolsonaro.
Mauro Mendes tentou, sem sucesso, levar Otaviano Pivetta para o PL, o que facilitaria sua intenção de assegurar apoio à candidatura ao Senado, bem como, garantir apoio para o vice disputar a sucessão para o Governo de Mato Grosso, formando uma chapa altamente competitiva.
Sem conseguir emplacar seu vice no PL, Mauro passou, então, a costurar o apoio de Bolsonaro, até que as manifestações públicas começaram a surgir, mas elas começam a se tornar públicas juntamente como julgamento do ex-presidente e sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado. Ele já inelegível até 2030 por decisão do TSE, por abuso do poder econômico.
Essa condição judicial de Bolsonaro piorou com as proibições de manifestação em mídias sociais e, posteriormente, com a saída de Eduardo Bolsonaro do país, alegando perseguição política..
Com Bolsonaro limitado em sua manifestação, Eduardo foi para os EUA e começou a delinear um movimento pela anistia.
O problema é que o PL já tinha candidato definido em Mato Grosso: Wellington Fagundes, que sempre pertenceu ao PL, mas não é bem visto pela ala considerada mais radical, a extrema-direita. Como os prefeitos de Cuiabá, Abílio Brunini; de Várzea Grande, Flávia Morett; e de Rondonópolis, Cláudio Ferreira, que venceram as eleições de 2024, nos três principais colégios eleitorais de Mato Grosso.
Os radicais da extrema-direita precisavam de um motivo para desembarcarem do projeto de Wellington para o Governo do Estado e aproveitaram o fato de que o senador é sogro da deputada estadual Janaína Riva, presidente regiona do MDB e pré-candidata ao Senado, adversária de Mauro Mendes e seus seguidores.
Alegando que Janaina e seu partido não se combinam com as políticas defendidas pela direita, o prefeito Abílio Brunini foi o primeiro a se colocar contra uma eventual coligação com o MDB, lembrando que o partido terá os principais candidatos nas eleições municipais de 2028 em Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis. Portanto, apoiar o MDB agora seria trabalhar contra o próprio PL no futuro.
A reclamação colou e as articulações de bastidores (lembrando que ninguém ouviu ou viu uma declaração pública de Jair Bolsonaro) acabaram por anunciar que o PL caminharia em 2026 tanto com Mauro Mendes, Otaviano Pivetta e José Medeiros.
O problema é que, pelo visto, este acordo não durou, em meio à disputa de vaidades e trocas de acusações entre o governador Mauro Mendes o deputado Eduardo Bolsonaro, conhecido como Zero Três.
Flávio Bolsonaro, senador pelo Rio de Janeiro, é o Zero Um. Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio – e, até este momento, pré-candidato a Senador por Santa Catarina – é o Zero Dois. Eduardo Bolsonaro é o Zero Três.
Jair Renan, filho mais novo de Bolsonaro, que se tornou vereador por Balneário Camburiú (SC), é o Zero Quatro, O ex-presidente ainda tem uma filha, Laura, com Michele Bolsonaro.
No fim de semana, os principais articuladores da direita tentaram em vão apaziguar os ânimos entre Eduardo Bolsonaro e Mauro Mendes.
O deputado teria se mostrado irredutível e reafirmado o compromisso de trabalhar por candidatos do PL, o que coloca novamente em cena Wellington Fagundes, deixando de lado Mauro e Pivetta,
A propósito, Mauro Mendes, que vinha navegando em águas calmas, sem aparentemente ter adversários, conseguiu, nos últimos meses, desidratar a unidade dentro do União Brasil e d a Federação União Progressista, que corre o risco de naufragar, já que está rachada. Ainda por cima, arrumou crise com os novos aliados do PL, o que demonstra que o processo eleitoral está longe de ser decidido e muita coisa para acontecer até outubro de 2026.





