A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgou durante esta semana suas projeções para 2026, prevendo um crescimento de 2% anualmente na produção nacional de frango e de 3% na de carne suína.
Esses números estão em grande parte alinhados com a demanda – o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostra que a demanda global por frango e carne suína tem crescido 1% ao ano nos últimos três anos. Para os analistas do Goldman Sachs, isso reforçou a sua visão de um equilíbrio saudável entre oferta e demanda, pelo menos nos próximos seis meses.
O debate entre investidores tem se concentrado em um possível ponto de inflexão no ciclo global do frango, com dados recentes indicando uma aceleração na alocação de matrizes nos EUA e no Brasil.
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“No entanto, as restrições de capacidade, a menor taxa de eclosão estrutural e as maiores taxas de mortalidade continuam a impactar negativamente a produtividade e estão levando a uma certa racionalização da oferta”, avalia o Goldman.
As preocupações com o potencial excesso de oferta no Brasil se intensificaram após a Seara anunciar esta semana investimentos de R$ 475 milhões em suas operações de frango, como parte de um programa público mais amplo de até R$ 1 bilhão, apoiado pelo governo do Paraná, para fortalecer o setor. O banco estima que esses investimentos possam adicionar, no total, de 25 a 95 pontos-base (ou 0,25 a 0,95 ponto percentual) à capacidade nacional, mas com uma implementação que levaria mais de um ano para ser concluída.
O banco coloca na conta uma deterioração gradual da rentabilidade em seu modelos para a BRF e a Seara daqui para frente – prevendo quedas de 110 e 240 pontos-base a/a em 2026, respectivamente, consistentes com uma queda de 150 pontos-base nos preços das commodities.
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“Mesmo assim, continuamos acreditando que a forte demanda e alguma redução no consumo de carne bovina podem sustentar uma rentabilidade acima da média e um sólido fluxo de caixa livre”, avalia.
O banco acredita que o segmento de frango oferece uma relação risco-retorno atraente até 2026 e reitera recomendação de compra para as ações da MBRF (MBRF3) e para as ações da JBS negociadas em Nova York. O preço-alvo para MBRF é de R$ 27,70 e para JBS é de US$ 18,50, sendo de R$ 99 para os BDRs (recibo de ações negociados na B3) JBSS32.
Em relatório, o Bank of America (BofA) destacou ainda que os últimos ventos comerciais podem favorecer o setor de proteínas brasileiro.
O banco cita que os EUA removeram as tarifas de 50% sobre a carne bovina brasileira. “Esperamos que as exportações para os EUA se recuperem e que os frigoríficos brasileiros se beneficiem”, apontem.
Além disso, a Tyson também anunciou o fechamento de uma unidade, reduzindo em 8% a capacidade de abate nos EUA, sinalizando disciplina no setor e podendo contribuir para a resiliência dos preços da carne bovina em meio ao aumento dos custos. No setor de frango, a China suspendeu a proibição de importação para o Brasil e a União Europeia confirmou o retorno do pre-listing (sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional) para estabelecimentos brasileiros de carne de aves e ovos.
O banco americano continua a ver uma perspectiva mais restrita para a carne bovina nos EUA ao longo de 2026, porém acreditamos que a queda nas margens dos frigoríficos seja limitada. Por outro lado, vê o Brasil como um potencial beneficiário no comércio global de carne bovina.
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“Esperamos que o abate continue forte e que a disponibilidade de animais sustente uma produção de carne bovina que atenda à demanda interna e de exportação, embora possamos observar alguma desaceleração nas margens dos frigoríficos, visto que os preços do gado no Brasil aumentaram e estão em torno de R$ 300/15kg (contra cerca de R$ 200/15kg no primeiro semestre de 2024).
No setor avícola, o banco reforça que a China suspendeu no início de novembro a proibição de importação de frango brasileiro. A proibição estava em vigor desde julho de 2024 devido à doença de Newcastle e aos casos de gripe aviária em 2025. Além disso, a Europa concedeu aprovação prévia para exportadores brasileiros de aves e ovos, abrindo caminho para novas certificações de plantas.
“Esses desenvolvimentos beneficiam os produtores brasileiros por meio de: (1) melhores preços na China, especialmente para miúdos e patas de frango. A China paga, em média, um prêmio de 28% pelo frango brasileiro em comparação com as exportações avícolas em geral; e (2) maior diversificação de mercado para os produtores locais brasileiros, sendo a Europa uma região consumidora chave para carne de frango (10,7 milhões de toneladas previstas para 2025)”, avalia. A recomendação do BofA é de compra para JBS e neutra para MBRF.
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