Início NACIONAL direita se divide sobre “preço” de Flávio e insiste em anistia

direita se divide sobre “preço” de Flávio e insiste em anistia


Após a aprovação do PL da Dosimetria pela Câmara dos Deputados, na madrugada dessa quarta-feira (10/12), a direita brasileira reposicionou o discurso sobre a anistia. Parlamentares do Partido Liberal (PL) e aliados passaram a adotar o lema “vencemos uma batalha, em breve venceremos a guerra”, apresentando a dosimetria como um primeiro passo rumo à anistia “ampla, geral e irrestrita”.

O tom dos discursos indica que a oposição não deve desistir, facilmente, da anistia, mesmo com a eventual aprovação total da dosimetria, e joga dúvidas sobre o tal “preço” mencionado dias antes pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para que ele pudesse desistir da candidatura à Presidência.

Inicialmente, no domingo (7/12), o filho 01 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu a entender que o “preço” seria o pai solto e anistiado. Em seguida, no entanto, ele comemorou o fato de o PL da Dosimetria ter avançado na Câmara, embora a proposta não representasse, necessariamente, a demanda original da direita. “Fico feliz com a decisão e espero que os deputados tomem a melhor escolha sobre essa pauta”, afirmou.

Dosimetria: direita se divide sobre “preço” de Flávio e insiste em anistia - destaque galeria

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fala com a imprensa sobre a canditadura à Presidência da República após culto envagélico
1 de 6

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fala com a imprensa sobre a canditadura à Presidência da República após culto envagélico

VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto

O senador Flávio Bolsonaro (PL) fala com a imprensa após deixar a PF
2 de 6

O senador Flávio Bolsonaro (PL) fala com a imprensa após deixar a PF

Luis Nova/Especial Metrópoles @LuisGustavoNova

Flávio Bolsonaro visitou o pai pela primeira vez após confirmar sua pré-candidatura à Presidência
3 de 6

Flávio Bolsonaro visitou o pai pela primeira vez após confirmar sua pré-candidatura à Presidência

Luis Nova/Metrópoles

Atualmente, Bolsonaro está preso preventivamente em Brasília
4 de 6

Atualmente, Bolsonaro está preso preventivamente em Brasília

Fábio Vieira/Metrópoles

O ex-presidente Jair Bolsonaro
5 de 6

O ex-presidente Jair Bolsonaro

Fábio Vieira/Metrópoles

Jair Bolsonaro
6 de 6

Jair Bolsonaro

Fábio Vieira/Metrópoles

 

O projeto foi aprovado por 291 votos a 148, mas ainda há um caminho longo a percorrer no Senado. Ele estabelece a redução obrigatória no cálculo das penas dos condenados pelos atos de 8 de Janeiro, beneficiando diretamente os condenados pela trama golpista, a exemplo do ex-presidente, que cumpre pena de 27 anos e 3 meses de prisão.

As reações entre integrantes da direita, porém, demonstram que, mesmo que a medida seja aprovada no Senado, ainda não há uma satisfação completa, diante do tema. Flávio não deu sinais, até então, sobre o que decidirá em relação à pré-candidatura anunciada na semana passada, tampouco se o “preço” mencionado por ele está sendo atendido. O avanço da dosimetria, no entanto, só ocorreu após reunião de líderes partidários na residência dele, em Brasília, na segunda-feira (8/12).

O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) saiu em defesa, nessa quarta, da candidatura do correligionário. “O ‘preço’ para Flávio recuar na candidatura era a anistia e não dosimetria. Está mantida a candidatura à Presidência. Agora, mais do que nunca, é Flávio Bolsonaro 2026”, escreveu ele em publicação no X.

Reações à dosimetria

Segundo o relator do PL da Dosimetria na Câmara, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), a pena de Bolsonaro, em regime fechado, poderia cair para cerca de 2 anos e 4 meses, a depender da interpretação do Supremo Tribunal federal (STF) e da recontagem individual das condenações.

O deputado Coronel Tadeu (PL-SP) destacou a ampla maioria obtida pela proposta. “O PL da dosimetria passou com ampla maioria: 291 votos. Vencemos uma batalha – e muito em breve venceremos a guerra. Seguiremos firmes pela anistia ampla, geral e irrestrita”, adiantou.

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), declarou que a redução de penas é apenas o “primeiro degrau” e insistiu que a bancada seguirá lutando por uma anistia “sem adjetivos e sem meios-termos”. “Nenhum brasileiro será deixado para trás”, escreveu no X.

No mesmo tom, o deputado Zucco (PL-RS) afirmou que “não era o cenário ideal, mas conseguimos avançar com o que é possível hoje”. Outro aliado, o pastor Silas Malafaia chegou a publicar um vídeo intitulado “Bolsonaro aceitou a redução de pena. E a anistia?”. Nele, voltou a chamar as condenações de “injustiça” e afirmou que Bolsonaro demonstrou “grandeza” ao aceitar a redução agora porque “não há votos para aprovar a anistia no Senado”.

“É a maior farsa política da história do Brasil para tirar um homem legalmente limpo do jogo político. E Bolsonaro mostrou grandeza política e humanidade: ele aceitou a redução de pena agora. Por quê? Porque não tem voto para provar a anistia lá no Senado. Grandeza dele”, afirmou.

Insatisfação bolsonarista

Apesar da comemoração pública, a aprovação do texto expôs fissuras dentro da própria base bolsonarista. A Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav), formada por condenados, familiares e advogados, argumenta que o projeto de lei, divulgado como suposto benefício para os réus do 8 de Janeiro “não altera as penas, não garante revisão das condenações e não assegura qualquer progressão imediata de regime”.

Em um comunicado divulgado antes da votação do PL da Dosimetria, a associação criticou o texto e defendeu a apresentação de “uma alternativa” que, de fato, atendesse “aos anseios das vítimas do 8 de janeiro e da sociedade brasileira”.

Após a aprovação, a Asfav reforçou que o encaminhamento do texto ao Senado não pode encerrar a luta pela anistia.

Um outro exemplo de insatisfação veio do advogado Jeffrey Chiquini, responsável pela defesa de Filipe Martins – ex-assessor de Bolsonaro e um dos réus em fase de julgamento no STF pela trama golpista. Ele classificou o PL da Dosimetria como “uma farsa.”

Em publicação no X, o advogado afirmou que o projeto não alcançaria Bolsonaro e outros nomes dos quatro núcleos da trama, que o texto não soltaria imediatamente os condenados e que a redução ocorrida através do projeto seria apenas uma causa de diminuição de pena, exigindo revisão criminal e um processo longo.

“Estão anunciando que os presos políticos abraçarão amanhã seus filhos. Mentira: com esse texto, os presos ainda terão uma longa guerra para alcançar a liberdade”, escreveu.



FONTE

Google search engine