Início GERAL Pré-candidato, Zero 1 busca ‘vacinas’ contra os escândalos

Pré-candidato, Zero 1 busca ‘vacinas’ contra os escândalos


Agência Senado

Flávio foi lançado na disputa presidencial pelo pai, que está preso por tentativa de golpe

Na primeira semana do movimento presidencial de Flávio Bolsonaro (PL-SP), que se lançou ao Planalto de forma isolada e sob ceticismo do mercado e da política, o senador tentou debelar a desconfiança sobre sua candidatura, fez recuos em discursos e buscou explicar escândalos que envolveram seu nome.

Na sexta-feira (5), quando anunciou ter sido o escolhido por Jair Bolsonaro (PL) para disputar o Palácio do Planalto em 2026, a primeira ação de Flávio foi buscar como fiador o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – -preferido do Centrão e da Faria Lima, mas preterido pelo ex-presidente.

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O senador declarou que Tarcísio tinha lhe dado apoio e que não vê um cenário em que ambos sejam candidatos.

O próprio governador, porém, só confirmou esse apoio na segunda (8) e ainda mencionou que a direita deve ter outras opções além de Flávio.

Apenas dois dias após anunciar seu nome, a primeira derrapada de Flávio veio no domingo (7), quando admitiu que poderia não levar a candidatura até o fim, mas que isso teria um preço, o que só alimentou a leitura na centro-direita de que tratava-se de um balão de ensaio para negociar medidas de interesse da família Bolsonaro, como a anistia a condenados por atos golpistas, o que inclui o pai.

Sob pena de não ser levado a sério, Flávio voltou atrás e, já no dia seguinte, em entrevista à Folha, afirmou que sua candidatura era irreversível.

O senador explicou que seu preço, o perdão total a Bolsonaro e a reversão da inelegibilidade do ex-presidente, provavelmente não deve ser cumprido até a eleição e, portanto, o Bolsonaro na urna seria ele próprio.

Na entrevista, ele disse ter feito apenas um jogo de palavras.

“Joguei com as palavras para falar de preço, mas a condição é: Bolsonaro tem que estar livre e nas urnas”, afirmou.

Depois de políticos, mesmo de partidos aliados ao PL, terem apontado como desvantagens de Flávio sua baixa viabilidade eleitoral e a rejeição à família Bolsonaro, o senador apostou em táticas para se afastar dos principais escândalos que envolvem seu nome.

Dois vídeos publicados em seu canal no YouTube na última semana trazem a versão do senador para escândalos que, uma vez candidato, devem ser explorados por adversários — a acusação de rachadinha operada por Fabrício Queiroz e a compra de uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília.

Os vídeos trazem trechos de entrevistas de Flávio a podcasts em que ele explica os dois casos.

Em 2021, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pelo foro especial do senador e anulou provas da investigação sobre a rachadinha.

À Folha ele disse que seus bens são compatíveis com seus ganhos e que não teme que essas apurações sejam retomadas.

“Pode investigar à vontade, vai ser só a comprovação do uso da máquina pública para perseguir adversário político. […] Essas coisas estão todas arquivadas. Nunca tive um processo criminal iniciado contra mim por causa disso. É uma espuma danada.”

Ao explicar a compra da mansão ao canal Fala Guerreiro Cast, Flávio diz que fez um financiamento no banco e que quitou a dívida graças ao que ganha como advogado.

“Pode tacar a pedra que quiser, que pra mim é matar no peito e sair jogando”, diz.

Em outra frente, o filho de Bolsonaro também se dedicou a tentar reduzir a rejeição ligada ao pai.

Ainda na sexta da semana passada, disse que sua campanha seria a oportunidade de as pessoas conhecerem um outro Bolsonaro, “com pensamento pacificador”.

Na entrevista à Folha, declarou que não tentaria ser igual ao pai e ressaltou ter tomado vacinas contra a Covid.

“Tenho os mesmos princípios, tenho o sangue Bolsonaro, mas nenhum ser humano é igual ao outro. […] Ele não quis tomar vacina; eu tomei duas doses. Só para te dar um pequeno exemplo de que vocês verão um Bolsonaro centrado, equilibrado e que tem algumas opiniões próprias.”

Flávio em sua versão presidenciável também não poupou palavras como previsibilidade, serenidade, transparência e calma.

No campo da política, o nome de Flávio conseguiu o feito de unificar a família Bolsonaro, mas também recebeu críticas por descolar o PL do plano dos partidos do centrão, como PP, União Brasil, Republicanos e PSD.

Num ajuste de rota, o senador tem dito que vai buscar o centrão e que sua candidatura será baseada em muita conversa.

Um primeiro esforço nesse sentido, porém, foi esvaziado.

Apenas os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antônio de Rueda, compareceram a um jantar na casa do senador na segunda (8).

Ciro Nogueira afirmou que Flávio é seu amigo, mas defendeu como nomes viáveis apenas Tarcísio e Ratinho Jr. (PSD), governador do Paraná.

O líder do partido na Câmara, dr. Luizinho (RJ), disse à Folha que o movimento isolado de Flávio e do PL libera o partido para apoiar outra candidatura ou ficar independente.

O senador buscou ainda aparar arestas em relação ao mercado, que reagiu mal ao anúncio de sua candidatura.

Segundo Flávio, o mercado precificou uma nova vitória de Lula (PT) em 2026, já que hoje as pesquisas mostram que o presidente o venceria –o senador diz, contudo, que vai crescer nas sondagens.

O filho do ex-presidente tem ressaltado que vai buscar o melhor time, disse querer dar continuidade à política de austeridade do ex-ministro Paulo Guedes e estabelecer um teto para a relação dívida/PIB.

Em um movimento de aproximação com a Faria Lima, Flávio almoçou, na quinta (11), no banco suíço UBS, em São Paulo.

Como mostrou o Painel, chamou para colaborar em seu plano de governo o economista Adolfo Sachsida, que é discípulo de Guedes e foi ministro de Minas e Energia e secretário de Política Econômica no Governo Bolsonaro.





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