Início NACIONAL No encerramento de 2025, Fachin fala sobre “diretrizes éticas” para magistratura

No encerramento de 2025, Fachin fala sobre “diretrizes éticas” para magistratura


No mesmo momento em que há uma discussão interna no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a criação de um código de conduta, o  presidente do STF, ministro Edson Fachin, encerrou o ano Judiciário de 2025 com falas fortes sobre democracia e diálogo nesta sexta-feira (19/12).

O ministro apresentou dados e prestou contas de julgamentos e ressaltou ter obrigação “de prestar contas à sociedade”. E ressaltou o debate sobre diretrizes éticas para a magistratura:

“Não poderia deixar de fazer referência à proposta, ainda em gestação, de debatermos um conjunto de diretrizes éticas para a magistratura. Considerando o corpo expressivo que vem espontaneamente tomando o tema no debate público, dirijo-me à eminente ministra e aos eminentes ministros, e, também, à sociedade brasileira, para dizer que o diálogo será o compasso desse debate”, afirmou na última sessão do STF em 2025, realizada na manhã desta sexta.

Fachin ainda completou: “O país precisa de paz — e o Judiciário tem o dever de semear paz. Mas sem ignorar o dissenso, que é elemento vital da democracia. Divergências fundamentadas enriquecem o trabalho jurisdicional, aperfeiçoam a técnica e reforçam a legitimidade das decisões. O diálogo qualificado é instrumento de maturidade republicana. O respeito ao dissenso exige também respeito às decisões regularmente proferidas, aos votos divergentes e ao papel de cada instância”, afirmou.

Para 2026, o presidente do STF elencou temas relevantes que devem ser tratados:

  • Atuação firme do tribunal para garantir a independência e a autonomia do Poder Judiciário;
  • aprofundamento da colegialidade e julgamentos per curiam – proteção da institucionalidade, do Estado de Direito democrático e consolidação de uma rede latino-americana e caribenha de defesa da independência e autonomia judicial;
  • projetos voltados para as relações institucionais com as Cortes Supremas e Tribunais Constitucionais dos países da América Latina;
  • atuação pelos direitos humanos e fundamentais, inclusive no sistema interamericano de direitos humanos;
  • proteção da infância e da juventude, dos idosos e da mulher contra as inúmeras formas de violência;
  • compromisso com a segurança jurídica, transparência, sustentabilidade;
  • remuneração da magistratura; reiteremos: transparência é a chave quanto às modalidades de remuneração. Nosso respeito intransigente à dignidade e valorização da carreira, irá na mesma medida conter abusos;
  • reafirmação do compromisso com ações fundadas na acessibilidade, na inclusão e no respeito às diferenças e à diversidade;
  • diretrizes e normas de conduta para os tribunais superiores, a magistratura em todas as instâncias e no Supremo Tribunal Federal;
  • reforma administrativa no âmbito da Presidência do tribunal e consolidação do Centro de Estudos Constitucionais;
  • ações conjuntas para o sistema prisional, defendendo gestão e financiamento como ferramentas para reduzir o fortalecimento de facções e reiterando que políticas de segurança pública devem andar juntas com proteção de direitos fundamentais;
  • equidade racial e combate ao racismo;
  • acesso à justiça aos mais vulneráveis.

Balanço

O ministro ainda fez um balanço do ano. Em 2025, o Supremo Tribunal Federal recebeu 85.201 processos, distribuídos (38%) ações originárias e (62%) processos recursais. Em relação a 2024, houve um aumento de 21% no recebimento de processos originários e redução de 4,2% no recebimento de processos recursais.

Foram proferidas 116.170 decisões, tantos em processos originários quanto em feitos recursais. Do total de decisões, 80.5% foram proferidas monocraticamente, e 19.5% de forma colegiada. Houve, em relação a 2024, um aumento de 5,5% no número de decisões colegiadas. Isso, para Fachin, revela o esforço institucional de fortalecimento da colegialidade e da deliberação plural.

No plenário, foram realizadas 74 sessões presenciais, além de 41 sessões plenárias virtuais e 15 sessões plenárias virtuais extraordinárias. Ao todo, foram julgados e finalizados 6.177 processos, sendo 61 no sistema presencial.

Na Primeira Turma, onde foi julgado o ex-presidente Jair Bolsonaro(PL) e os núcleos de trama golpista, foram realizadas 38 sessões presenciais e 47 sessões virtuais, nas quais foram julgados e finalizados 8.206 processos. Na Segunda Turma, foram realizadas 14 sessões ordinárias e 44 sessões virtuais, nas quais foram julgados e finalizados 8.158 processos.



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