Liberação de césio-137 é a principal preocupação. O material é liberado quando o núcleo do urânio se rompe. Segundo a Ican (Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares), a exposição ao produto pode causar queimaduras, doença aguda por radiação e morte.
Césio-137 foi liberado nos acidentes de Fukushima e Chernobyl. Em 26 de abril de 1986, um reator da central de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu durante um teste de segurança e liberou o componente, cujos vestígios ainda podiam ser detectados 25 anos após o caso. Já em março de 2011, um terremoto seguido de tsunami atingiu a usina nuclear de Fukushima, no Japão, e provocou um triplo derretimento de reatores nucleares. O acidente contaminou a água, alimentos e o ar. Vestígios de césio-134 e césio-137, liberados na explosão, foram detectados no litoral do Canadá quatro anos depois.
Não há reações nucleares ocorrendo nas instalações de enriquecimento de urânio. Jim Smith, professor da Universidade de Portsmouth, disse à BBC que uma explosão de bomba não desencadearia uma reação nuclear, então o perigo do césio-137 e de outros materiais radioativos não estaria presente.
Instalação de Natanz apresentaria perigo. Segundo Grossi, há contaminação radiológica e química no local, porque partículas de urânio contidos em hexafluoreto de urânio, fluoreto de uranila e fluoreto de hidrogênio podem estar dispersas dentro da instalação. “A radiação, composta principalmente por partículas alfa, representa um perigo significativo se inalada ou ingerida”, disse um dia antes do ataque dos EUA, quando a usina já havia sido atingida por Israel. “Quando o UF6 (hexafluoreto de urânio) interage com o vapor d’água no ar, ele produz substâncias químicas nocivas”, disse à Reuters a pesquisadora Darya Dolzikova, do instituto de defesa e segurança Rusi.
Com ventos fracos, espera-se que grande parte do material se deposite nas proximidades da instalação. Com ventos fortes, o material se deslocará mais longe, mas também é provável que se disperse mais amplamente. O risco de dispersão de substâncias químicas nocivas é menor em instalações subterrâneas.
Darya Dolzikova
Impacto depende de alguns fatores. Um material da Ican explica que é preciso considerar se o ataque foi ao reator nuclear ou à piscina de combustível irradiado (unidades de armazenamento), além do tamanho da usina nuclear e sua idade. A organização diz que, embora a maioria dos reatores nucleares não seja projetada para eventos extremos, como bombardeios aéreos, eles são protegidos por espessas estruturas de contenção de concreto e aço. Mas as áreas ao redor, que podem incluir piscinas de combustível irradiado, equipamentos de resfriamento, equipamentos de supressão de incêndio e outros, podem não ser.