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Maysa Leão diz que Abílio Brunini vive olhado para o retrovisor, preocupado com a gestão passada, e que isso é prejudicial à cidade
Em um cenário de réplica e tréplica, o prefeito Abílio Brunini (PL) e a vereadora Maysa Leão (Republicanos) voltaram a trocar acusações por causa da situação precária das unidades de Saúde de Cuiabá.
A diferença é que o prefeito vive na retórica, mesmo admitindo que há os problemas denunciadas.
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A vereadora ,que mesmo sendo da base aliada, mas se declara independente e havia apresentado na última sessão imagens da UPA Morada do Ouro, voltou à unidade para reafirmar que o prefeito, com ações midiáticas, “filma apenas o que lhe favorece”.
“Ele não passa da recepção [da UPA]”, repetiu Maysa, que, na quinta-feira (3), havia desafiado Abílio a lhe acompanhar na unidade, para ver de perto o sofrimento daqueles que: “sequer foram atendidos”. “Nem a dignidade de serem atendidos estão tendo”, assinalou a vereadora.
Em uma analogia da histórica luta bíblica de Davi (Maysa) contra o gigante Golias (Abílio) – lembrando que, quando vereador ou deputado federal, o hoje prefeito é que estava na condição do personagem Davi, que representa a vitória do mais fraco sobre o mais forte, do pequeno sobre o grande, ou da estratégia sobre a força bruta, ilustrando a ideia de que a confiança em Deus, a inteligência e a utilização de recursos adequados (como a verdade dos fatos e não as das mídias sociais) podem superar desafios aparentemente intransponíveis,
Maysa Leão retornou à UPA Morada do Ouro e conversou com diversos pacientes.
O relato dos pacientes ouvidos pela vereadora coloca em cheque as falas do prefeito, que, tentando uma resposta menos técnica e mais política, em um contragolpe, procurou, desde a última sessão da Câmara, vincular Maysa e os demais vereadores com atuação independente e de oposição – como Daniel Monteiro (Republicanos), Jeferson Siqueira (PSD) e Didimo Vovô (PSB), além da própria Maysa – ao ex-prefeito Emanuel Pinheiro e ao ex-governador Silval Barbosa.
Maysa Leão negou que esteja atuando como o prefeito atuou no passado, como vereador ou deputado federal, e disse que cumpre seu papel de fiscalizar.
“Geralmente, é assim mesmo: quem abusa do poder que tem não quer reconhecer quando experimenta do próprio veneno. Eu fiscalizo com respeito, e não desdenhando ou com segundas intenções”, afirmou.
Na sessão de quinta-feira passada, Abílio Brunini, que oscila entre a razão e sarcasmo, argumentou que, nos primeiros dias de sua gestão, tinha os buracos nas ruas como o maior problemas. Logo depois, foi a vez da coleta de lixo e, agor,a a Saúde Pública:
“A vereadora Maysa vai ter que procurar mais assunto, pois, assim como os obstáculos que já vencemos, nós vamos solucionar as pendências com a Saúde, pois aplicamos os recursos públicos com transparência, com honestidade e sempre tendo em mente que é necessário que os benefícios cheguem à população”, disse.
O prefeito declarou que a vereadora e outros parlamentares estariam adotando o seu modelo de fiscalização quando vereador e deputado federal, e disse que a oposição “até ajuda a corrigir os rumos quando a gestão erra, mas não como eles (os vereadores) estão fazendo”.
Nos bastidores, Abílio teria reassumido seu quadro de normalidade ao desferir pesadas críticas, até mesmo pessoais, contra Maysa Leão e Jeferson Siqueira, principalmente porque ambos mandaram um recado de que ele não teria aceitado a realidade.
“Prefeito que vive de olho no retrovisor, olhando para a gestão anterior, quando perceber, já consumiu todo seu mandato sem nada ter feito”, disse Maysa Leão.
A parlamentar já avisou que irá intensificar sua atuação parlamentar, com visitas a toda e qualquer unidade pública municipal, estadual e federal, “porque as pessoas estão vivendo um caos na Saúde, um descaso na Eucação e uma completa ausência de política social”.
O prefeito voltou destacar que o fato de as recepções das unidades de Saúde são um ponto positivo, pois UPA (Unidade de Pronto Atendimento) existe não para internação, e sim para atendimento. Os casos quee são apenas para um atendimento primário, inicial dos pacientes que necessitam de diagnóstico e de medicamentos.
Já para os casos que dependem de internação, segundo Abílio, são remetidos para outras unidades de Saúde, onde se internam pacientes.
“Mas, pelo visto, parece que alguns não querem entender ou fingem não entender como funciona o Sistema Único de Saúde. Mais: Cuiabá não regula, essa é uma função, uma competência do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde”. completou..
“Se temos a recepção vazia e a unidade realizando atendimento, é porque a Saúde está andando, está funcionando”, acrescentou.
A questão é polêmica, porque a Saúde é deficitária, mas em qualquer esfera de Poder Público – ou seja, federal, estadual e municipal -, sempre vai existir mais demanda do que capacidade de atendimento.
“Reclamar faz parte. Oposição é um estimulo e as reclamações que a vereadora faz nos estimulam a trabalhar ainda mais”, disse Abílio Brunini.
Segundo ele, diferentemente da gestão passada, qualquer vereador pode ir à qualquer unidades públicas e fiscalizar, que será bem recebido e vai poder ver como é fazer de forma certa, honesta e transparente, o trabalho em prol da cidade e de sua gente”, completou..