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O prefeito Abílio Brunini discursa na linha do extremismo da direita que apoia Jair Bolsonaro
Na onda do bolsonarismo extremista, o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), culpou o presidente Lula (PT) pela taxação de 50% que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou, na quarta-feira (9), aos produtos de exportação brasileiros.
Segundo ele, decisões políticas, excesso de taxação e insegurança jurídica são alguns dos motivos que levaram ao “tarifaço”, que começa a valer a partir de 1º de agosto…
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Numa carta enviada a Lula, Trump assume a defesa de Jair Bolsonaro (PL), que, segundo ele, é “alvo de perseguição”. E afirmou que o julgamento do ex-presidente pelo STF é uma “caça às bruxas”.
Inelegível até 2030, por decisão do TSE, que apontou uso do poder econômico e campanha contra a legislação eleitoral do país, o ex-mandatário brasileiro é réu por tentativa de golpe de Estado, por decisão do STF.
“É um conjunto de ações. As políticas que o Brasil está tomando, as decisões políticas que Lula está tomando, o excesso de taxação, a insegurança jurídica e várias outras ações vão gerando essas consequências”, disse Abílio, em coletiva de imprensa.
O prefeito exagerou ao diizer que o Brasil é visto por outros países como uma ditadura, “um país que tem um regime de exceção”.
Em termos jurídicos e políticos, um regime de exceção refere-se a uma situação temporária em que o estado normal de funcionamento das instituições e a aplicação das leis são suspensos ou modificados devido a uma situação de emergência.
Essa suspensão pode envolver a restrição ou suspensão de direitos e garantias fundamentais, com o objetivo de restaurar a ordem e a segurança, ou defender o Estado diante de ameaças graves.
Não há, neste momento, nenhuma situação que mostre que o Brasil passe por um “regime de exceção”, até porque o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, no contexto do estado democrático de direito, estão em pleno funcionamento.
O mote do “regime de exceção” tem sido utilizado por aliados de Jair Bolsonaro em atos e movimentos patrocinados pela extrema-direita, sobretudo, no Exterior, onde a imagem do Brasil é desgastada por campanhas da oposição..
Como é o caso do deputado federal “em exílio” nos EUA, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se diz “perseguido” e é suspeito de tentar obstruir a Justiça, com o objetivo de salvar o pai Jair Bolsonaro.
SUPREMO NA MIRA – No contexto da campanha bolsonarista, Abílo Brunini também fez críticas ao STF, um dos alvos preferenciais dos seguidores de Bolsonaro.
“Na minha interpretação, o Lula é culpado sim. Principalmente, pelas políticas públicas que ele tem adotado e tem trazido um prejuízo muito grande. Além disso, há um apontamento sobre um ministro ou dois do Supremo Tribunal Federal, que têm tomado medidas que a política externa tem interpretado como arbitrária”, afirmou, na entrevista.
Na carta, Trump também citou que o Judiciário brasileiro está emitindo ordens “secretas e ilegais” contra empresas e plataformas de mídia nos Estados Unidos, o que entende como uma violação à “liberdade de expressão dos americanos”.
O prefeito ainda prevê que países ideologicamente próximos aos Estados Unidos, como Israel, Argentina e Itália, também devem se afastar do Brasil.
“Eu acredito que o próximo passo agora deve ser um prejuízo das relações do Brasil com países como Argentina, Itália, Israel, países que são um pouco mais conservadores. Eles vão começar a se afastar das políticas de negociação com o Brasil, porque o Brasil está sendo interpretado lá fora como uma ditadura, um país que tem um regime de exceção”, disse.
O prefeito cuiabano também comentou sobre as perdas econômicas que a medida traz ao país.
“Como o Governo brasileiro está interpretando isso? Porque pode até fingir que não impacta, mas impacta diretamente a nossa economia. Mato Grosso impacta um pouco menos, porque é um estado concorrente dos Estados Unidos no sentido de exportação da agropecuária, mas na questão de importação, afeta o mercado da carne aqui no nosso Estado. Então tem que avaliar”, completou.