Divulgação/Secom-MR
O governador Tarcísio de Freitas e o vice-governador Otaviano Pivetta (detalhe) são do mesmo partido, o Republicanos. Relação preocupa bolsonaristas em MT
Nem chegou em Mato Grosso – para um evento social da capital do Estado, na semana que vem -, o governador de São Paulo e presidenciável, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já provoca crise política, ameaças de rompimento e distensão entre partidos de direita, de extrema-direta e de centro.
Naturalmente, o vice-governador Otaviano Pivetta, que é do mesmo partido de Tarcísio e candidato a candidato ao Governo do Estado, já agendou uma conversa com a principal liderança do partido no país, tentando navegar na “onda de poder” e mostrar que tem não só respaldo local, como nacional, em sua pretensão de suceder o governador Mauro Mendes (União Brasil).
Leia também:
Encontro pró-Pivetta “racha” União Brasil, que faz reunião de cúpula
Líderes da base aliada desconfiam de Mauro Mendes e temem por Pivetta
Mauro reafirma apoio a Pivetta. Jayme diz que MT “não é uma S/A”
A medida, vazada para a imprensa de plantão, provocou uma reação imediata em Mato Grosso e chegou a Brasília, mais precisamente na presidência do Partido Liberal, sob Valdemar da Costa Neto.
“Essa é uma sinalização perigosa, na construção do entendimento que estão fazendo conosco”, disse uma fonte do PL, relatando uma pesada discussão entre a cúpula local e nacional da leganda bolsonarista por causa dessas movimentações.
Mas, também chegou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – que tem forte influência sobre o governador paulista -, a ponto de ele tentar um “acordo” junto a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Tarcísio tentou, nos bastidores, fazer com que o ex-presidente, réu no STF por tentativa de golpe de Estado, fosse liberado para ir aos Estados Unidos, se encontrar com o presidente Donald Trump e mediar o conflito político-econômico gerado pelo Governo americano, ao impor tarifa de 50% aos produtos exportados do Brasil, o que gerou temor na maioria das grandes empresas e indústrias do país.
Amigo pessoal do ex-senador Cidinho Santos, que chegou a ser um dos interlocutores de sua campanha ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tem uma conversa política com Otaviano Pivetta, foi rechaçado pela cúpula do PL em Mato Grosso, que, em tom de ameaça, retirou apoio ao governador de São Paulo, visto pelas principais lideranças liberais como o sucessor natural do ex-presidente Jair Bolsonaro, como presidenciável.
Com o clima político já acalorado, entre os que habitam no entorno do Governo de Mato Grosso, por causa de uma reunião na terça-feira passada (8), quando vários políticos fecharam entendimento pela candidatura de Pivetta para sucessão de Mauro Mendes.
No encontro, no apartamento do vice-governador, estavam o ex-ministro, ex-governador e ex-senador e megaempresário Blairo Maggi, seu primo Erai Maggi, o governador Mauro Mendes, o ex-senador Cidinho Santos (PP), o presidente da Assembleia Legislativa, Max Russi (PSB), o suplente de senador e presidente do PRD, Mauro Carvalho, e o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), além de deputados estaduais e candidatos a vagas na Câmara Federal e Senado.
A visita de Tarcísio de Freitas é vista como uma sinalização de rompimento com o PL.
É necessário se lembrar que, após a reunião que decidiu pela construção da candidatura de Otaviano Pivetta, mesmo estando a 449 dias do primeiro turno das eleições de 2026, marcado para 4 de outubro, Mauro Mendes e seu vice aproveitaram a visita, com pedido de socorro, do prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, principal liderança do PL, mas do ala de extrema-direita, para colocar publicamente que a decisão de apoio a Pivetta era de cunho pessoal de Mauro, mas ainda não discutido com o União Brasil.
Ocorre que, nessa mesma fala, Mauro deixou bem claro que não via problema algum em repetir, em 2026, a mesma coligação de 2022, quando ele disputou a reeleição ao Governo, tendo como companheiro de chapa, a reeleição, ninguém menos do que Wellington Fagundes (PL).
Só que essa decisão, até o momento, pouco atende ao União Brasil e se revelaa mais benéfica ao próprio Mauro Mendes, se ele for candidato a uma das duas vagas para o Senado, e para o próprio Wellington, que já teria o apoio definitivo do ex-presidente Jair Bolsonaro e do seu partido para disputar o Palácio Paiaguás, tendo o deputado federal, José Medeiros como candidato a uma das duas vagas no Senado.
Neste último cenário, inclusive, Mauro Mendes coloca para fora dos seus planos o próprio Otaviano Pivetta, que, antes da reunião de 8 de julho, havia colocado para a imprensa que seria candidato à sucessão estadual, independentemente de ocupar ou não a cadeira de governador, pois são fortes os comentários de que Mauro Mendes não teria decidido ainda ser candidato, cumprindo seu mandato até o final.
Os vários cenários que se colocam para a disputa de 2026 para o Governo do Estado são, de certa forma, comuns, justamente por estarmos muito distantes do processo eleitoral, que segue um ritmo resguardado pela legislação eleitoral. Mas, como foi antecipado pela angústia vivida pelos pré-candidatos, resta agora apenas contornar os problemas e aparar as arestas, a fim de evitar a desidratação de alguns nomes e postulações, bem como o rompimento entre grupos políticos.
Nesse emaranhado de discussões e definições que ainda necessitam passar pelos partidos – que, por outro lado, ainda discutem também a formação de federações ou coligações – é que o governador de São Paulo pousará em Mato Grosso, como convidado do casamento a filha do ex-senador Cidinho Santos (PP), Ana Gabriele Becker Santos, com Felipe Pitz, no próximo dia 19 (sábado).
Se Tarcísio de Freitas receber Otaviano Pivetta, dispara uma crise de consequências imprevisíveis no PL de Bolsonário, Valdemar da Costa Neto, Wellington Fagundes e Ananias Santos.
Se não discutir política com o candidato do seu próprio partido, Tarcísio de Freitas esvazia a candidatura de Pivetta, que não vive um bom momento nas relações políticas com os partidos aliados.
Essa situação remete ao famoso ditado popular, se correr o bicho pegar, se ficar o bicho come, e pode fazer com que o governador de São Paulo repense seu compromisso particular em Mato Grosso, ou decida chegar no dia, desembarcar no Aeroporto Bom Futuro, dos amigos e aliados, ir para o casamento e voltar para São Paulo.
E correr o risco de, na festa, trocar conversas em pé de ouvido e gerar ainda mais burburinho político, na instável e delicada disputa eleitoral em Mato Grosso.