Christiano Antonucci/Secom-MT
No Palácio Paiaguás, em 2024, Mauro Mendes anunciou seu apoio ao bolsonarista Abílio Brunini, então candidato a prefeito
Rejeitando uma discussão via imprensa, diante da seriedade que o assunto requer, por se tratar de Saúde Pública, o governador Mauro Mendes (União) reagiu negativamente à proposta do aliado e prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), de devolver para a gestão estadual o controle do HMC (Hospital Municipal de Cuiabá), bem como do Hospital São Benedito.
O HMC teve suas obras iniciadas na gestão de Mauro Mendes (2013/2016), na Prefeitura de Cuiabá). O São Benedito era da iniciativa privada e foi encampado pela gestão municipal, também durante a gestão Mauro Mendes.
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Segundo as informações, o governador ficou irritado com as declarações do prefeito – que tem constantemente procurado o Governo do Estado para se socorrer – sob a justificativa de uma crise econômica que existiria mais no discurso do que na prática, já que, de janeiro a julho, Cuiabá arrecadou mais de R$ 3 bilhões, contra R$ 2,3 bilhões de 2024. Ou seja, mais de R$ 1 bilhão.
Apontado como um político contraditório e voltado a criar factóides (notícia forjada e não comprovada, que se aceita como verdadeira em consequência de sua repetida divulgação pela imprensa, com o intuito de atrair a atenção da opinião pública), Abílio Brunini disse, nesta semana, que estaria avaliando encerrar o modelo de gestão plena da Saúde Municipal.
Nesse caso, ele faria a transferência ao Governo do Estado da responsabilidade pela administração do Hospital Municipal de Cuiabá e do Hospital São Benedito, o que, indiretamente, atingiria o próprio governador, idealizador de duas unidades de Saúde.
A ideia do prefeito seria concentrar a atuação da Saúde Municipal apenas na atenção primária. Ou seja, na parte menos complexa do atendimento médicos e odontológico e menos onerosa, já que não realiza internações, ficando apenas nos funcionamentos das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), exames e atendimentos ambulatoriais.
Recentemente, durante a discussão da LDO na Câmara Municipal, Abílio Brunini respondeu às criticas de falhas nos atendimentos das unidades de Saúde de Cuiabá. E, em defesa da secretária Lúcia Helena Barbosa, ao fato de que as autorizações de internações, principalmente em UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo), que são mais onerosas e prolongadas, são de responsabilidade do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Segundo o prefeito, a estrutura atual impede que o Município tenha autonomia sobre seus próprios pacientes, especialmente em casos que exigem leitos de UTI, relatando que paciente com quadro grave, dentro do HMC, teve que esperar autorização da SES para ser instalado em um leito. “Isso não é gestão plena de verdade”, criticou, reclamando ainda deum “desequilíbrio financeiro” na parceria com o Estado.
Mauro Mendes retrucou e lembrou que: Abílio “precisa tomar cuidado”.
“El,e como prefeito, não pode abrir mãos das obrigações que são da Administração Municipal. Ele foi eleito e conhecia a realidade. Se ele não conhecia, deveria ter conhecido antes”, afirmou o chefe do Palácio Paiaguás.
“Nenhum prefeito vem com essa histórinha. É importante que ele faça uma análise mais técnica. A Prefeitura tem obrigações com a Saúde Pública, e ele não pode abrir mão dessas obrigações” completou.
O governador lembrou que a regulação é estadual e este não é o problema da Saúde de Cuiabá. Lembrou quee Cuiabá é Gestão Plena, portanto, recebe recursos de três fontes diferentes – União, Estado e Município.
Para Mauro Mendes, o melhor controle se dá pelo Estado, por existirem pacientes de várias cidades que vêm em busca de um melhor e mais eficiente tratamento de Saúde, que, naturalmente, se concentra nos grandes centros, principalmente em Cuiabá.
“Eu fui prefeito de Cuiabá e conheço a realidade. É importante não se fazer um jogo de empurra-empurra. Durante meu mandato, não existiam muitas das estruturas que hoje existem, no atendimento aos pacientes do SUS, como a Santa Casa, o Metropolitano, que tinha menos de 50 leitos, o São Benedito e o HMC…. Nunca reclamei de atender toda a demanda da Saúde Pública. Trabalhei com seriedade e nunca houve reclamações”, afirmou, reafirmando a necessidade de uma conversas técnicas, e não via imprensa, para se construírem eventuais soluções.
O prefeito informou que a Prefeituraa Municipal investe cerca de R$ 30 milhões, por mês, na Empresa Cuiabana de Saúde Pública, que administra os dois hospitais, enquanto o Governo do Estado teria repassado menos da metade dos valores pactuados.
“Firmaram R$ 5 milhões, mas estão mandando só R$ 2,5 milhões. Quem banca a estrutura somos nós”, afirmou.
Ele ainda disse que proposta está sendo debatida com técnicos da Prefeitura e já foi apresentada ao Ministério Público e ao Judiciário.
Abilio defende que, com a economia gerada pela mudança, será possível investir na reestruturação da rede básica e ampliar o atendimento à população.
“Precisamosu repensar o modelo. Se deixarmos de gastar R$ 30 milhões por mês com hospitais, poderemos aplicar esses recursos em todas as UBSs e melhorar o atendimento onde ele começa, lá na ponta”, completou.
Mesmo com um orçamento anual da ordem de R$ 1,8 bilhão – valor maior que o Orçamento de 139 de 142 cidades de Mato Grosso -, o prefeito Abílio Brunini tem tornado a crise econômica uma justificativa para as falhas de sua gestão.
Ele contrariando o próprio discurso, já que, ainda no início deste ee julho, ele defendeu que a Administração Municipal de Cuiabá assumisse a gestão da Santa Casa de Misericórdia, embora o Governo do Estado já houvese decidido que riafechar a unidade..