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Embaixada dos EUA sinalizou em abril interesse em minerais brasileiros


A embaixada dos Estados Unidos sinalizou em abril o interesse do governo Donald Trump pelos minerais brasileiros. Ao Metrópoles, o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, afirmou que teve há mais de dois meses uma primeira reunião com a representação norte-americana no Brasil, quando eles expuseram descontentamento com a atual relação comercial nesse setor.

“Em abril já falavam no interesse de parcerias com o Brasil na área mineral. Nesta reunião [no dia 23/5], tornou-se bastante claro o interesse de minerais críticos estratégicos. Dissemos que a Constituição brasileira determina que o subsolo pertence à União, essa negociação deveria ser travada com o governo federal”, afirmou Jungmann.

O presidente do Ibram afirmou que o setor está disposto a negociar no âmbito privado, com suas contrapartes nos Estados Unidos. “Estamos discutindo se nós vamos até lá, ou se eles viriam até aqui, a depender de contratos a ser feito. É para sair dessa situação de perde-perde, passar para uma situação que seja boa e positiva para o setor privado de lá e de cá. É basicamente essa é a conversa que nós tivemos com ele”, explicou.


Entenda o tarifaço de Trump:

  • Trump anunciou no dia 9/7 que taxaria os produtos brasileiros em 50%;
  • A decisão acontece após ele reclamar do que considera “ataques insidiosos” contra eleições livres no Brasil e criticar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo de inquérito no STF por tentativa de golpe de Estado;
  • Trump tem adotado tarifas a diversos países como meio de pressionar por novos acordos comerciais. No caso do Brasil, o motivo ideológico se destaca;
  • Lula tem dito que responderá via Lei de Reciprocidade e se recusa a aceitar qualquer interferência estrangeira no funcionamento do Estado brasileiro, e tem repetido que o Poder Judiciário é independente do Executivo;
  • O governo brasileiro tem reclamado que não há interlocutores para negociar qualquer saída para o tarifaço.

Segundo Jungmann, ele relatou a última conversa com a embaixada dos EUA ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. “O governo não avançou nada em quesito de qual estratégia pretende utilizar. O Geraldo agradeceu as informações, mas mas se guardou para definir no âmbito do governo”, disse o presidente do instituto de mineração.

Jungmann afirmou que, apesar do interesse demonstrado pelos EUA em abril, não houve qualquer sinal que uma sanção comercial estava no radar. “Não se pensava nisso. Nenhum sinal. Eles vieram para perguntar ‘porque temos uma relação tão pequena?’, ‘por que não ampliamos?’”. Agora, o Ibram deve decidir, esta semana, se enviará uma comitiva ao país norte-americano, ou se receberá os empresários estadunidenses no Brasil.

Indecisão

Ex-ministro dos governos Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer, além de ex-deputado, Jungmann faz a leitura política de que a reação brasileira só será aberta após a imposição de fato do tarifaço, caso ele ocorra de fato. “Acho que só vai ficar claro depois do dia 1º, por enquanto, o que nós temos até aqui, é um post do presidente Trump”.

Ele considera, porém, que o Brasil teria a ganhar com uma relação melhor com os Estados Unidos no setor de mineração: “Se o Brasil vai querer ou não negociar com esse aspecto, é uma questão que só o governo pode responder. Posso avançar que nenhum governo estrangeiro tem previsão constitucional de explorar o subsolo brasileiro. Ele pode, através do setor privado, e seguindo a lei e a Constituição brasileira, participar da exploração”, explicou.

Ele continua: “Aliás, já fazem aqui os canadenses, os australianos, os peruanos, os chilenos, até do Afeganistão. E os americanos também, que estão aqui entre nós. Eu não vejo problema nenhum. Em termos de parcerias, elas seriam bem-vindas na área de tecnologia, na área de investimento, na short ventures etc”.

Os encontros com a representação dos EUA aconteceram com o encarregado de negócios da embaixada, Gabriel Escobar. É ele quem comanda a missão estadunidense no Brasil. Desde que assumiu a Casa Branca, em janeiro deste ano, Trump não indicou um embaixador.



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