O casal Isadora Alexandrina Ribeiro Ojeda, a Nina, e Rober Alexandre Ferreira de Sá Ojeda, ambos de 26 anos, transformou a venda de brigadeiros no semáforo em um negócio de sucesso que hoje fatura até R$ 70 mil por mês em feiras de Cuiabá. Inspirados nos tradicionais bolos das feiras de Goiânia, que viralizaram no TikTok e Instagram, eles criaram a própria linha de doces com generosas camadas de recheio e calda, que rapidamente conquistou o público local.
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A estrela da Nina Doces Gourmet é o bolo de pudim, vendido a R$ 25 a fatia iu R$ 40 no combo com duas. Eles participam de duas feiras gastronômicas da capital: na Praça da Vanguard, no bairro Jardim Bom Clima, e no Parque das Nascentes, no bairro Morada Ouro.
A trajetória começou ainda em Campo Grande (MS), no período da pandemia, quando os dois venderam brigadeiros no sinal para quitar uma moto. Isadora, que já vendia trufas e palhas italianas na escola, retomou o talento quando a crise apertou.
Em pouco tempo, conseguiram quitar a dívida e continuaram a produção, ainda conciliando com empregos na empresa funerária do pai de Rober, em Rio Brilhante (MS). Em 2023, com a ideia de reforçar a renda, Isadora voltou a fazer brigadeiros. O movimento cresceu, e logo o casal estava vendendo dezenas de caixinhas por noite. Em uma ocasião, Robert vendeu 50 sozinho, andando pela cidade até as 3h da manhã.
“Comecei vendendo dez caixinhas de brigadeiro na hora do meu almoço. Um mês depois, pedi ajuda pra ele”, conta Nina. “Num sábado, vendemos cinquenta caixinhas. Saí da igreja 9 da noite, andei até quase 3 da manhã e vendi tudo. Voltei animado. Falei: vamos pra capital, nós vamos vender muito”, relembra Rober.
Em 2024, decidiram vir temporariamente a Cuiabá para a cirurgia bariátrica de Isadora. Com os altos custos do procedimento, criaram a meta ousada de vender 100 caixinhas de brigadeiro por dia. Mesmo no pós-operatório, Isadora produzia e Robert passava os dias nas ruas vendendo.
“A cirurgia demandou muitos custos. Fizemos uma meta de vender 100 caixinhas de brigadeiro por dia durante 30 dias. Eu produzia operada, minha mãe me ajudava, e ele saía de manhãzinha e voltava de madrugada”, conta Nina.
Foi nesse período que criaram a base da clientela que sustenta o negócio até hoje. Em dezembro do mesmo ano, se mudaram de vez para Cuiabá. “Eu chegava nas mesas e oferecia. Mas os feirantes começaram a reclamar, e o organizador disse: ‘se quiser continuar, vamos ceder um espaço pra vocês’. E começou assim”, explica Rober sobre o início do trabalho na feira do Parque das Nascentes.
Bolo de pudim virou estrela
Em 31 de março, aniversário do pai de Nina, ela resolveu preparar atender aos pedidos dele e preparar o bolo de pudim pela primeira vez. “Não gostava de fazer bolo. Mas gosto de desafios e confeitaria. Fiz e gravei. No outro dia, meu Instagram explodiu de gente pedindo: ‘Você tem que vender esse bolo’”. No sábado seguinte, levou o doce para a feira. “Confeitei na própria feira. Depois disso, foi um bolo, dois, três… e não parou mais”, diz.
A virada aconteceu com um vídeo postado pelo perfil Rodando Cuiabá. “Acordamos num sábado e começou a chegar mensagem de todo lado: ‘Tem encomenda? Vocês entregam?’”, lembra Isadora. “A gente nem sabia quem ele era. Depois veio o City Cuiabá e postou também. A gente só agradece”.
Hoje, o casal vende entre 40 e 80 bolos por dia. “Nosso recorde foi 120 em dois dias. Tudo graças a Deus. No começo, sobrava bolo. Hoje a gente tem meta de vender 150 por semana”, diz ela. Os sabores são os clássicos das confeitarias de bairro: prestígio, olho de sogra, chocolate e o famoso pudim.
A estrutura do negócio cresceu rápido e eles contam com uma rede de apoio formada pela família, que ajuda na produção, no caixa e no atendimento nas feiras. “Tivemos que comprar forno industrial, batedeiras, cortadoras. Seguidores emprestaram equipamento, minha família ajuda na feira, e a casa virou cozinha”, conta Isadora. “Nossa sala virou produção. A cama, o guarda-roupa, o sofá, tudo foi pro quarto”.
Apesar do faturamento expressivo, o casal lembra que boa parte do valor é reinvestida em estrutura e insumos. “Está entrando muito dinheiro, mas está saindo muito dinheiro também. Pra fazer 80 bolos com duas batedeiras pequenas, a gente ficou 46 horas sem dormir”. A média mensal de faturamento hoje gira em torno de R$ 70 mil, mas ela reforça: “Faturamento não é lucro. A gente tem um custo alto”.
Para dar conta da movimentação nas feiras, implantaram senha, mesa de atendimento, e contam com uma rede de apoio que inclui pai, tios, irmãos e amigos. A fila, que às vezes dá voltas na praça, ainda emociona Isadora.
“Quando subi com o carro e vi a fila, desabei de chorar, meu pai chorou… A família toda chorou. Foi muito emocionante”.
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