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Mauro Mendes, em entrevista, em Brasília: cobrança a Lula para diminuir os efeitos do tarifaço de Trump ao Brasiç
O governador Mauro Mendes (União Brasil) criticou duramente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quinta-feira (7), acusando-o de omissão diante do chamado “tarifaço”, imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
O gestor estadual pediu que o petista assuma o protagonismo das negociações e adote providências concretas para reverter a medida, sob pena de prejudicar gravemente a economia brasileira.
Caso isso não ocorra, defendeu que o Congresso Nacional assuma a liderança do diálogo com Washington.
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As declarações foram dadas após reunião de governadores de centro-direita e de direita, todos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). na casa do governador do DF, Ibanéis Rocha (MDB), em Brasília, onde o tema foi debatido como pauta prioritária.
Além de Mauro, participaram os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO), Wilson Lima (União-AM), Cláudio Castro (PL-RJ), Jorginho Mello (PL-SC), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
“Temos que cobrar do presidente Lula que ele assuma o protagonismo dessa negociação. Ele representa o país e não pode abrir mão de dialogar com o americano. O Xi Jinping [presidente da China], durante esse período de crise, que é a segunda maior potência do mundo, falou mais de uma dezena de vezes com o presidente americano. Lula não pode ficar aqui oferecendo jabuticaba, jogando para o time eleitoral que representa, deixando de lado os interesses da economia brasileira e, principalmente, a defesa do emprego”, disse.
O governador alertou para riscos econômicos, caso não haja uma solução rápida, citando a possibilidade de desinvestimento de empresas norte-americanas instaladas no Brasil.
“Imagina se elas começam um processo de desinvestimento do país. Olha a consequência disso para a vida de todos nós”, observou.
Mauro Mendes também criticou a condução da política externa brasileira, avaliando que erros diplomático, “clássicos e gigantescos”, podem custar caro à economia nacional.
“Você acha que o presidente Trump está errado? Está errado, sim. Mas é o presidente da maior economia do planeta. Não adianta nós, na dimensão que temos, querer peitar o cara”, afirmou, acrescentando que algumas decisões estariam sendo influenciadas por interesses eleitorais.
Ele ainda fez um alerta sobre o risco de o Brasil enfrentar um cenário semelhante ao da Venezuela, que, segundo ele, se deteriorou economicamente após enfrentar os Estados Unidos.
“Não podemos permitir que essa crise escale e leve o Brasil a uma das piores crises de sua história”, disse.
Ao final, Mauro Mendes reforçou a cobrança ao Governo Federal e ao Legislativo.
“Os brasileiros não podem sofrer as consequências do tarifaço pela omissão de quem deveria estar resolvendo o problema. A economia do país e o emprego de milhares de brasileiros estão em jogo. Precisamos de mais seriedade e inteligência na condução desse problema”, afirmou
TARIFA DE 50% – Entrou em vigor, na quarta-feira (6), a tarifa de importação de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.
A medida aplica uma sobretaxa de 40 pontos percentuais a uma alíquota de 10%, que já vinha sendo aplicada sobre os importados do Brasil.
O presidente norte-americano, Donald Trump, buscou justificar sua ordem executiva por uma “emergência nacional”, em razão das políticas e ações “incomuns” e “extraordinárias” do Governo brasileiro, que, segundo o republicano, prejudicam empresas norte-americanas, os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos dos EUA e a política externa e a economia do país, de modo geral.
Trump também cita como justificativa para a medida o que considera como “perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O aumento tarifário afeta de forma direta segmentos-chave da economia mato-grossense, especialmente a produção de carne bovina e de derivados de madeira, que figuram entre os principais produtos exportados para os Estados Unidos.
Apesar de mais de 700 itens brasileiros — incluindo o ouro — terem ficado de fora da taxação, o reflexo para a economia regional é expressivo.
No caso dos frigoríficos, por exemplo, o setor emprega dezenas de milhares de trabalhadores no estado e movimenta uma extensa cadeia produtiva que vai do campo, com os pecuaristas, até o transporte e o fornecimento de insumos agropecuários.
NOVOS RISCOS A MT – A recente escalada tarifária adotada pelos Estados Unidos contra a Rússia, em função da guerra na Ucrânia, acendeu um alerta no setor produtivo brasileiro — e, em especial, em Mato Grosso.
Após impor uma tarifa de 50% sobre produtos da Índia, alegando que o país mantém vínculos comerciais com Moscou, aumentam as preocupações de que o Brasil possa ser o próximo na lista.
A hipótese de uma retaliação norte-americana desperta apreensão em estados fortemente dependentes do agronegócio e das exportações, como Mato Grosso, líder nacional na produção de grãos e carne bovina.
O possível impacto recai sobre dois pontos centrais da economia estadual: a compra de fertilizantes e diesel russos e as vendas para o mercado norte-americano.
Um desequilíbrio nessa relação comercial poderia provocar efeitos significativos no campo, na indústria e na geração de empregos.