As discussões que chamam a atenção sobre a proteção do meio ambiente e, em suma, o futuro do planeta envolvem ultimamente cifras e valores imensos. Por isso, entre os vários temas que a COP 30 vem levantando está a questão do financiamento das ações climáticas para países em desenvolvimento. A meta? Alcançar 1,3 trilhão de dólares (pouco mais de 7,2 trilhões de reais) até 2035.
De acordo com levantamento feito pela Aliança pela Restauração da Amazônia em 2021, por exemplo, das 2,7 mil iniciativas de restauração da área então identificadas na região, cerca de 60% tinham centralidade nos sistemas agroflorestais, que focam na bioeconomia com o cultivo de alimentos e produtos do extrativismo.
Nessa linha, pequenas iniciativas seguem cooperando com o ideal de proteção do meio ambiente.
No primeiro semestre deste ano foi lançado o Fundo Kawá. A iniciativa, tocada em parceria entre o Instituto Arapyaú e a ONG Tabôa Fortalecimento Comunitário, visa a auxiliar pequenos produtores de cacau do Pará e da Bahia, incentivando o uso sustentável do solo, a agricultura regenerativa e a conservação do meio florestal.
Já em Extrema, município no sul de Minas Gerais com pouco mais de 53 mil habitantes, há 20 anos uma política pública pioneira incentiva a restauração florestal, tendo feito o plantio de mais de 1,3 milhão de árvores nativas.
O sistema foca na recuperação de nascentes em propriedades rurais na Serra da Mantiqueira, sendo financiado em parte pela compensação da emissão de carbono feito pelas próprias indústrias locais.

Olhando para o mar, as pequenas iniciativas também se apresentam. O trio Jully Kalyanny Santos, Alysson Roberth Santos e Romildo Melo fazem rodar o projeto ReciclAmar. Gestado ainda como uma ação educativa no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), o projeto tem como base uma iniciativa internacional chamada Precious Plastic.
“Eles não patentearam as máquinas, porque o objetivo da Precious Plastic é que você consiga reciclar no quintal de casa. Então você pode impactar localmente, fazer sua própria comunidade de reciclagem, gerar renda e gerar a premissa mais bonita que é a economia circular”, explica Jully.
“A gente teve que aprender qual é o plástico que a gente ia usar e foi entendendo que era possível reciclar certos tipos de plástico, chegando aos dois tipos que reciclamos hoje”, complementa. “A gente começou a reciclar e fazer chapa e vimos que dava para fazer alguma coisa legal com isso. Aí vieram as primeiras pranchetas, que chamamos de madeira plástica.”
O ReciclAmar trabalha em parceria com diversos atores no recolhimento de materiais recicláveis, incluindo grandes mutirões de limpeza pelo litoral potiguar, que hoje são transformados nos mais diversos materiais como caixas, chaveiros, placas e até mesmo um jogo completo de dominó feito de plástico reciclado.
“O ReciclAmar é a primeira empresa de sustentabilidade ambiental que nasceu dentro do próprio IFRN e foi subindo as escadas. A gente escalou para um negócio de impacto socioambiental, que é como a gente se denomina hoje”, afirma Romildo Melo. “A gente precisa dar lucro, precisa seguir uma lógica de mercado, mas a intenção não é ficar rico. A intenção é reverter esse lucro, esse faturamento em impacto. A nossa maior premissa é o impacto socioambiental.”