O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, afirmou que a revogação dos vistos dos Estados Unidos para funcionários do governo brasileiro responsáveis pelo programa Mais Médicos é uma “agressão” da gestão de Donald Trump. O governo norte-americano citou Cuba para justificar as sanções.
Na quarta-feira 13, o Departamento de Estado dos EUA anunciou que ia revogar os vistos (documentos necessários para visitar o país) de Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, e Alberto Kleiman, que foi assessor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde e diretor de Relações Externas da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Além dos brasileiros, o governo Trump informou que revogaria vistos de representantes de outros países que recebem médicos cubanos, como Granada, um país insular na América Central, e nações africanas – sem especificar quais.
Em postagem no X, o chanceler cubano afirmou que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, faz ameaças ao restringir os vistos de pessoas dos países que têm os acordos de cooperação com Cuba. Para Rodríguez, a postura Rubio demonstra que a nova doutrina de política externa dos Estados Unidos está pautada pela “imposição e pelas agressões”. Ele garantiu, porém, que apesar das sanções, Cuba vai seguir com os programas de envio de profissionais de saúde para países estrangeiros. “Cuba continuará prestando os serviços”, enfatizou.
Lançado em 2013 pelo governo da então presidenta Dilma Rousseff, o Mais Médicos foi criado para suprir carências em locais onde faltam profissionais de saúde no Brasil. Diante da alta demanda, a “importação” de médicos foi uma das soluções encontradas – o que gerou críticas de setores de oposição aos governos petistas. A prioridade, no entanto, sempre foi a contratação de profissionais brasileiros.
Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou reformular o programa, que foi desidratado e passou a se chamar ‘Médicos pelo Brasil’. Houve pressões sobre os profissionais estrangeiros, especialmente os cubanos.
Ao retornar ao Planalto, em 2023, o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a investir na iniciativa. Atualmente, segundo dados do Ministério da Saúde, há 26.414 profissionais registrados no programa, dos quais 2.659 (ou cerca de 10%) são cubanos. A maioria (22.755, ou 86%) é composta por brasileiros.