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O governador Mauro Mendes e a primeira-dama do Estado, Virgínia Mendes: eleição de 2026 nos planos do primeiro-casal
A presença do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), ex-ministro e um dos mais próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Cuiabá, para uma esperada “filiação em massa” de expressivas filiações, é um sinal de que o governador Mauro Mendes (União Brasil) tende a se desincompatibilizar das funções até 30 de março de 2026.
O deputado estadual e presidente do PP em Mato Grosso, Paulo Araújo, admite que uma das filiações mais esperadas é a da primeira-dama do Estado, Virgínia Mendes, hoje filiada ao União Brasil.
Se a intenção de Virgínia é disputar as eleições, a legislação eleitoral impõe ao seu marido a desincompatibilização, sob pena de ela ficar inelegível no ano que vem.
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Caso Mauro deixe o Governo do Estado, Otaviano Pivetta (Republicanos), seu vice-governador, assume e ganha força eleitoral, musculatura e, principalmente, um “espólio” de muitas obras e realizações que acontecerão durante 2026. A legislação impede uma série de medidas, como participar de inaugurações de obras e ações para os que serão candidatos, mas não impede as ientregas das obras.
“Essas são tratativas do senador Cidinho Santos, que eu venho acompanhando e que nos estimulam muito. O PP vai estar federalizado com o União Brasil, formando a União Progressista (UP), que ainda pode se coligar com outros partidos e formar uma grande frente que conquiste votos e cargos”, disse Paulo Araújo.
O deputado acrescentou que o PP está montando uma grande frente de candidatos, principalmente à Câmara Federal. Além da primeira-dama, ele citou o vereador por Cuiabá, Kassio Coelho, atualmente filiado ao Podemos, que está de posse de carta autorizativa da sigla para deixá-la e disputar uma vaga pelo PP; o ex-deputado federal Nilson Leitão (PSDB) e a senadora Margareth Buzetti (PSD).
Ainda há a expectativa para a filiação do ex-deputado Victorio Galli (PT), muito ligado ao bolsonarismo, mas essa tratativa ainda não estaria concluída.
O interessante é que os progressistas marcaram sua “festa de arrancada para as eleições gerais de 2026 justamente no dia em que a deputada estadual Jana[ina Riva (hoje muito distante do governador Mauro Mendes) assumirá a direção regional do MDB, após várias décadas de comando do ex-deputado federal Carlos Bezerra.
Vale lembrar que, nas eleições de 2018 e 2022, lideradas por Mauro Mendes como governador, o MDB foi um dos principais atores. Mas, nos últimos meses, o partido está sendo colocado para fora de uma eventual coligação com a Federação União Progressista. Principalmente, por Janaina Riva se tornar uma forte adversária, com chances reais de ser eleita senadora – o que, naturalmente, reduz as chances de Mauro Mendes e de outros pré-candidatos.
Fora isto, a festa do PP promete ser um impulso a mais na trajetória que o grupo liderado pelo governador Mauro Mendes deseja impor para sua sucessão, tendo como principal nome o vice-governador Otaviano Pivetta.
O problema está em antecipar possíveis cenários de disputa que podem fragilizar a já difícil relação dentro do União Brasil e do Partido Progressista, que decidiram formalizar a Federação União Progressista e marcharem unidos rumo a 2026.
Com possíveis nomes colocados para os principais cargos – como Pivetta a governador e de Mauro Mendes ao Senado – pouco sobra para oferecer, em uma eventual coligação com outros partidos. Ou, até mesmo, para contemplar caciques do próprio União Brasil, como o senador Jayme Campos, que se diz preparado para disputar a reeleição, no que seria um terceiro mandato.
A conta simplesmente não fecha, pois estarão em disputa, em 2026, o cargo de governador e seu vice; duas vagas para o Senado (atualmente ocupadas por Jayme Campos e Carlos Favaro, do PSD, ambos candidatos a reeleição -, cada uma dessas vagas com dois suplentes, oito ou 10 vagas de deputado federal e 24 ou 30 vagas de deputado estadual, dependendo se o Congresso Nacional vai ou não derrubar o veto presidencial ao Projeto de Lei Complementar que alterou as bancadas federais, seguindo determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Como vice-governador e suplente de senador nem fotografia oficial na parede têm, esses cargos servem apenas para acomodação de partidos aliados.
Uma coisa é certa: as dificuldades de Mauro Mendes seriam bem maiores em 2018 e 2022, se ele não estivesse acompanhado de diversos partidos e líderes políticos que nas próximas eleições poderão estar em palanques diferentes.
Construir essa unidade foi fácil em 2018, tanto que garantiu sua a primeira eleição, a segunda eleição de Jayme ao Senado e a primeira de Carlos Fávaro ao Senado (só que em eleição suplementar ,em 2020). E se repetiu em 2022, quando ele disputou a reeleição, mas tendo Wellington Fagundes (PL) como candidato à reeleição ao Senado.
Só que essa facilidade, hoje, e no ano que vem dificilmente se repetirá. Tanto que se desenha uma disputa ao Governo do Estado entre Otaviano Pivetta e Wellington Fagundes (PL), que cresce com a onda bolsonarista e com a polarização política, em todo o Brasil, entre extrema-direita e extrema-esquerda.
Além disso, há Jayme Campos como “dissidente” do União Progressista que pode disputar o Governo, caso não seja contemplado com a vaga de senador; a deputada Janaina Riva (MDB) ,candidata ao Senado, mas que pode recuar e disputar o Governo do Estado; e a médica Natasha Slhessarenko liderando a esquerda com o PT e o PSD, caso o PSD não consiga construir uma frente contando com a dissidência do União Brasil, liderada justamente por Jayme Campos, tendo como parceiros de chapa o MDB, que, a partir de agora, será comandado por Janaina Riva.
O cenário que se desenha, inclusive, chega a permitir que os partidos planejem, pela primeira vez, uma eleição para oGgoverno em dois turnos, fato que nunca ocorreu desde 1988, quando foi instituída a eleição em dois turnos para que os eleitos tivessem ao menos 50% dos votos daqueles que foram as urnas.
Essas são as dificuldades que o processo eleitoral coloca diante de todos os pré-candidatos e que, se não forem vencidas, tornam o cenário o mais improvável possível e de difícil decisão em primeiro turno, em 4 de outubro de 2026.
Ainda é preciso lembrar que, em 2026, estará em disputa à Presidência da Repúblicam em um cenário totalmente adverso em Mato Grosso, o que acaba influenciando nas outras disputas majoritárias.
Se for deixar o Palácio Paiaguás, Mauro Mendes terá 229 dias de mandato. Mas, como se trata de uma gestão governamental, este prazo se reduz para 165 dias úteis, portanto, menos de seis meses de gestão e com muita obra e muita coisa por acontecer. Lmbrando que, ao deixar o Governo, ele também deixa o Poder, que passaria às mãos do seu atual vice.