A rede municipal de educação de Rondonópolis passa a fazer parte do projeto de enfrentamento da violência contra a mulher “A escola ensina a mulher agradece”, que é uma iniciativa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) por meio Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica (CEMULHER). O projeto foi apresentado pela coordenadora do CEMULHER, desembargadora Maria Erotides kneip, e pela juíza da Vara Especializada da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Rondonópolis, Maria Mazarelo Farias Pinto, ao prefeito Cláudio Ferreira durante reunião, na manhã desta quinta-feira (14), na sala de reuniões do Paço Municipal.
A proposta do projeto apresentado é a realização de um concurso cultural nas escolas municipais como forma de estimular a reflexão e o debate crítico sobre a violência contra a mulher, além de incentivar a produção artística e textual a respeito do tema. A iniciativa visa promover assim, a conscientização sobre o tema entre os estudantes.
Para o prefeito Cláudio Ferreira, o projeto é fundamental por entender que não é possível conseguir fazer o enfrentamento da violência contra a mulher somente com leis. “Esse projeto é um projeto cultural, pois é por meio da reflexão que poderemos mudar essa cultura de violência que é um problema ‘vexatório’”, argumentou.
“Esse projeto despertou em mim a vontade de realmente enfrentar esse problema”, ressaltou o prefeito que lembrou que a rede municipal tem hoje 29 mil alunos e reforçou que a Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer está convocada a abraçar o projeto para que a cidade possa, um dia, ver os números da violência contra a mulher diminuir e ser destaque no enfrentamento a essa violência.
A desembargadora Maria Erotides Kneip destacou que a escola tem papel fundamental no enfrentamento da violência contra a mulher e que o concurso visa, justamente, estimular ao debate crítico, à reflexão a respeito do tema, para desconstruir esteriótipos da sociedade sobre a mulher. “Estou muito feliz com o comprometimento do prefeito”, disse e reforçou que é preciso trabalhar a cultura que sustenta a violência. “A violência [contra a mulher] só existe pela desigualdade, pela cultura do patriarcado no nosso processo histórico. A violência só existe pela relação de poder que o homem acredita que tem sobre a mulher”, pontuou.

Atuando há 10 anos na Vara Especializada da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Rondonópolis, a juíza Maria Mazarelo Farias Pinto, reforçou a importância da prevenção. “Quando chega ao judiciário, a violência já passou por esferas imagináveis e as feridas físicas que vêm junto com as feridas psicológicas já estão lá”, argumentou.
A secretária Municipal de Promoção e Assistência Social, Alessandra Croco, também participou da reunião de apresentação do projeto e adiantou que a prefeitura está trabalhando para criar a Superintendência de Políticas Públicas para as Mulheres na estrutura da Secretaria de Assistência Social. “Nós temos a Casa de Passagem da Mulher que é custeada, exclusivamente, pelo Município e que recebe vítimas de violência, mas sabemos que uma vez agredida é uma cicatriz que a mulher carregará para a vida. Portanto precisamos prevenir”, justificou.
A reunião ainda contou com a participação do secretário de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Carlos Júnior, com a comandante do 4º Comando Regional da Polícia Militar de Rondonópolis, coronel Grasielle Paes, e com representantes de universidades, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Rondonópolis, da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Rondonópolis (Acir), e das vereadoras Kalynka Meirelles e Luciana Horta.
O projeto
O projeto trabalha com as crianças do Ensino Fundamental, por meio de palestras e de um concurso cultural, numa parceria com o Governo do Estado e prefeituras municipais. A proposta apresentada pelo TJMT é de implantar o projeto nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, Barra do Garças e Cáceres, além de Rondonópolis.
Pela proposta, os alunos das escolas do Ensino Fundamental vão participar de um concurso cultural que vai premiar alunos e escolas em quatro categorias: redação, poesia, música e vídeo com o tema violência contra a mulher.
