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os setores que foram destaque na temporada – e como olhar 3º tri


Qual foi o saldo da temporada de resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25)? Na visão de analistas de mercado, o saldo foi positivo, mas com os olhos já voltados para o impacto da desaceleração econômica no 3T25.

O Bradesco BBI ressalta que os lucros das empresas que fazem parte do Ibovespa cresceram 23% na comparação anual, superando expectativas em 17%.

As maiores surpresas positivas vieram dos setores domésticos, com destaque para Varejo e Consumo (97%) e Construção Civil (55%), além de Materiais (34%) e Energia (22%).

Apesar dos resultados acima do esperado, o Bradesco BBI ressaltou que os investidores nem sempre recompensaram as companhias com alta de ações. Entre os exemplos, Klabin (KLBN11), Vale (VALE3), Embraer (EMBR3) e Porto Seguro (PSSA3) apresentaram desempenho operacional melhor que o projetado, são classificadas como outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) pelo banco, mas tiveram performance abaixo da média após a divulgação dos números.

O Itaú BBA, por sua vez, viu um lucro líquido 1,3% acima das expectativas das empresas que compõem o Ibovespa, um Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, 5,2% acima das expectativas, e um aumento da receita de 8,4% em linha.

Excluindo commodities, aponta o banco, o lucro líquido caiu 1,7% (em linha com as expectativas), o Ebitda cresceu 10,2% (2,7% acima das expectativas) e a receita líquida aumentou 12,1% (1,1% abaixo).

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Dentro dos setores domésticos, a equipe de estrategistas vê que: i) os setores de Serviços Públicos, Saúde, Shopping Centers e Consumo apresentaram desempenho melhor do que o esperado, especialmente no nível do Ebitda (4-5% acima das expectativas); ii) Petróleo e Gás foi o principal impulsionador dos resultados melhores do que o esperado para Commodities, com Ebitda 8,7% acima das expectativas; e iii) Os resultados das Construtoras Residenciais ficaram em linha com as expectativas.

O BBA aponta que dois terços das empresas elevaram o Ebitda em relação ao ano anterior.

“Entre as empresas que cobrimos e analisamos, nossos analistas classificaram 38% dos resultados desta temporada como positivos, 38% como neutros e 24% como negativos, com base no número de empresas. Quando ponderados por capitalização de mercado, 40% foram positivos, 18,6% foram neutros e 41,6% foram negativos”, avaliam os estrategistas do BBA.

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Comparando os números reportados com as expectativas dos analistas, 46,3% das empresas superaram as estimativas de lucro líquido, 19,9% ficaram em linha e 33,8% ficaram aquém das estimativas. Em termos de Ebitda, 31,1% das empresas superaram as expectativas (38,9% do valor de mercado ajustado), 54,9% ficaram em linha (33,7% do valor de mercado ajustado) e 13,9% não atingiram as expectativas (27,4% do valor de mercado ajustado).

O BBA também apontou que as ações que apresentaram desempenho inferior antes da divulgação dos resultados, mas superaram as expectativas, incluem Nubank (BDR: ROXO34), GPS (GGPS3), BTG Pactual (BPAC11), Sabesp (SBSP3) e 3tentos (TTEN3).

As ações que superaram o mercado antes dos resultados, mas não atingiram as expectativas na divulgação dos resultados, incluem WEG (WEGE3), Intelbras (INTB3) e Tenda (TEND3).

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Na visão do BTG Pactual, à primeira vista, os resultados (ex-Petrobras e Vale) vieram levemente melhores do que as suas projeções, com receita e Ebitda em -0,5% e +0,2% versus as suas estimativas, enquanto o lucro líquido foi 2,4% acima. Já as empresas domésticas apresentaram desempenho acima das expectativas em maior magnitude: receita e lucro líquido ficaram 1,7% e 3,9% acima das suas projeções, respectivamente, enquanto o Ebitda ficou em linha.

Na comparação com o 2T do ano passado, os resultados foram positivos. A receita consolidada (ex-Petrobras e Vale) cresceu 8% anualmente, o Ebitda avançou 5,4% ante o 2T24 e o lucro líquido aumentou 17% ano a ano. As empresas domésticas tiveram performance superior às exportadoras de commodities, com receita e Ebitda crescendo 12% e 10% ano a ano, respectivamente, embora o lucro líquido tenha avançado apenas 2,3% ante o 2T24. A taxa Selic média no 2T25 foi de aproximadamente 14,6%, bem acima dos 10,6% registrados no mesmo período de 2024.

Por outro lado, os resultados das empresas commodities foram mais fracos, com receita em queda de 0,5% anualmente e Ebitda recuando 7% ano a ano.

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O BBA aponta que, em termos agregados, a alavancagem corporativa permaneceu estável em 1,8 vez a relação entre dívida líquida e Ebitda no 2T25 em comparação com o 4T24, uma vez que o aumento da dívida líquida foi acompanhado por um aumento do Ebitda durante o primeiro semestre do ano. Em termos setoriais, nove dos 16 setores apresentaram aumento na alavancagem em relação aos números do 1T25. Os setores de Siderurgia e Mineração e Bens de Consumo Cíclico apresentaram a queda mais notável, enquanto Distribuição de Combustíveis e Serviços Públicos apresentaram o maior aumento.

De olho no 3T25

Já as teleconferências deste trimestre mostraram uma melhora no sentimento, ressalta o Itaú BBA, com destaque para Shoppings e Imóveis, Construtoras, Alimentos e Bebidas, enquanto Petróleo e Gás, Bens de Capital e Siderurgia e Mineração tiveram visões relativas piores sobre o sentimento. Em relação aos principais temas discutidos, a inflação perdeu relevância, com a discussão se digerindo para o crescimento da receita e das vendas.

Olhando também para o 3T25, a Selic deve ficar no seu pico a 15% ao ano, o que pode continuar a pressionar o crescimento dos resultados das empresas nacionais, diz o BBA. “Ainda temos visibilidade limitada sobre a magnitude do impacto da desaceleração econômica nos resultados das empresas listadas, visto que nosso rastreador sobre a atividade nacional, o IDAT, já mostrava desaceleração em julho”, avalia.

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O Bradesco BBI também ressalta que, após resultados fortes no primeiro semestre de 2025, os últimos indicadores apontam para uma desaceleração mais ampla da economia, já impactada pelas juros reais mais altos do mundo.

Embora o efeito das tarifas comerciais dos EUA seja limitado, mas negativo, a equipe de Economia do BBI revisou para baixo as projeções de crescimento, indicando desaceleração significativa nos próximos trimestres, o que deve pressionar as estimativas de lucros focadas no mercado doméstico.

O Bradesco BBI, porém, vê o “copo meio cheio” com essa desaceleração, pois mercados acionários não refletem diretamente a economia, e menor atividade pode abrir espaço para cortes de juros e reavaliação de valuation.



FONTE

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