O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve acesso prévio à defesa do general Mário Fernandes no processo sobre a suposta trama golpista. O militar, em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), confessou ter elaborado um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com a Polícia Federal (PF), dois arquivos encontrados no celular de Bolsonaro guardam relação com Fernandes, autor do plano “Punhal Verde Amarelo”.
Os documentos, em formato .docx, tinham os nomes “minuta revisão final” e “Agravo Regimental versão final”. Ambos foram recebidos pelo WhatsApp, e não baixados por meio do site interno do STF.
O primeiro arquivo foi criado em 6 de março de 2025, às 19h54, mesmo dia e horário em que foi salvo no celular de Bolsonaro. O documento, de 26 páginas, foi produzido por um dos advogados do general e corresponde a uma petição apresentada ao STF no processo que investiga a trama golpista.
Segundo a PF, esse material é idêntico ao que foi protocolado no STF às 21h13 pelo advogado de Fernandes. A assinatura eletrônica do documento ocorreu às 21h03 — ou seja, 1h09 após o último salvamento do arquivo no aparelho de Bolsonaro.
“Nesse sentido, tendo em vista a notória semelhança entre o conteúdo do arquivo encontrado no aparelho celular do ex-presidente com aquele protocolado nos autos da PET 12.100/DF pela defesa do réu Mario Fernandes, evidencia-se que Jair Messias Bolsonaro teve acesso prévio ao conteúdo relacionado à defesa do general Mario Fernandes”, escreveu a PF.
Agravo Regimental.docx
O segundo documento localizado no celular de Bolsonaro tratava da investigação sobre um grupo de militares da ativa e da reserva que planejava impedir a posse de Lula em 2022 com ações violentas, incluindo a prisão ou eliminação de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes.
O agravo regimental questionava a decisão de Moraes que havia negado o pedido de prisão preventiva de Fernandes. O arquivo foi salvo no celular de Bolsonaro em 30 de dezembro de 2024, às 16h29, mas só foi protocolado no STF no dia seguinte, às 10h10.
Mario Fernandes é réu do núcleo 2 da suposta trama golpista. Ao STF, ele confessou ser autor do plano que pretendia matar Moraes, Lula e Alckmin. Inicialmente nomeado como “Fox_2017.docx”, o arquivo passou a ser denominado “Punhal Verde e Amarelo” por ele próprio.
“Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilado de dados, um pensamento, uma análise de riscos. Esse pensamento digitalizado não foi compartilhado com ninguém”, disse. “Eu garanto, neste momento, que se o meu HD fosse extraído, em nada acrescentaria ao processo. Esse arquivo é absolutamente descontextualizado”, completou Mario, na ocasião.
O Metrópoles tenta contato com a defesa do general Mario Fernandes.