O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), afirmou que teria agido de forma diferente durante a 15ª Conferência Municipal de Saúde caso pudesse voltar atrás. A declaração foi feita após toda a repercussão do caso envolvendo o uso de pronome neutro por parte de uma participante.
Leia também:
Ida de vice-prefeita termina em tumulto na Câmara e vereadores “esvaziam” plenário em protesto
Ele disse que não teria permitido o convite à professora aposentada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Maria Inês da Silva Barbosa, para ministrar palestra no evento, o mesmo onde ele interrompeu a fala da docente por ela utilizar linguagem neutra, gerando repercussão nacional.
“Hoje eu agiria diferente. Eu impediria que o conselho chamasse ela para ministrar”, declarou.
A declaração foi feita em entrevista após o Ministério Público Federal (MPF) divulgar uma nota pública em que classificou a conduta de Abilio como um “ataque à democracia”. O órgão criticou a atitude do prefeito por interromper a fala de Maria Inês e pontuou que o SUS deve ser espaço de inclusão e construção coletiva.
Na entrevista, Abilio rechaçou a ideia de que o Conselho Municipal de Saúde age de forma independente da Prefeitura, justificando que o presidente do colegiado é o secretário de Saúde, nomeado por ele, e que o evento é custeado com recursos do Executivo municipal.
“Quem é o presidente do conselho? É o secretário de Saúde. Quem nomeia esse secretário de Saúde? Quem custeia o conselho? Quem custeia o evento?”, rebateu.
Segundo o prefeito, o motivo para não permitir a participação da docente estaria relacionado ao que considera uma postura político-partidária da professora.
“Porque é uma militante. Depois das reuniões, inclusive numa entrevista sua lá no Instagram do Olhar Direto, ela declarou claramente que é uma militante política, que faz aquilo ali como um ato de militância, e que age de forma política. Então, eu não quero uma pessoa militante política, que aja de forma política, instruindo falas sobre a saúde de Cuiabá. Nós não vamos aceitar isso.”
Filtro
Abilio também afirmou que a Prefeitura passará a adotar um filtro mais rigoroso na escolha de palestrantes em eventos públicos, tanto na área da saúde quanto em outras esferas da gestão.
“Vai sim, vai sim. Nós não vamos aceitar no município de Cuiabá, não vamos aceitar nenhum militante político-partidário ser ministrador de nenhuma palestra.”
Questionado se esse filtro valeria para todos os espectros ideológicos, inclusive a direita, o prefeito respondeu que sim, desde que o conteúdo seja técnico e não partidário.
“Qualquer lado, qualquer lado. O próprio deputado federal Osmar Terra, por exemplo, que é um deputado da direita, esteve aqui na sua palestra, falou só da ciência, só da parte técnica. Assistam à palestra do Osmar Terra. Um deputado federal não fez sequer uma citação política partidária a nenhum candidato, a nenhum político, a nada”, comentou.
“Aqui no município de Cuiabá, quem for ministrar nas nossas escolas, quem for ministrar na rede de saúde, qualquer evento da Prefeitura, fará isso de forma técnica, sem militância política partidária, sem doutrinação ideológica, sem pronome neutro. Terá a língua portuguesa como norma culta definida e terá um posicionamento claro de que não faremos parte de militância política partidária de nenhum lado nos eventos da Prefeitura”, complementou.
FONTE