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Acordo entre Trump e Von der Leyen evita escalada tarifária com a União Europeia – CartaCapital


A poucos dias da entrada em vigor de uma nova rodada mundial de tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, o presidente Donald Trump encontrou-se neste domingo 27 com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para negociar um acordo alfandegário. Segundo Trump, os dois concordaram em limitar a alta das taxas a 15%, a metade do que o republicano ameaçava aplicar.

Ao final da reunião, ocorrida na Escócia, o presidente americano acrescentou que a União Europeia se comprometeu a aumentar os investimentos em 600 bilhões de dólares nos Estados Unidos, além de 750 bilhões de dólares em energia, principalmente na compra de gás natural.

O republicano, protagonista de uma ofensiva protecionista, havia definido o prazo de 1º de agosto para o aumento de 30% das tarifas sobre produtos europeus que entram nos Estados Unidos. Nesta data, devem entrar em vigor as taxas de 50% sobre diversos produtos do Brasil, entre outros países.

Não haverá “nenhuma extensão, nenhum atraso adicional”, alertou o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, pouco antes da reunião entre Trump e Von der Leyen, na cidade escocesa de Turnberry.

O líder americano chegou à Escócia na noite de sexta-feira 25 e havia estimado em “50% de chance” de chegar a um acordo com a alemã. Nesta tranquila cidade na costa oeste do país, a família Trump possui um resort de golfe de luxo, onde o encontro ocorreu no início da noite deste domingo. Pela manhã, o americano participou de uma partida de golfe.

Diversas fontes europeias indicaram que o texto em discussão previa taxas alfandegárias adicionais de 15% sobre as exportações europeias para os Estados Unidos, com tratamento mais favorável para setores como aeronáutica e bebidas destiladas, mas não para o vinho. Em troca, a UE se comprometeria a aumentar suas compras de gás natural americano e realizar uma série de investimentos.

Do lado europeu, qualquer pacto atingido neste domingo precisará ainda ser validado pelos Estados-membros da União Europeia. Von der Leyen declarou ter chegado “a um bom acordo, que trará estabilidade e previsibilidade” ao comércio bilateral.

Trump ameniza o tom contra a UE

Antes da reunião, Trump havia dito estar “ansioso” para se encontrar com Ursula von der Leyen, uma “mulher altamente respeitada” – um tom amigável que contrasta com as declarações anteriores de Trump sobre a União Europeia. Segundo ele, o bloco foi criado com o objetivo de “enganar” os Estados Unidos.

A União Europeia está atualmente sujeita a um imposto de 25% sobre automóveis, um imposto de 50% sobre aço e alumínio, além de taxas alfandegárias gerais de 10%.

Antes da reunião entre Ursula von der Leyen e Donald Trump, Bruxelas havia garantido estar pronta para retaliar os Estados Unidos, impondo tarifas sobre produtos e serviços americanos.

A Comissão Europeia também poderia congelar o acesso aos mercados europeus de compras públicas ou bloquear certos investimentos. Usar essa bazuca – chamada de instrumento anticoercitivo, como é chamado no jargão de Bruxelas – arrastaria a Europa e os Estados Unidos para uma escalada diplomática e econômica sem precedentes.

Popularidade em queda

Donald Trump, ex-incorporador imobiliário que escreveu um livro best-seller sobre “A Arte da Negociação”, afirma estar em uma posição forte. Mas algumas pesquisas mostram que os americanos questionam sua estratégia alfandegária e sua conduta nos negócios em geral.

Em uma recente sondagem da Gallup, seu índice de aprovação caiu para 37%, 10 pontos a menos que em janeiro. O bilionário nova-iorquino, que sempre ignorou escândalos e processos criminais, tenta se desvincular do caso Jeffrey Epstein.

Trump é acusado de falta de transparência sobre seu relacionamento com o rico financista, que morreu na prisão antes de um julgamento por crimes sexuais.

Anunciar um acordo com a UE, prometendo benefícios colossais para a economia americana, e na sequência de outros concluídos com Japão, Vietnã, Filipinas e Indonésia, pode ser uma distração bem-vinda para o público interno.

Terceira rodada de negociações com a China

Na segunda-feira, é a vez de os negociadores americanos se reunirem com a China, em Estocolmo, para evitar uma nova escalada da disputa comercial. A terceira rodada de negociações visa abordar as disputas econômicas de longa data entre os dois países, no cerne da guerra comercial sino-americana.

Citando fontes chinesas, o jornal South China Morning Post (SCMP) informou que Pequim e Washington devem estender a atual trégua tarifária por três meses e concordarão, durante esse período, em não impor novas tarifas ou tomar outras medidas que possam intensificar a guerra comercial, acrescentou o jornal.

De acordo com o SCMP, embora as negociações anteriores em Genebra e Londres tenham se concentrado na “desescalada”, a delegação chinesa também pressionará a equipe comercial de Donald Trump sobre as tarifas relacionadas ao fentanil.

A China tem o prazo final de 12 de agosto para chegar a um pacto duradouro com o governo Trump, após Pequim e Washington terem alcançado um acordo preliminar em junho para encerrar semanas de tarifas crescentes. Na ausência de um acordo, as cadeias de suprimentos globais poderão ser ainda mais prejudicadas por tarifas que podem ultrapassar 100%.

As negociações de Estocolmo serão lideradas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e pelo vice-premiê chinês, He Lifeng.

(Com informações da AFP e Reuters)



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