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Após criar crise com a Câmara, vice de Abílio é demitida de pasta


Divulgação

Abílio Brunini e a então candidata a vice-prefeita, Vânia Rosa, em campanha nas ruas de Cuiabá, em 2024

O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), exonerou, nesta sexta-feira (8), a vice-prefeita Coronel Vânia Rosa (Novo) do cargo de secretária municipal de Mobilidade Urbana.

A demissão, segundo se apurou, teria sido de comum acordo.

Mas, há rumores de que a assessora teria ficado “sem clima” no primeiro escalão do Palácio Alencastro, após ser protagonista do princípio de uma crise entre a Prefeitura e a Câmara de Vereadores.

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A polêmica teve origem depois que a presidente do Legislativo, Paula Calil (PL), se queixou sobre a dificuldade em dialogar com a vice-prefeita, enquanto secretária de Mobilidade.

A  parlamentar disse que não foi recebida pela então titular da Pasta, nas tentativas de visita institucional.

A exoneração, que já foi publicada na Gazeta Municipal, acontece um dia depois de ela protagonizar uma discussão com vereadores na Câmara Municipal.

A lua de mel do prefeito com os vereadores, na verdade, já havia entrado em modo conflito, com a presença de coronel aposentada da PM, Regivânia Alves Venâncio, mais conhecida como Vânia Rosa, na  Câmara Municipal, atendendo a um convite de Paula Calil.

E o que era para ser uma apresentação e explicações se transformou em crise política, que exigiu de Abílio muita articulação, além de ouvir o pedido de pelo menos seis vereadores de que ele deveria trocar a titular da Secretaria de Mobilidade Urbana. Obviamente, ela continua vice-prefeita, já que foi eleita em chapa com o titular.

A sessão ordinária, na quinta-feira (7), já começou tensa, pouco antes de vice-prefeita e então secretária.Tanto que o prefeito chegou antes da fala da assessora e tentou conter os ânimos. Mas,  mas como faz parte da natureza do chefe do Palácio Alencastro  gerar crise para evitar enfrentar e solucionar problemas, a participação de Vânia Rosa ocorreu.

Mas, não sem o protesto dos vereadores Denilson Nogueira (PP), Daniel Monteiro (Republicanos); Dra Mara Araújo (Podemos), Eduardo Magalhães (Republicanos); Ilde Taques (PSB) e de Baixinha Giraldelli (SD), sendo que alguns deixaram a sessão em protesto e defendiam não o convite da secretária para a Tribuna Livre, mas, sim, a sua convocação oficial, o que foi confirmado pelo líder do Governo, Dilemário Alencar (União), com data a ser agendada.

A sessão se prolongou e o prefeito conversou com vários vereadores e se reuniu em particular com outros, pouco depois de ser questionado pela imprensa e se posicionar contrários ao fato de a vice-prefeita Vânia Rosa ter, literalmente, ameaçado os vereadores de uma ação judicial por assédio político. E ainda declarou: “Se querem ir para o embate, estamos prontos”. No que seria uma postura tipicamente policialesca, de impor o império da força.

Como sempre, o polêmico Abílio – que, entre idas e vindas, constrói conflitos ou factóides (fato forjado não comprovado que se aceita como verdadeiro em consequência de sua repetida divulgação pela imprensa, com o intuito de atrair a atenção da opinião pública), desviando atenção dos problemas reais, tergiversando sobre a crise e assinalando que não seria uma questão de violência de gênero, mas, sim, de dissonância, quando uma boa parte dos vereadores apresenta discordância em relação à secretária.

“O que não se deve fazer é banalizar algo sério. Anda mais, em se tratando de relação política e institucional que deve acontecer a todo momento. Tanto que eu mesmo participo ativamente da relação com o Legislativo. Vou conversar com a secretária (vice-prefeita), até porque eu mesmo oriento a todos meus auxiliares que se antecipem aos problemas e venham ao Legislativo Cuiabano. Tratar vereadores bem o vereador é tratar o representante do povo. Eu mesmo dou o exemplo, e o papel do secretário é tratar bem o vereador, assim como eu faço, pois se ele trata mal o vereador, o que dirá do tratamento ao povo”, disse, na ocasião.

O prefeito ainda acrescentou que ser alvo de crítica é normal, faz parte das atividades políticas e parlamentar. “Fiscalizar é fundamental e ajuda a gente a melhorar o resultado”, disse Abílio, lertando que não ouviu a fala da secretária de Mobilidade Urbana.

No início da apresentação, a então titular da Semob confirmou que prorrogou, emergencialmente, o contrato como o Consórcio CMT (Cuiabá Monitoramento de Trânsito), até mesmo por uma exigência do Código de Trânsito Nacional (CTN), considerando a medida racional e necessária, pois, de 2014 a 2024 (mandato de Emanuel Pinheiro antecessor de Abílio Brunini), houve uma redução em 50% no número acidentes de trânsito.

Segundo ela, ggraças ao forte monitoramento eletrônico, lembrando ainda que o Município de Cuiabá assinou um TAC com o Ministério Público, que exige o monitoramento, diante do alto número de acidentes com vítimas.

“Essa fala política de indústria das multas não se sustenta, e os polêmicos radares não deixam que as pessoas, que a sociedade, vejam que ela necessita de regras mais rígidas, por causa do alto índice de acidentes com vítimas. O trânsito mata e mata muito, não apenas nas rodovias, mas também em ruas e avenidas. Então, o Brasil aderiu aos radares, lombadas eletrônicas, redutores de velocidade entre outras medidas do sistemas de trânsito, seja por decisão administrativa ou por imposição legal”, disse a secretária de Mobilidade Urbana, assinalando que apenas 0.13% dos veículos multados é de Cuiabá ou reincidente.

Mesmo reafirmando que o monitoramento eletrônico é imprescindível, ela justificou que o contrato com o Consórcio CMT cresceu mais de 100% entre os valores anteriormente aplicados para os atuais, saindo de valores totais (com 100% do cronograma instalado) da ordem de R$ 1.086 milhão/mês para R$ 1.144 milhão, após o reajuste do 2º Aditivo e saltou para R$ 2.213 milhões após 3º aditivo, segundo a última publicação feito na Gazeta Municipal, eme 25 de março de 2025, na Edição 1.083, nas páginas 3 e 4, com os respectivos quadros detalhados com o Extrato de Termo de Apostilamento.

“Os valores são maiores, porque o prefeito Abílio Brunini, após estudos, optou por lombadas eletrônicas, que têm maior transparência e melhor percepção dos condutores de automóveis, descartando os radares ou conhecidos pardais que a própria população reclamava que os mesmos eram escondidos apenas para multar”, completou..

A parte crítica foi que, mesmo já terminando sua apresentação, a vice-prefeita e então secretária de Mobilidade Urbana, claramente, desafiou a presidente da Casa, Paula Calil, ao dizer que a função pública a levou a colocar “panos quentes”. Ou seja, tentou evitar confrontar com quem quer que seja, mas negou que tenha deixado de atender à vereadora.

E disparou: “Não foi um não atendimento, e sim um impossibilidade de fazê-lo, por eu estar ausente, estar trabalhando in loco, nas ruas. Sou bastante operacional (outro termo utilizado com frequência pelas forças policiais), basta olhar as minha rede social. Nunca deixei de atender a ninguém, tanto que o vereador Macream Santos me procurou, estava em reunião e ele teve que aguardar um pouco, mas foi atendido”, disse, desdenhando das cobranças feitas e defendendo a necessidade de agendamento, como se vereador fosse menor que secretário. Ou mais desocupado.

Vânia Rosa, ainda não se dando por satisfeita e tentando intimidar os vereadores, reafirmou: “Nunca. Nunca. Nunca deixei de receber ninguém. Isso é uma inverdade, uma difamação”. E avançou em sua ameaça: “Essa é uma questão prevista no Código Penal. Então, isso é muito grave”, disse ela, que, neste exato momento, teve sua fala encerrada pela presidente da Câmara Municipal.

Aliás, a presidente não deixou barato e disparou: “Estive lá [na Prefeitura], em uma visita institucional, como representante eleita pelo povo de forma legítima e, em nenhum momento, eu faltei com respeito com a senhora, que poderia ter retornado minha ligação e não mandado uma mensagem, respondendo pelo WhatsApp. Até porque indicações eu fiz, os demais vereadores fizeram”. Encerrou a fala da titular da então Semob, que ainda insistiu em novamente rebater as criticas, mas foi impedida.

Após a sessão, na presidência e nos corredores da Câmara, as críticas se tornaram ainda mais ácidas. Vários vereadores chegaram a pedir que o prefeito Abílio Brunini promovesse a troca da titular da Semob, já que, como vice-prefeita, ela detém mandato eletivo, mas não necessariamente precisa ter cargo ou função pública.

No fim, os parlamentares foram atendidos, com o anúncio, na arde desta sexta-feira, da demissão da secretária.





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