A inteligência artificial é o ativo mais badalado de Wall Street em 2025. Startups do setor já levantaram mais de US$ 44 bilhões apenas no primeiro semestre, mais do que em todo o ano passado, e o total de investimentos deve se aproximar dos US$ 200 bilhões até dezembro, segundo o Goldman Sachs. Mas, apesar da avalanche de capital e da retórica de que a IA mudará para sempre a economia global, um estudo do MIT revela um cenário bem menos glamoroso: 95% das tentativas de adoção empresarial estão fracassando.
O relatório, intitulado The GenAI Divide: State of AI in Business 2025, analisou como companhias de diferentes setores estão integrando ferramentas como ChatGPT e Microsoft Copilot. O resultado é desanimador: apenas 5% dos projetos conseguem gerar “rápida aceleração de receita”, enquanto a esmagadora maioria não mostra impacto financeiro mensurável.
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Segundo os pesquisadores, a razão está na própria arquitetura dos sistemas de IA generativa. Eles não aprendem com feedback, não se adaptam ao contexto e não melhoram ao longo do tempo. Em vez de funcionarem como “assistentes autônomos” capazes de transformar processos inteiros, permanecem presos a fluxos de trabalho frágeis e descolados da rotina real das empresas. Assim, no máximo, elevam a produtividade individual de alguns funcionários, mas ficam longe de alterar a estrutura de lucros.
Isso cria um descompasso perigoso. As projeções mais otimistas já assumiam que a IA acrescentaria mais de US$ 6 trilhões à economia global até 2030. Para chegar lá, os ganhos de produtividade teriam de se acelerar em ritmo quase exponencial, algo distante da realidade atual, em que até os melhores sistemas conseguem concluir apenas 30% das tarefas de escritório para as quais são testados.
O estudo também questiona a tese mais repetida sobre a “substituição em massa” de empregos. Pelo menos nos próximos anos, afirma o MIT, os impactos tendem a se limitar a otimizações externas de custos, não a reestruturações internas profundas.
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Enquanto isso, o mercado financeiro continua precificando o contrário. O caso da Palantir chamou atenção. A empresa viu suas ações dispararem mais de 100% no ano, sustentadas pela expectativa de que seus contratos de IA com governos e companhias criariam uma trajetória imparável de crescimento. Mas em questão de dias, a euforia virou queda livre, a ação perdeu 17% em uma semana, com US$ 73 bilhões de valor de mercado evaporados após críticas de que sua valorização estava desconectada da realidade.
A ameaça de estouro da bolha amenizou no fim da semana, após Jerome Powell dar o sinal mais claro de que os cortes de juros nos EUA estão a caminho, levando Wall Street a mais um rali. A ação da Palantir, por exemplo, subia 2,2% na tarde de sexta. Mas o estudo do MIT serviu de alerta que o setor não está fora de perigo.
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Até mesmo Sam Altman, CEO da OpenAI, o maior símbolo da revolução, admitiu recentemente que o setor vive uma bolha. Se a promessa não sair do papel, o risco não é apenas de prejuízo em startups ou em algumas big techs: é de um colapso mais amplo, já que cada ano sem entregas concretas torna a conta mais pesada, e a decepção potencialmente mais devastadora para a economia global.