Início GERAL Bolsonaro violou medidas cautelares 5 vezes até ser preso

Bolsonaro violou medidas cautelares 5 vezes até ser preso


Divulgação

A estratégia de Bolsonaro: minimizar as acusações, se vitimizar e testar, passo a passo, os limites das cautelares que o mantinham fora da prisão

A escalada que terminou com Jair Bolsonaro (PL) atrás das grades, no fim de 2025, não começou na madrugada em que agentes da Polícia Federal bateram à sua porta para cumprir a prisão preventiva.

O caminho até ali foi longo, marcado por suspeitas, manobras e violações explícitas das medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal, ao longo de dois anos.

Cada episódio, isoladamente, já chamava atenção; juntos, formaram um retrato de afronta contínua às ordens judiciais.

Leia também:

Por unanimidade, STF mantém a prisão preventiva de Bolsonaro

Os primeiros sinais de desobediência surgiram ainda em 2024, mas ganharam força ao longo de 2025, quando Bolsonaro passou a tratar as restrições como parte de sua guerra política.

As próprias declarações do ex-presidente ajudavam a expor a estratégia: minimizar as acusações, se vitimizar e testar, passo a passo, os limites das cautelares que o mantinham fora da prisão.

SUSPEITAS E VIOLAÇÕES – Em fevereiro de 2024, após ter o passaporte apreendido e ficar proibido de deixar o país, Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria.

A visita, revelada depois pela imprensa internacional, gerou suspeitas de tentativa de obter proteção diplomática.

Pressionado, ele negou qualquer plano de fuga e declarou: “Não vou fugir, não vou sair do Brasil.”

A partir daí, os confrontos com as cautelares ficaram mais evidentes.

Em várias ocasiões, Bolsonaro adotou um discurso de desafio às ordens do Supremo.

Em uma delas, ao exibir a tornozeleira, disse que aquilo era “um símbolo da máxima humilhação”.

O gesto, porém, tinha menos de simbólico e mais de calculado: colocava a medida judicial como peça de sua narrativa política.

No meio desse percurso, os episódios se acumularam:

· Estada na embaixada da Hungria (fevereiro de 2024): dois dias na representação diplomática logo após perder o passaporte, levantando suspeitas de busca por asilo. Depois, Bolsonaro classificou as especulações como “perseguição política”.

· Discurso na Câmara divulgado nas redes por aliados (21 de julho de 2025): proibido de usar redes sociais direta ou indiretamente, Bolsonaro discursou no Congresso, exibiu a tornozeleira e teve o vídeo publicado por Eduardo Bolsonaro. Na fala, afirmou: “Sou inocente. Isso aqui é humilhação.”

· Ato de 3 de agosto de 2025: Bolsonaro participou por telefone de uma manifestação, e o áudio foi divulgado por seus filhos e aliados. No recado enviado ao público, disse que continuaria “lutando pelo Brasil”, apesar das restrições impostas. O episódio levou Moraes a decretar a prisão domiciliar.

· Contato com investigados no inquérito do golpe: relatório da PF apontou comunicação entre Bolsonaro e o general Braga Netto, além do rascunho de um pedido de asilo. O conjunto reforçou o risco de fuga e indicou violação da proibição de contato com outros investigados.

· Visitas políticas durante a domiciliar: mesmo proibido de receber visitas, Bolsonaro recebeu deputados e aliados em casa. Após a repercussão, a defesa pediu ao STF autorização formal para uma lista de visitantes.

· Tentativa de romper a tornozeleira eletrônica (21 de novembro de 2025): ponto de ruptura. Bolsonaro danificou o equipamento com um ferro de solda e, ao ser questionado, respondeu: “Eu meti ferro quente aí. Curiosidade.

BALANÇO FINAL – Ao fim de dois anos de medidas impostas pelo Supremo, o histórico do ex-presidente inclui:

· uma suspeita de tentativa de driblar a proibição de sair do país;

· duas violações diretas da proibição de uso de redes sociais;

· uma violação da proibição de contato com investigados;

· uma suspeita de descumprimento do isolamento na prisão domiciliar;

· e uma violação flagrante da tornozeleira eletrônica.

O acúmulo dessas condutas foi determinante para a decisão final do STF.

Não se tratou de um episódio isolado — foi uma sequência contínua que, passo a passo, levou Jair Bolsonaro à prisão preventiva. ·          





FONTE

Google search engine