Após quatro meses afastados por decisão judicial, os vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB) reassumiram seus mandatos na Câmara de Cuiabá nesta quinta-feira (4) e usaram a tribuna para rebater as acusações que os envolvem em um suposto esquema de corrupção investigado por meio da Operação Perfídia.
Ambos negaram ter recebido R$ 250 mil para favorecer a empresa HB20 Construções Eireli na aprovação de um projeto de lei e direcionaram críticas ao ex-funcionário da construtora responsável pela denúncia. O caso resultou no afastamento temporário dos parlamentares e em investigações conduzidas pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor).
Defesa de Joelson
Primeiro a falar, Joelson afirmou que mantém a “consciência tranquila” e garantiu que seu contato com a HB20 ocorreu apenas em razão de reclamações de fornecedores e funcionários que alegavam atrasos de até seis meses nos pagamentos. Segundo ele, a empresa chegou a responsabilizar a Câmara pelo impasse, alegando que um projeto de parcelamento do INSS estava travado na Casa.
“Esse projeto ficou mais de 30 dias parado. Levei a situação ao presidente Chico e mostramos que o problema não era da Câmara”, disse.
O vereador relatou ainda que, mesmo após o repasse da Prefeitura, a construtora não quitou dívidas e paralisou a obra. Joelson afirmou que o denunciante foi demitido dias antes de apresentar a acusação e já respondia a um inquérito por suposto desvio de R$ 4 milhões recebidos do município. Para ele, a denúncia teve como objetivo desviar a atenção e criar um “fato político”.
“O prefeito Abílio também acabou sendo usado, porque qualquer gestor daria atenção imediata a uma denúncia dessa gravidade. Mas o que ocorreu foi uma tentativa de embaralhar o jogo”, declarou.
Joelson concluiu dizendo que o episódio o fortaleceu espiritualmente. “Isso me aproximou mais de Deus. Hoje estou muito mais forte do que há quatro meses e trabalhando para perdoar quem me acusou.”
Críticas de Chico 2000
Já o ex-presidente da Câmara, Chico 2000, destacou que sua inclusão no inquérito se deu apenas por ocupar o comando da Casa na época. Ele reforçou que o projeto relacionado à HB20 passou por todas as comissões, recebeu recomendações do Ministério Público e ficou em tramitação por 42 dias.
“Todos os vereadores tiveram ciência. Como poderia haver favorecimento? Diferente de outras matérias, que chegaram e foram aprovadas em dois dias, esse projeto passou por todo o rito regular”, questionou.
Chico também criticou a condução da investigação. “Se a equipe tivesse conhecimento do processo legislativo, nada disso teria acontecido. A honra é como um travesseiro de plumas: quando se rasga, as plumas voam e nunca mais se consegue juntar.”
Durante o afastamento, o vereador disse ter trabalhado como garçom em uma peixaria da capital para evitar a depressão.
Operação
Deflagrada em abril, a Operação Perfídia cumpriu 27 ordens judiciais, incluindo buscas e apreensões na Câmara de Cuiabá, bloqueio de bens e quebra de sigilo telefônico e eletrônico de cinco investigados. O nome da operação faz referência à traição de compromissos públicos em benefício próprio.
Com a decisão da Justiça, Joelson foi beneficiado por um habeas corpus que posteriormente se estendeu a Chico 2000, permitindo o retorno de ambos ao Legislativo municipal.