O alcance prático da sanção, pouco conhecido porque não foi aplicada a nenhum brasileiro até agora, inclui o bloqueio de serviços de empresas americanas. “Isso inclui Gmail, redes sociais, Microsoft e também o cartão de crédito com bandeira americana, que no caso são Visa e Mastercard”, explica Thais Bilenky.
Segundo conversas da colunista do UOL com profissionais do mercado financeiro, o cenário preocupa: “O Alexandre de Moraes tem conta em banco brasileiro e cartão de crédito, como boa parte dos brasileiros também. Ele ser sancionado pela lei Magnitsky significa que ele vai ter que ter o cartão de crédito, se for uma bandeira americana, cancelado.” Os bancos que estudam o alcance das medidas chegaram a uma conclusão mais grave: além de cancelar cartão de crédito, eles vão eventualmente precisar encerrar a conta do Alexandre de Moraes.
O dilema fica complexo quando se considera uma possível reação da Justiça brasileira. “O banco X vai lá e encerra a conta do Alexandre de Moraes para evitar sanções do governo americano. Aí a Justiça Brasileira dá uma liminar e obriga aquele banco a atender um cliente brasileiro que está adimplente, que não tem nenhuma irregularidade que justifique”, descreve Bilenky. “Aí o banco vai precisar decidir se ele vai acatar a decisão da Justiça Brasileira ou aceitar uma determinação do governo americano.”
As consequências de não seguir as determinações americanas podem ser devastadoras. “Os Estados Unidos podem tirar esse banco do sistema de pagamentos deles. Ele pode não permitir mais pagamento em dólar, não permitir mais conta em dólar no exterior. Ele pode impedir que esse banco faça negócios com empresas americanas. Ele pode, de uma forma no limite, inviabilizar o negócio de um banco grande”, alerta a colunista do UOL.
As ações de Trump também podem estar beneficiando politicamente Lula, observa Toledo. “O Lula acabou de dar uma entrevista para o New York Times depois de 13 anos e foi nomeado pelo New York Times como o maior líder anti-Trump do mundo”, destaca Toledo. “É o Lula que está brigando para cima e o Trump está brigando para baixo.”
Para o ex-presidente Bolsonaro, as consequências são ainda mais graves. “Agora ficou muito mais improvável ainda uma absolvição do Bolsonaro”, avalia Bilenky. “Absolver Jair Bolsonaro vai ser um atestado de subserviência aos Estados Unidos, coisa que já não era provável antes, agora se torna menos ainda.”