Início GERAL Convenções revelam ruptura; Jayme sinaliza para aliança com Janaina

Convenções revelam ruptura; Jayme sinaliza para aliança com Janaina


Reprodução/Agência Senado e ALMT

O senador Jayme Campos, que está sem espaço na federação União Progressista, e a deputada estadual Janaina Riva, que assumiu o comando do MDB no Estado

Sinais. Assim se resume a realização de duas convenções partidárias de possíveis estrelas no processo eleitoral de 2026, quando se disputarão o Governo do Estado – com candidato a vice – duas vagas de senador da República, oito ou dez vagas de deputado federal e 24 ou 30 vagas de deputado estadual.

A divergência no número de vagas para as disputas proporcionais de deputado federal e estadual é decorrente de um Projeto de Lei Complementar (PLC), aprovado pelo Congresso Naciona,l que elevou o número de deputados federais no Brasil de 513 para 531 e, conseqüentemente, aumentando também a representatividade nas assembleias legislativas.

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Acontece que este PLC,r que é decorrente de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), foi vetado pelo presidente Lula (PT). Então, se o Congresso derrubar o veto, as bancadas de Mato Grosso podem saltar de 8 para 10 vagas de deputados federais e de 24 para 30 vagas de deputados estaduais, a serem eleitos em 2026 e empossados em 2027.

De um lado, o grupo liderado pelo governador Mauro Mendes (União Brasil), que se uniu com o Partido Progressista (dos ex-senadores Blairo Maggi e Cidinho Santos) e formalizou, definitivamente (restando apenas à aprovação por parte do Tribunal Superior Eleitoral – TSE), a Federação União Progressista, que, obrigatoriamente, tem que perdurar por quatro anos e pode, no futuro, representar uma fusão entre as siglas.

Do outro lado, a convenção do MDB, que elegeu, pela primeira vez, uma mulher, a deputada Janaina Riva (MDB). Ela é pré-candidata a uma das duas vagas para o Senado em 2026, mas não descarta, até mesmo ,disputar o Governo do Estado.

Janaina sucede ao ex-deputado federal Carlos Bezerra na direção do MDB, após ele comandar com “mão de ferro” o partido por mais de três décadas.

Apesar de União Brasil, PP e MDB terem caminhado juntos nas eleições de 2018 (eleições gerais); 2020 (eleições municipais); 2022 (eleições gerais) e 2024 (eleições municipais), com relação ao que se projeta para 2026, os três partidos caminham para o confronto ,que foi deflagrado antecipadamente dentro da Assembleia Legislativa pela própria deputada e agora presidente e líder do MDB em Mato Grosso, ao tomar conhecimento que o Governo Mauro Mendes se articulava, pelos sombrios corredores palacianos, conspirando contra sua atuação política, que cativa uma considerável parte do eleitorado.

Da tribuna do Parlamento – onde nascem as oposições mais consistentes e que, em disputas passadas derrubaram grandes líderes políticos -, Janaina Riva, que já despontava como favorita tanto para uma das duas vagas no Senado da República (situação que, a cada dia, demonstra estar mais consolidada), enfatizou que o Governo Mauro Mendes seria seletivo na liberação de emendas parlamentares.

Ou seja, nas emendas de sua autoria, existiriaa uma “ordem expressa” para que elas fossem proteladas e, até mesmo, retiradas da lista de pagamentos, mesmo em se tratando de emendas impositivas, aquelas que o Governo do Estado é obrigado a pagar (Saúde; Educação, Esporte e Cultura) no exercício financeiro subseqüente à apresentação.

No início, o chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, que é deputado federal licenciado, tentou negar, mas acabou se condenando, pois, em vez de responder a provocação política com argumentos, resolveu apelar para o histórico familiar da parlamentar (leia-se José Riva).

AUSÊNCIAS – Sobre o cenário atual que antecede as eleições de 2026, a primeira convenção foi da Federação União Progressista, que, primeiro, foi formalizada em nível federal, na última terça-feira (19), em Brasília, e na quinta-feira (21) em nível estadual e demonstrou estar o grupo político fragmentado. Afinal, deixaram de comparecer à convenção o senador Jayme Campos, o deputado federal Coronel Assis e os deputados estaduais Eduardo Botelho, Júlio Campos (que disse não ter sido convidado) e Sebastião Rezende.

Dos deputados esttaduais, o único presente foi o líder do Governo, Dilmar Dal’Bosco, que minimizou a ausência dos demais líderes do União Brasil, assegurando que é possível contemplar e, principalmente, montar uma chapa vencedora nas eleições do ano que vem.

O que mais chama a atenção, no entanto, é que os ausentes da convenção da Federação União Progressista estiveram na convenção do MDB, em que Janaina Riva foi eleita presidente regional.

Inclusive, o senador Jayme Campos discursou para os presentes e deu um tom de aliança e de recepção às pretensões eleitorais da nova presidente do MDB. Tanto que, questionado pela imprensa, ao chegar ao evento, ele admitiu trabalhar para voltar a Governo de Mato Grosso, mas não despreza a possibilidade de também disputar a reeleição para um terceiro mandato de senador.

Para analistas,a fala de Jayme, na convenção emedebista, demonstrou disposição e empenho em continuar trabalhando e construindo projetos.

“Faço política de inclusão, ou seja, não excluo ninguém. Quem quiser nos acompanhar em busca de um Mato Grosso melhor e mais próspero para todos, estamos prontos para sentar, dialogar e construir futuros” assinalou Jayme. Ele disse que, antes de pensar em nova disput,a tem muito trabalho a ser realizado. E acrescentou: “Enquanto alguns buscam apresentar propostas, eu apresento tudo que já realizei em meu mandato de senador e que representam mais de R$ 1 bilhão em investimentos em Mato Grosso e em suas 142 cidades”.

Jayme Campos reafirmou, mais de uma vez, a convicção de caminhar com Janaina Riva,nas próximas eleições.

Vale lembrar que, recentemente, em jantar na casa do ministro Carlos Fávaro (PSD), senador licenciado foi discutida a possibilidade de ambos também caminharem juntos. Inclusive, compondo com o MDB. Ou seja, aproveitando os nomes de Jayme, Fávaro e Janaina para compor uma chapa e disputar as eleições de 2026.

O Partido Progressista, sob o comando do ex-senador Cidinho Santos e do deputado estadfual Paulo Araújo, também demonstrou força ao filiar a empresária Margareth Buzetti, que exerce o mandato de senadora por ser a primeira suplente de Carlos Fávaro, que comanda o PSD no Estado.

Como Fávaro e Buzetti trafegam em campos partidários opostos e conflituosos – tanto que, vira e mexe, ambos trocam ameaças e a senadora não aceitourodízio para que o segundo suplente, o ex-deputado José Lacerda, assumisse o mandato -, dificilmente eles estarão no mesmo palanque. Afinal, a federação União Progressista está mais para centro, com alguns sintomas de extrema-direta. O PSD está mais para centro-esquerda, aliado ao PT.

Outra filiação que reforçou a chapa para a Câmara Federal foi do vereador por Cuiabá, Kássio Coelho, que era filiado ao Podemos, hoje sob o comando do presidente da Assembleia Legislativa, Max Russi, que deu uma carta autorizando sua troca de partido, sem estar no prazo da janela previsto na legislação eleitoral para troca de partidos daqueles que são detentores de mandatos eletivos proporcionais.

Aliás, em ambas as convenções partidárias, outra figura importantee tentou se impor como nome de consenso: o senador Wellington Fagundes (PL), que se autodeclara o único candidato de direita e com o apoio de Jair Bolsonaro e que, com essa postura, mantém afastado possíveis aliados, que podem ser tornar adversários.

Wellington ainda aproveitou para demonstrar proximidade com os senadores Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Thereza Cristina (PL-MS), que prestigiaram a convenção da União Progressista e a filação de Margareth Buzetti e Kássio Coelho ao PP.

Mas, ele também foi à convenção do MDB, já que Janaina Riva, a nova presidente da sigla, é sua nora. E, apesar de terem projetos distintos, mas que vão acabar se esbarrando bem ali no futuro eleitoral, participou do evento e, na medida do possível, tentou amarrar eventuais apoios.

Os resultados das últimas eleições, em 2018, 2020, 2022 e 2024, em Mato Grosso, apontam para uma preferência pelos bolsonarismo, pela direita, com um leve toque para a extrema-direita. E, como tanto o União Progressista como o MDB demonstram mais afinidade com a direita, a presença de Wellington Fagundes foi bem recepcionada, mas com certa indiferença. Ele ainda está longe de se tornar, por enquanto, uma candidatura viável que convença a maioria dos líderes de ambos os partidos a declararem apoio à sua pretensão eleitoral.

As sinalizações são mais do que satisfatórias a uma eventual aliançaentre o MDB e o PL, mas falta o tempero final: como contemplar a todos os candidatos, se não existem vagas possíveis.

A fala do presidente do PP, Ciro Nogueira e da senadora Thereza Cristina, que foi ministra da Agricultura no Governo Bolsonaro, durante o evento da federação, foram no sentido de PL e MDB estarem juntos em 2026.

O mesmo repetiu o presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), que, além de referendar a ascenção de Janaina Riva à direção do partido em Mato Grosso,  disse que o seu partido deve construir projetos próprios nos estados, mas voltados para uma candidatura à Presidência da República de centro ou de direita.

Como, até o momento, o PL, não tem um nome certo, mas ainda sonha com a possibilidade de ver Jair Bolsonaro e elegível, as conversações não fluem, como desejam alguns lideres afoitos por uma decisão antecipada.

Os esforços de Wellington Fagundes para se viabilizar como candidato único, tanto de centro como de direita, no entanto, esbarram em outras pretensões. Como as do também pré-candidato e vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), que fez questão de chegar na convenção acompanhado do governador Mauro Mendes, seu maior cabo eleitoral.

Aliás, Pivetta articulou para ter aliados de peso na preferência eleitoral, inclusive dentro do PL de Wellington Fagundes.

Os prefeitos de Cuiabá e de Várzea Grande, Abílio Brunini e Flávia Moretti, respectivamente, simplesmente isolaram o senador liberal e o presidente da sigla, o secretário de Governo de Cuiabá, Ananias Filho, ao tratarem Pivetta como “um ótimo nome”, em detrimento do senador Wellington Fagundes, que foi tratado por ambos como “um bom candidato”.

Pivetta e Wellington têm necessidade de se impor para conquistar o direito de disputar as eleições liderando o maior número de partidos e evitar confrontos. Pelo menos, neste momento, apostando na possibilidade de uma composição ou, até mesmo, no recuo de alguma das pré-candidaturas até o momento colocadas.

O problema é a falta de um comando nacional, pois as eleições são interligadas em todas suas esferas.Ou seja, presidente da República, governador de Estado, senador, deputado federal e deputado estadual.

Como existe um vácuo de possíveis nomes presidenciáveis, as amarrações nos estados são mais fáceis de ser conduzidas, pois estão, em tese liberadas. Mas, nem sempre isto representa um acordo fechado, pois são muitas as amarrações e os acordos, na maioria das vezes, acabam cedendo espaço para novos acordos e novas candidaturas.

PRESENÇAS – Na convenção do MDB, se presenciou a amplitude das conversações de bastidores, como a presença, no palanque de Janaina Riva, do presidente do PRD, Mauro Carvalho, que é primeiro suplente do senador Wellington Fagundes e sócio de Mauro Mendes e Pivetta.

Se Wellington for eleito governador, Mauro Carvalho vira senador por quatro anos. Se Otaviano Pivetta se eleger governador, Mauro Carvalho, que foi chefe da Casa Civil de Mauro Mendes e homem forte do seu Governo, vai ter forte influência na nova gestão.

Outro presente ao evento do MDB foi o senador Cidinho Santos (PP), homem de confiança tanto de Mauro como de Pivetta e que compôs chapa com Blairo Maggi, nas eleições de 2010, como primeiro suplente de senador República. Assumiu a titularidade do cargo boa parte dotempo, em razão dos afastamentos de Blairo,que, depois, foi ministro de Agricultura no Governo Michel Temer (MDB).

A presença tanto de Mauro Carvalho como de Cidinho Santos na convenção do MDB é uma sinalização de que o grupo liderado por Mauro Mendes, apesar dos pesares, não quer perder o apoio dos emedebistas. E também vislumbra a possibilidade de ter Janaina Riva como candidata na chapa.

O problema é o mesmo vivenciado dentro do próprio União Brasil, hoje União Progressista. O fato de existir apenas três cargos majoritários de importância, o de governador e dois senadores, pois o vice-governador e os dois suplente de cada senador são cargos figurativos, utilizados apenas para composição com partidos que detêm certo poder político.

Mais próxima do senador Jayme Campos, Janaina Riva, agora como presidente do MDB, tem outras preocupações, além da sua candidatura ao Senado, como o fato de montar chapa para as eleições proporcionais para deputado federal e para deputado estadual.

O número de deputados federais eleitos é que norteia o volume de recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, além do tempo da propaganda eleitoral, que é essencial, principalmente, para as candidaturas majoritárias.

Portanto, agora a nova presidente do MDB tem que realizar as costuras, visando sua candidatura, que, se for majoritária (Governo do Estado ou Senado), demanda novos entendimentos, bem como tratar as chapas proporcionais, que é de onde vem a força dos partidos e que por força ou pressão partidária poderá ser o seu próprio destino, só que na Câmara Federal, pois para a Assembleia Legislativa os acordos já estariam fechados pela própria Janaina.

Nas últimas eleições Janaina Riva e o MDB estiveram no palanque de Mauro Mendes e do União Brasil. Mas. nos últimos meses, a sua presença passou a incomodar alguns ocupantes do Palácio Paiaguás, os mais próximos ao chefe do Poder Executivo, que apostaram que a deputada iria desistir do projeto de ser candidata ao Senado.

Por outro lado, na falta de perspectiva (cargos majoritários) e no erro do governador Mauro Mendes em declarar antecipadamente Otaviano Pivetta como seu candidato à  sucessão estadual, acabou por fechar portas dentro do próprio União Brasil (leia-se Jayme Campos), que arrasta alguns nomes de peso, caso ele decida ir para o confronto eleitoral dentro da sigla, dentro do processo eleitoral ou, até mesmo, sair da sigla e migrar para um partido adversário.

No melhor estilo do ditado popular, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, os partidos ainda aliados, mas com rusgas que parecem insuperáveis, pois terão que existir recuos para que todos possam ser contemplados em uma disputa eleitoral de muitos candidatos e poucas vagas, resta saber se as sinalizações mandadas nas convenções realizadas serão ou não assimiladas.

A ausência, durante a convenção de lideres do União Progressista, o senador Jayme Campos e os deputados estaduais Eduardo Botelho, Júlio Campos, Sebastião Rezende e o deputado federal Coronel Assis e a presença deles na convenção do MDB, em apoio a Janaina Riva, já demonstra o quão difícil será a missão de construir consenso para que o União Progressista não seja Desunião Progressista.





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