Fôlego para Lula pode estar na composição do colegiado; dentre os titulares, a maioria pertence a blocos historicamente governistas
A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) inicia os trabalhos na 3ª feira (26.ago.2025). No encontro, serão analisados os primeiros requerimentos. Só no 1º dia, foram apresentados ao menos 586 pedidos por parte dos congressistas.
Também ficou em aberto a escolha do vice-presidente, que deve ser nomeado durante a reunião. O plano de trabalho será entregue pelo relator Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) na 5ª feira (28.ago).
Até a manhã em que a comissão foi instalada, na 4ª feira (20.ago), o governo estava despreocupado. Havia dado como encerrado o assunto das fraudes no instituto. Omar Aziz (PSD-AM), indicado pelo presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidiria o colegiado. Aliado ao governo, a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acreditava ter nas mãos o controle da CPMI.
Numa reviravolta, a oposição conseguiu emplacar o senador Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência no lugar do mineiro. O então relator Ricardo Ayres (Republicanos-TO) também perdeu o posto para Alfredo Gaspar –aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Agora, o governo terá de lidar com um novo problema no Congresso. A oposição ditará o ritmo do colegiado. É escolha do presidente os requerimentos que serão colocados para votação.
Há pedidos para convocar ministros de Lula, ex-presidentes do INSS e até o irmão do petista, Frei Chico, que é vice-presidente de uma das entidades investigadas pela PF (Polícia Federal) por descontos indevidos nos benefícios. Assim como pedidos de quebra de sigilos –bancários, fiscais e telefônicos.
Com a relatoria, a oposição também terá controle sobre quem será indiciado ou não ao fim da comissão.
Pode estar na composição do colegiado o fôlego ao governo. A comissão é formada por 16 senadores e 16 deputados. Dentre os titulares, a maioria pertence a blocos historicamente governistas: Democracia, Vanguarda e Aliança. Leia aqui os integrantes.
OPERAÇÃO SEM DESCONTO
Em 23 de abril, a PF (Polícia Federal) deflagrou a operação Sem Desconto para investigar um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS.
A investigação identificou a existência de irregularidades relacionadas aos descontos de mensalidades associativas aplicados sem autorização dos beneficiários sobre suas aposentadorias e pensões, concedidos pelo INSS.
O caso levou à demissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT). O pedetista foi aconselhado por deputados a deixar o cargo, sob a condição de que alinhasse o discurso de que as fraudes começaram no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as apurações ficaram a cargo do governo petista.