A Polícia Militar desarticulou nesta quarta-feira (29) um sequestro e um “Tribunal do Crime” que estava sendo organizado por membros do Comando Vermelho (CV) em Jaciara (147 km de Cuiabá). O alvo era um funcionário de uma empresa de grãos que seria levado para a “quebrada” para ser submetido a um “salve” e, possivelmente, morto.
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A ação resultou na prisão de dois suspeitos e na condução do proprietário da empresa, que teria presenciado todo o ocorrido sem intervir.
A PM foi acionada via 190 após a esposa da vítima, M.N.G. (26 anos), realizar uma denúncia de sequestro em andamento em uma empresa de grãos e cereais, no Bairro Planalto.
A vítima relatou que, logo após iniciar o expediente, foi abordada por um colega de trabalho, T.S.S. (23 anos), que iniciou um interrogatório com perguntas pessoais sobre sua origem, antecedentes criminais e locais onde havia morado.
Pouco depois, P.H.D.F. (21 anos), indivíduo já conhecido no meio policial, chegou ao local portando uma arma de fogo e se apresentou como integrante do Comando Vermelho (CV).
O suspeito iniciou um interrogatório semelhante, questionando a origem da vítima, se possuía antecedentes criminais, se pertencia a alguma facção e até solicitando seu número de CPF.
Conforme relato, P.H.D.F. repassava as respostas em tempo real, via mensagens, a outros integrantes do grupo criminoso. O suspeito também perguntou sobre as tatuagens da vítima e, em determinado momento, quis saber se ele já havia sido “averiguado” pelo CV — termo que, segundo o suspeito, se referia à “checagem” feita pela facção para identificar possíveis membros de grupos rivais.
A vítima declarou que nunca pertenceu a nenhuma facção criminosa e que estava na cidade apenas para trabalhar. Diante disso, o suspeito afirmou que retornaria mais tarde para levá-lo a uma “averiguação”.
Por volta das 11h, P.H.D.F. retornou à empresa e informou à vítima que seria levada para a “quebrada”, onde passaria por um “tribunal do crime”, mencionando que, em razão de suas tatuagens e por ser natural de outro Estado, seria submetido a um “salve” — castigo físico aplicado por membros do Comando Vermelho — podendo até ser morto, conforme decisão do grupo criminoso.
A vítima relatou ainda que seria levada por P.H.D.F. em uma motocicleta Honda Bros, com T.S.S. realizando a escolta no veículo Renault Logan.
Durante a confecção do boletim, a vítima acrescentou que, desde o primeiro momento em que foi abordada, o proprietário da empresa, T.D.S. (40 anos), acompanhou toda a situação, chegou a conversar com os suspeitos e presenciou o momento em que P.H.D.F. retornou armado ao local, não tendo em momento algum tentado intervir ou acionar a Polícia.
Diante dessa informação, a guarnição retornou à empresa e conduziu o referido proprietário para a Delegacia, a fim de prestar esclarecimentos.
Em razão da gravidade da ameaça, a vítima entrou em contato com sua esposa, relatando o ocorrido. A jovem acionou a Polícia Militar, que compareceu ao local, efetuando as abordagens, identificações e demais procedimentos cabíveis





