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Delegado detalha a júri atrocidades cometidas por réu da Chacina de Sorriso: “a cidade nunca mais será a mesma’



O delegado Bruno França prestou depoimento no Tribunal do Júri durante o julgamento de Gilberto Rodrigues dos Anjos, acusado dos crimes de estupro, estupro de vulnerável e feminicídio contra Cleci Calvi Cardoso, 46 anos, Miliane Calvi Cardoso, 19 anos, Manuela Calvi Cardoso, 13 anos, e Melissa Calvi Cardoso, 10 anos. O caso ficou conhecido como a “Chacina de Sorriso”.

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Os crimes ocorreram na madrugada entre os dias 24 e 25 de novembro de 2023. Conforme já confessado pelo réu, ele invadiu a residência das vítimas e cometeu os atos criminosos. Os corpos foram encontrados somente na manhã de 27 de novembro, com diversos ferimentos e sinais de violência sexual, com exceção da menina de 10 anos.

À época, Gilberto trabalhava e residia em uma obra ao lado da casa das vítimas. O pai e esposo das vítimas estava em viagem a trabalho. O réu foi preso logo após a descoberta dos corpos e confessou os crimes em depoimento à Polícia Civil de Sorriso.

Bruno França foi a terceira testemunha ouvida e atuou na condução do inquérito policial. Questionado pelo Ministério Público sobre como tomou conhecimento dos fatos e quais providências foram adotadas, ele relatou que, na manhã de segunda-feira, recebeu uma ligação do Corpo de Bombeiros informando sobre a localização de corpos do sexo feminino em uma residência.

Inicialmente, suspeitou-se de alguma ligação com o tráfico de drogas. No entanto, ao ser informado de que as vítimas estavam em um ambiente doméstico, o delegado descartou essa hipótese. Ao chegar ao local, relatou ter se deparado com uma cena chocante e determinou que ninguém entrasse na residência até a chegada da perícia.

Conforme Bruno, a equipe pericial constatou que nada havia sido subtraído da casa e que as mortes estavam relacionadas a crimes sexuais e feminicídio, “cometidos de forma absurdamente violenta”, descreveu o delegado.

Ainda de acordo com ele, o comandante da Polícia Militar foi acionado e iniciaram-se buscas pela região. Havia várias provas na cena do crime, como pegadas de chinelo que seriam compatíveis com o do autor. Durante a investigação, um jornalista informou que uma mulher desejava repassar uma informação: segundo ela, seu marido trabalhava na obra ao lado da casa das vítimas e relatou que, ao descobrirem os corpos, todos os pedreiros correram para ver, exceto um — que usava uma camiseta amarela.

O comportamento chamou atenção do delegado, que se dirigiu à obra. Lá, encontrou Gilberto. As respostas do suspeito eram desconexas, e ele apresentou apenas uma cópia de documento de identificação. Desconfiado, Bruno França solicitou que o homem apresentasse o chinelo que usava. Inicialmente, Gilberto negou possuir o calçado, mas, diante da insistência, entregou o chinelo, que foi analisado por peritos e identificado como compatível com as marcas deixadas na cena do crime.

Com a confirmação, Bruno França deu voz de prisão a Gilberto. Investigadores informaram, na sequência, que ele possuía histórico criminal. “A gente já tinha certeza de que ele era o autor. Agora sabíamos que era um criminoso em série”, afirmou.

Ainda segundo o delegado, ao ser questionado sobre o motivo dos crimes, Gilberto alegou estar sob efeito de drogas. A prisão foi realizada sem o uso de algemas, por orientação da equipe, que temia um possível linchamento. O próprio réu reconheceu o risco e pediu para ser retirado do local. Ele foi conduzido até a viatura e levado à delegacia, onde prestou novo depoimento.

Durante a revista em seus pertences, foi encontrada uma calcinha limpa, que, segundo o delegado, seria uma espécie de “lembrança” dos crimes. Bruno também descreveu o estado em que os corpos foram encontrados.

No depoimento ao assistente de acusação, o delegado informou que, da obra onde Gilberto trabalhava, era possível observar o interior da residência. O réu confessou ter monitorado a rotina da família dias antes do crime, aguardando o momento em que as vítimas estivessem em casa e dormindo para agir. Havia, inclusive, um andaime que facilitava o acesso ao imóvel pelos fundos, próximo a um lavabo, já que a entrada pela frente era protegida por cães.

Após os crimes, Gilberto ainda se lavou no local e tentou esconder vestígios.

Bruno França destacou a brutalidade dos assassinatos: “Essa cidade nunca mais será a mesma”, declarou. E completou: “Ninguém daquela casa será a mesma pessoa”.

De acordo com ele, o réu relatou os crimes com “serenidade”, “como se estivesse contando uma pescaria”, e com uma “tranquilidade assustadora”. A única emoção percebida, segundo o delegado, foi tristeza por ter sido preso.

A perícia confirmou que houve conjunção carnal com três das quatro vítimas, com exceção da menina de 10 anos.



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