No ato de domingo (7.set), o governador de São Paulo declarou que “ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”
As declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante o 7 de Setembro na avenida Paulista, agradaram ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Na ocasião, Tarcísio subiu o tom contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e pressionou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pautar a anistia. Em entrevista ao Poder360 nesta 2ª feira (8.set.2025), Eduardo disse que o governador, que foi ministro no governo de seu pai, Jair Bolsonaro (PL), “veio para somar”.
“Eu vou evitar entrar em polêmica com o governador Tarcísio. Mais uma vez, o assunto da eleição não é para agora. Ele é, principalmente, para o ano que vem. E quem vai decidir isso tudo caso esse cenário onde o Bolsonaro não possa [concorrer] se configure será o próprio Jair Bolsonaro. Do Tarcísio eu tenho um elogio a fazer: eu acho que ele, na manifestação, foi muito feliz no seu discurso. Espero que essa fala seja permanente, seguida das suas condutas pró-anistia e acho que nesse momento isso é o principal”, afirmou.
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Assista à íntegra da entrevista (1h13s):
Durante a manifestação em São Paulo, Tarcísio, que sempre manteve um discurso mais ponderado que a família Bolsonaro, declarou que “ninguém aguenta mais a tirania” de Moraes. “Ninguém aguenta mais o que está acontecendo nesse país. Nós não vamos mais aceitar que nenhum ditador diga o que a gente tem que fazer”, disse o governador.
A declaração de Eduardo nesta 2ª feira (8.set) marca uma reviravolta na animosidade do deputado em relação ao governador. Jair Bolsonaro disse, em entrevista ao Poder360 em agosto de 2025, que Eduardo estava sendo imaturo nas suas críticas a Tarcísio, que eram recorrentes. A fala rendeu críticas em mensagens entre filho e pai.
Questionado se apoiaria Tarcísio na disputa à Presidência, Eduardo disse a este jornal digital que ainda não é o momento de fazer essas escolhas. E declarou que a definição caberá ao ex-presidente, caso não possa concorrer em 2026. O congressista destacou que, assim como ele, Tarcísio considera Bolsonaro o candidato natural do grupo político.
Em 2023, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tornou Bolsonaro inelegível por 8 anos por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Na 6ª feira (12.set), ele pode ser condenado a até 43 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Tarcísio é considerado o principal herdeiro político do bolsonarismo, apesar de publicamente não confirmar que disputará o pleito.
MANIFESTAÇÕES NO 7 DE SETEMBRO
Aliados e apoiadores de Bolsonaro realizaram atos em várias cidades do Brasil no domingo (7.set), às vésperas da semana decisiva do julgamento do ex-presidente. A 1ª Turma do STF retoma o caso na 3ª feira (9.set) e deve chegar a uma decisão até 6ª feira (12.set).
Bolsonaro está em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica e impedido de usar as redes sociais ou “pré-fabricar” conteúdos que possam ser usados na internet a fim de interferir em seu julgamento, em curso no STF.
O principal ato foi na av. Paulista, em São Paulo. Reuniu cerca de 48.800 pessoas, segundo contagem do Poder360. O tema central dos atos foi a anistia, tanto dos condenados por invadir os prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 quanto do próprio ex-presidente. O projeto voltou a ganhar força na semana passada, com a entrada de Tarcísio na articulação.
No mesmo dia, partidos e movimentos sociais de esquerda também organizaram manifestações em diversas cidades. A principal foi na praça da República, em São Paulo, com cerca de 4.300 pessoas. As reivindicações incluíram o fim da escala 6 X 1 e a reforma do IR (Imposto de Renda), com isenção para os mais pobres e aumento das alíquotas para os mais ricos. O foco, porém, foi a defesa da soberania nacional. A adesão ficou muito abaixo da registrada na Paulista.
JULGAMENTO DE BOLSONARO
A 1ª Turma do STF julga Bolsonaro e mais 7 réus por tentativa de golpe de Estado. A análise do caso pode se alongar até 12 de setembro.
Integram o colegiado:
- Alexandre de Moraes, relator da ação;
- Flávio Dino;
- Cristiano Zanin, presidente da 1ª Turma;
- Cármen Lúcia;
- Luiz Fux.
O Supremo já ouviu as sustentações orais das defesas de todos os réus.
Além de Bolsonaro, são réus:
- Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro de Segurança Institucional;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
O núcleo 1 da tentativa de golpe foi acusado pela PGR (Procuradoria Geral da República) de praticar 5 crimes: organização criminosa armada e tentativas de abolição violenta do Estado democrático de Direito e de golpe de Estado, além de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Se Bolsonaro for condenado, a pena mínima é de 12 anos de prisão. A máxima pode chegar a 43 anos.
EDUARDO VIVE NOS EUA
Eduardo está morando nos Estados Unidos desde fevereiro de 2025 e não registrou presença ou voto em nenhuma sessão na Câmara desde sua saída do Brasil. Num 1º momento, o deputado estava licenciado –122 dias. A licença se encerrou em 20 de julho. O deputado não participou nem de sessões em que o acesso remoto foi permitido.
Em agosto, o deputado enviou um ofício ao presidente da Câmara em que pede para exercer o mandato mesmo estando no exterior. No texto, Eduardo citou as sessões remotas feitas durante a pandemia de covid como precedente.
Antes disso, porém, Hugo Motta declarou que não pretende alterar o regimento interno da Casa para autorizar que Eduardo possa exercer o mandato de forma remota.