O empresário João Gustavo Ricci Volpato, apontado como um dos líderes de um grupo criminoso acusado de desviar milhões da conta única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), foi exonerado do cargo de gerente regional da Agência Nacional de Mineração (ANM). A exoneração deve ser publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (31).
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A nomeação de João Gustavo para a ANM em Mato Grosso, em abril deste ano, atendeu a uma solicitação do deputado federal Emanuelzinho (MDB), vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, e do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
O esquema foi desarticulado pela Polícia Civil nesta quarta-feira (30), na Operação Sepulcro Caiado. Além de Volpato, que está preso, também foram detidos preventivamente o conselheiro suplente da Ordem dos Advogados do Brasil, Rodrigo Marinho, outros advogados e familiares do ex-secretário.
Segundo as investigações, João Gustavo teria usado empresas sob seu controle, como a RV Empresa de Cobrança LTDA, para ajuizar execuções judiciais baseadas em dívidas inexistentes. Os processos, ainda conforme as investigações, eram patrocinados pelo escritório França & Moraes, de Wagner Vasconcelos de Moraes e sua sócia e esposa, Melissa França Praeiro.
O modus operandi
O grupo simulava quitações de dívidas para obter alvarás de levantamento de valores. Servidores do TJMT, como Mauro Ferreira Filho, teriam facilitado a vinculação ilegal de recursos de outros processos à conta única. O Banco do Brasil confirmou que comprovantes de depósito usados eram falsos, com numerações inválidas e datas inconsistentes.
Bloqueios e prisões
O juiz Moacir Rogério Tortato determinou o bloqueio de R$ 21,7 milhões e o sequestro de 48 imóveis — incluindo fazendas, apartamentos de luxo em São Paulo e casas em condomínios nobres de Cuiabá — além de veículos como Volvo XC40 e BMW X1. Entre os bens apreendidos estão propriedades da família Ricci Volpato, como uma fazenda de 400 hectares em Rosário Oeste.
Foram presos nesta manhã Wagner Vasconcelos de Moraes. Melissa Franca Praeiro Vasconcelos de Moraes, João Gustavo Ricci Volpato, Luiza Rios Ricci Volpato, Augusto Frederico Ricci Volpato, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto, Régis Pederoso de Souza, Denise Alonso e o servidor Mauro Ferreira Filho.
A origem da investigação
Tudo começou com uma denúncia em janeiro de 2025, quando um homem descobriu R$ 17 mil bloqueados em sua conta devido a uma ação movida por Volpato. A vítima só devia R$ 17 mil, mas processos em seu nome somavam R$ 680 mil. O caso revelou uma rede com pelo menos 17 ações fraudulentas, que causaram prejuízo de R$ 11 milhões — valor que pode chegar a R$ 21 milhões.