Departamento de Estado diz que o programa driblou as sanções norte-americanas e enriqueceu o regime cubano
O Departamento de Estado dos Estados Unidos revogou nesta 4ª feira (13.ago.2025) os vistos de funcionários e ex-funcionários do governo brasileiro, ex-funcionários da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e familiares. A justificativa foi o programa Mais Médicos. Eis a íntegra do comunicado (PDF – 247 kB).
Segundo o departamento, “esses funcionários foram responsáveis ou envolvidos na cumplicidade do esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano, que explora trabalhadores médicos cubanos por meio de trabalho forçado”. O texto diz que esse “esquema” serve para enriquecer o “corrupto regime cubano” e privar a população de Cuba de cuidados médicos essenciais.
O texto cita Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-Assessor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde, ex-diretor de Relações Externas da Opas e atual coordenador-geral da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) para a COP30.
“Como parte do programa Mais Médicos do Brasil, essas autoridades usaram a Opas como intermediária com a ditadura cubana para implementar o programa sem seguir os requisitos constitucionais brasileiros, driblando as sanções dos EUA a Cuba e, conscientemente, pagando ao regime cubano o que era devido aos profissionais de saúde cubanos”, diz o texto.
Ainda segundo o comunicado, “de médicos cubanos que atuaram no programa relataram ter sido explorados pelo regime cubano como parte do programa”.
Mais Médicos e Padilha
O texto não cita o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Foi durante sua 1ª gestão do órgão (2011-2014), durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que o programa Mais Médicos foi criado.
O objetivo era suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades. De 2013 a 2017, o programa chegou a ter 18.240 médicos inscritos, sendo 8.332 cubanos.
Não se sabe se outros funcionários ou ex-funcionários do governo brasileiro envolvidos na formulação do programa podem vir a ser sancionados –entre eles, o próprio Padilha.
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