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O presidente estadual da sigla, deputado estadual Carlos Avallone, tenta reunir os cacos, agora mais espalhados em razão da federação com o Cidadania
Rei morto, rei posto. Este ditado aplica-se ao PSDB em Mato Grosso.
Enquanto o partido tinha densidade nacional, disputava eleições presidenciais com Serra, Alckmin e Aécio, e ocupava o Palácio Paiaguás com Dante de Oliveira, os tucanos representavam uma grande força política mato-grossense.
Mas, com a derrota de Dante ao Senado em 2002, o tucanato esvaiu-se.
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O presidente estadual da sigla, deputado estadual Carlos Avalone, tenta reunir os cacos, agora mais espalhados em razão da federação com o Cidadania.
O último adeus foi o do ex-deputado e ex-prefeito Nilson Leitão, que era o maior nome regional e que debandou para o PP.
O que os remanescentes podem esperar das eleições em 2026?
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Dante de Oliveira, que se notabilizou pela emenda das Diretas-Já, era um dos maiores nomes do PSDB em Mato Grosso
Este é o questionamento que se faz.
Sem compor a bancada federal que tem 11 integrantes. Na Assembleia, ocupa somente a cadeira do próprio Avallone, pois Faissal Calil (Cidadania) pulou para o barco do PL.
Nos 142 municípios, o PSDB tem somente três prefeitos, e todos em pequenos municípios: Iraci Ferreira de Souza (Pedra Preta), Odirlei Faria (Porto Esperidião) e Leandro Azevedo (Vale de São Domingos).
Nas câmaras das principais cidades, o partido e sua federação com o Cidadania são quase uma ausência.
Em Cuiabá, somente a vereadora Maria Avalone, mulher de Carlos Avallone, e o Tenente-Coronel Dias, do Cidadania; em Várzea Grande, Rogerinho da Dakar e Dr. Miguel (Cidadania).
Em Rondonópolis, Tangará da Serra, Cáceres, Barra do Garças, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Juína, Confresa, Guarantã do Norte, Juara, Colíder, Peixoto de Azevedo e Brasnorte, o partido não conquistou nenhuma cadeira.
Em Sinop, Dr. Marcos Vinicius e Ênio da Brígida, ambos eleitos em parte pelo prestígio de Nilson Leitão; em Sorriso, Diogo Kriguer e Toco Baggio; em Primavera do Leste, Marcondes Martignago; em Alta Floresta, o Cidadania elegeu Tuti e Dida Pires; em Campo Verde, Janaína Nordestina, Fabiano Teruel e Clênio Joaquim.
Em Pontes e Lacerda, Clebio Motorista e Marcos Santana; em Campo Novo do Parecis, Gringo e Dricka Lima, ambos do Cidadania; em Colniza, Ailton Posto Poles. E em Sapezal, Joilson Enfermeiro.
De 1998 a 2002, o PSDB foi o maior partido de Mato Grosso, mas, naquele ano, começou o desmantelamento.
O governador Dante de Oliveira se desincompatibilizou para disputar o Senado e foi derrotado.
Além da derrota de Dante, o senador Antero Paes de Barros, com a vice Janete Riva, em chapa partidária, disputou o Governo e foi batido por Blairo Maggi, com a vice Iraci França.
Mesmo derrotado nas eleições majoritárias, o PSDB elegeu a maior bancada na Assembleia, com José Riva, Chico Daltro, Dilceu Dal’Bosco, Pedro Satélite, Renê Barbour, Alencar Soares e Carlão Nascimento.
Mas, à exceção de Carlão, os outros trocaram de partido em busca de espaço na base de sustentação de Blairo Maggi.
MidiaNews
O último adeus foi o do ex-deputado e ex-prefeito Nilson Leitão, que era o maior nome regional e que debandou para o PP
Em 2008, o PSDB conseguiu uma importante vitória, ao eleger Wilson Santos prefeito de Cuiabá.
Dois anos depois, Wilson, com o vice Dilmar Dal’Bosco (DEM), tentou o Governo, sem sucesso. Depois, o partido despencou.
Em 2018, o PSDB disputou o Governo com Pedro Taques, que exercia o cargo, tendo sido eleito pelo PDT em 2014. O pleito foi vencido por Mauro Mendes, com o vice Otaviano Pivetta.
Os tucanos não apresentaram, até o momento, nenhum nome para disputar o Governo nem o Senado.
Analistas avaliam que será muito difícil a formação de uma chapa competitiva para a Câmara.
Avallone enfrenta um dilema para a Assembleia: ele acredita que terá boa votação, mas resta saber se seu partido alcançará legenda para eleger ao menos um deputado.
A realidade é adversa para o PSDB em Mato Grosso, onde, na Assembleia, há várias manifestações de deputados em busca de outros partidos, em busca da permanência no poder, mas nenhum em direção ao tucanato.
É assim com Max Russi, que sairá do PSB para o Podemos; com Elizeu Nascimento, do PL para o Novo; com Faissal Calil, do Cidadania para o PL; com Nininho, do PSD para o Republicanos; com Dr. Eugênio, que deverá deixar o PSB e acompanhar Max; e com outros parlamentares que ainda estudam o terreno em busca de onde pisar em 2026, mas o fazem com cautela.
O mesmo acontece na Câmara Federal, onde Emanuelzinho Pinheiro (MDB) deixará seu partido pelo PSD de Carlos Fávaro, ao qual seu pai Emanuel Pinheiro se filiou, e com Juarez Costa (MDB), que tenta encontrar uma sigla que lhe permita disputar a reeleição com chances.
Em queda, o PSDB caiu mais ainda no começo de 2022, quando o União Brasil, liderado pelo governador Mauro Mendes e pelo deputado federal Fábio Garcia, lançou um programa partidário para filiar prefeitos.
Em Tangará da Serra, o prefeito Vander Masson (PSDB), filho de Saturnino Masson, que foi prefeito e deputado estadual, trocou o ninho pelo União; Vander foi reeleito.
Chico Gamba, em Alta Floresta, a principal cidade da região, seguiu o mesmo caminho de Gamba e se reelegeu.
Em Aripuanã, a prefeita Seluir Peixer trocou o PSDB pelo União e se reelegeu.
Em Barão de Melgaço, Margareth de Munil, eleita em 2020 pelo PSDB, migrou para o União e se manteve no cargo.
BOLSONARO – A eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, acendeu a polarização direita-esquerda, com filiados aos partidos conservadores procurando espaço ao lado do então presidente.
Um fenômeno migratório partidário aconteceu e, paralelamente a ele, militares trocaram a caserna pelo palanque.
O PSDB deixou de simbolizar o contraponto ao PT, como aconteceu no ciclo das candidaturas presidenciais tucanas.
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Com a ascensão de Bolsonaro, o PSDB deixou de simbolizar o contraponto ao PT, como aconteceu no ciclo das candidaturas presidenciais tucanas
Em Cáceres, o prefeito reeleito Francis Maris trocou o PSDB pelo PL.
Em 2022, foram eleitos deputados federais o Coronel Assis (União) e a Coronel Fernanda (PL).
Os tucanos, aos poucos, perderam espaço e, sem mandato eleitoral, não é fácil manter militância partidária, criar diretórios municipais, mobilizar o eleitorado.
Carlos Avallone está à frente de um partido que não desperta interesse em filiações e que, em parte, se mantém graças à fidelidade de alguns de seus tradicionais dirigentes, a exemplo do ex-governador e ex-prefeito de Rondonópolis, Rogério Salles.





