O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou, nesta quarta-feira (6), que não há um desconforto na Corte após a decisão do ministro Alexandre de Moraes de decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Questionado se havia algum incômodo com a decisão, ele respondeu: “nenhum”.
“O Alexandre tem toda a nossa confiança e o nosso apoio”, completou.
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Gilmar Mendes negou ainda que Moraes estivesse isolado na corte e elogiou a atuação do colega durante a pandemia e a eleição de 2022, à frente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
“Não tem isolamento algum. Eu tenho muito orgulho de ter Alexandre de Moraes como colega. O Brasil teria se tornado um pântano institucional não fosse a ação de Moraes. O Brasil deve muito à atuação dele durante todo esse período”, completou.
O ministro mencionou ainda o plano golpista de matar Moraes, o que chamou de chocante. “Estamos falando de coisas extremamente sérias.”
Gilmar falou com jornalistas na manhã desta quarta durante um evento da Esfera Brasil e da EMS sobre a indústria farmacêutica.
Ele participou de uma mesa ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), e do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O ministro ainda criticou a aplicação da Lei Magnitsky pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra Moraes.
“Seria inadmissível que nós, nas nossas pretensões comerciais, exigíssemos mudanças de entendimento da Suprema Corte americana. Isso seria impensável. Da mesma forma, isso se aplica ao Brasil.”
Questionado sobre o tarifaço de Trump, Gilmar Mendes afirmou que “guerras tarifárias de vez em quando são normais”.
“O que não é normal é a tentativa de valer-se das tarifas para obter mudanças institucionais. Isso significa afetar a soberania dos países, o que é claramente repudiado e claramente não aceito por nações maduras, como é o caso do Brasil”, disse.
Moraes determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro por entender que o ex-presidente descumpriu determinação anterior ao aparecer em vídeo para apoiadores durante manifestações no domingo (3), algo que foi registrado nas redes inclusive pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
O ex-presidente estava proibido de usar redes sociais, mesmo que por intermédio de outras pessoas.
A prisão desencadeou uma reação de bolsonaristas, inclusive com a obstrução dos plenários da Câmara e do Senado na terça-feira (5), primeiro dia de trabalho do Congresso após o recesso.
O entorno de Bolsonaro também fez da medida do STF um mote para reforçar a tese de perseguição que já vinha sendo defendida.
Eles alegam que o episódio demonstra que Bolsonaro é vítima.
Dentro desse quadro, dizem ainda temer pelo quadro de saúde do ex-presidente.
Como revelou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a prisão irritou outros ministros do STF.