A verborragia do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possível imposição de tarifas ao Brasil fizeram com o governo Lula (PT) mudasse o tom de sua comunicação. A chantagem tarifária serviu de gatilho para o Planalto consolidar uma inflexão já em curso: o apelo a uma narrativa de defesa nacional.
Essa guinada ficou mais evidente na última semana. Perfis de ministros e canais oficiais do governo nas redes sociais falam em “patriotismo” como elemento central na resposta ao tarifaço. Também há no radar a troca do slogan da gestão federal, já em fase final de preparação e que deve refletir três pilares: a proteção de interesses nacionais, soberania econômica e segurança digital.
Ainda em abril, quando Trump anunciou as sobretaxas sobre o aço e o alumínio, e agora, com a ameaça de novas sanções por defesa de Jair Bolsonaro (PL), o governo reagiu rápido: notas diplomáticas, declarações de apoio à indústria nacional, ao agro e menções a uma “postura firme diante de ameaças externas”.
A volta à cena do boné azul com os dizeres “O Brasil é dos brasileiros” também ajudou a expor esse novo sentimento.
Diante de uma nova investida de Trump contra o País, ordenando uma investigação comercial que envolve até mesmo o Pix, o governo reagiu nas redes, apontando o sistema como símbolo de independência tecnológica e “orgulho nacional”.
Assessores do presidente avaliam que a junção dos dois episódios cria uma oportunidade de reposicionamento. A estratégia, segundo eles, busca mobilizar o sentimento patriótico não apenas como defesa, mas como arma política.
O novo slogan da administração federal, cuja divulgação é prevista para as próximas semanas, deve cristalizar essa virada. Se até aqui o governo buscava transmitir uma imagem de reconstrução e estabilidade, a nova fase falará diretamente à ideia de proteção: do emprego, da indústria, da moeda e dos dados brasileiros. Uma onda que começou longe, mas que o governo decidiu surfar.