“Ele aparece numa lei, em geral, para favorecer um grande empresário”, afirmou Haddad. “Para tirar esse jabuti do ordenamento jurídico, é um parto. E cada vez que a gente sequestra esse jabuti da árvore e remove do ordenamento político, tem grito do andar de cima de que aumenta o imposto.”
O discurso não programado e de tom duro se dá após a derrota do governo sobre mudanças na taxação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), na semana passada. O decreto de Lula foi negado no mesmo dia pelas duas Casas, que criticaram a manobra de Haddad, sob o argumento de que aumentaria impostos.
O ministro fez uma comparação da sua gestão fiscal com a de Bolsonaro. “Deixa eu falar para vocês qual que é o aumento mais cruel de imposto que um presidente pode fazer: os quatro anos do mandato dele sem reajustar a tabela do Imposto de Renda”, disse.
Haddad seguiu com o tom de discurso voltado a “taxar os mais ricos” —um dos incômodos do Congresso atualmente. “Qual é a moral desse senhor [Bolsonaro] para falar de aumento de imposto? Por que nós estamos fechando brecha para o andar de cima passar a pagar?”, questionou.
Este é o argumento que ele tem usado para defender as propostas de mudança no IR. “Essa nova lei, [se] aprovada —não a da semana passada [IOF], a do mês que vem [sobre IR]— nós vamos colocar 25 milhões de famílias pagando ou nada ou menos Imposto de Renda. Isso é fazer justiça. 20 milhões vão deixar de pagar, 5 milhões vão pagar menos. Sabe quantos vão começar a pagar? 140 mil”, defendeu Haddad.
Esse discurso tem sido visto pelo Congresso como um estímulo ao “nós contra eles”. Nesta manhã, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), publicou um vídeo em que criticava exatamente isso. “No mesmo dia em que derrubamos [o decreto], aprovamos outras três medidas importantes para o nosso país”, afirmou. “Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice.”