O levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) que indica os gargalos de logística do país aponta nove pontes quebradas em rodovias brasileiras. Entre essas, quatro estão no Rio Grande do Sul e foram danificadas durante a tragédia climática do ano passado.
A ponte sobre o Rio Arroio Grande, na RS-287, é um dos pontos críticos. O governo do estado e a concessionária Sacyr, que explora o trecho financeiramente, vivem um cabo de guerra na Justiça para definir a responsabilidade sobre a recuperação da ponte. Enquanto isso, os moradores de Santa Maria (RS) e dos municípios vizinhos dependem de uma estrutura provisória instalada pelo Exército Brasileiro para transitar na região.
Leia a reportagem “Um Brasil que desmorona”.
A dificuldade é que a estrutura, chamada de “ponte tática”, só pode ser usada por um veículo pesado de cada vez, e isso acaba provocando engarrafamentos na estrada vicinal.
“O que é provisório está virando definitivo”, reclama Andrei Lacerda, presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria (Cacism). O péssimo estado das rodovias do interior do estado prejudica a economia local e o acesso dos moradores a serviços.
Lacerda considera as estradas como cicatrizes abertas no asfalto pela tragédia climática. “O estado não tem condições de enfrentar outra enchente. Você vê a fragilidade na estrutura dos municípios e nas pessoas. É muito difícil reconstruir tudo de novo”, lamenta.
Nesta terça-feira (12/8), o Metrópoles publica a reportagem especial “Um Brasil que desmorona”, que investigou os impactos causados pelo desmoronamento de pontes em quatro estados brasileiros. A reportagem visitou Amazonas, Maranhão, Rio Grande do Sul e Tocantins para a apuração da matéria.
Veja imagens de estradas e pontes destruídas no interior do RS:
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria explica que um trecho, antes, feito em três horas e 30 minutos agora pode demorar o dobro de tempo. “É um dia a mais na diária do motorista. As transportadoras não estão conseguindo cumprir o horário dos caminhoneiros”, afirma Lacerda.
Sem trafegabilidade
O funcionário público Volnei Savegnago mostrou o trecho da RS-348 entre as cidades de Dona Francisca a Agudo, que também são próximas à Santa Maria. A rodovia estadual e a ponte local foram totalmente devastadas pelas enchentes.
Na estrada, não há sequer uma placa que indique previsão para o início de obras. “Nós estamos nessa penúria desde a época da enchente, nos acostumados a ficar desse jeito”, lamenta Volnei, que mora em Faxinal do Soturno (RS), outro município próximo.
“Não tem trafegabilidade, as pontes estão quebradas em trechos inteiros. Aqui ficamos abandonados”, indigna-se. Ao Metrópoles, o governo do Rio do Sul informou que recuperou 94% das rodovias estaduais.