Mais um relato se soma ao caso de maus-tratos contra animais que levou à prisão de Larissa Karolina Moreira, de 28 anos, em Cuiabá, na sexta-feira (13). Ao Olhar Direto, uma jovem, que prefere não ser identificada, disse que doou uma gata frajola (preta e branca) para a suspeita em março deste ano, e após ver a repercussão do episódio envolvendo Larissa, também acredita que o animal teve um destino trágico.
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A denunciante mora em São Paulo, mas visita a família em Cuiabá a cada três meses. Foi durante uma dessas viagens, em março, que encontrou a gata vagando pela avenida Fernando Corrêa da Costa e decidiu acolhê-la.
“Ela estava correndo perto da avenida, podia ser atropelada. Eu levei para minha casa e postei em grupos de adoção. A Larissa me procurou dizendo que tinha uma gata sozinha e queria companhia pra ela”, contou.
Confiando na conversa, a doadora levou a gata até uma kitnet no bairro Jardim Petropólis, próximo à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde Larissa disse morar à época. Levou também brinquedos, ração, areia e todos os itens para cuidados iniciais. Depois de um tempo, a jovem até pensou em entrar em contato para ter notícias sobre a gata doada:
“E eu até pensei em entrar em contato para perguntar como tinha sido a gata. Quando eu adotei alguma coisa me falou, volta lá e busca ela. Mas eu achava que era só eu não querendo doar, porque eu não queria. Eu queria ter mais um gato, mas eu ficaria com quatro, seria muito”, lamentou a denunciante.
A mulher soube da prisão de Larissa na sexta-feira (13), pela imprensa, no mesmo dia em que comprava itens para buscar um de seus próprios gatos em Cuiabá e levá-lo para São Paulo.
“É muito simbólico. Enquanto um dos meus gatos vai ser trazido para morar comigo, tratado com todo cuidado, outro que eu doei provavelmente foi torturado e morto. Isso me destrói”, desabafa.
Ela relata que notou comportamentos estranhos já na entrega. “A gatinha correu direto para uma marmita de alumínio no chão. Questionei se era comida de gente, porque isso não é recomendado para felinos. Depois mandei até o link da ração que ela comia, tentando orientar. Mas algo já me incomodava naquela visita”, disse.
Apesar de ter registrado o endereço no bairro Boa Esperança, a polícia encontrou Larissa nesta semana já em outra casa, no bairro Porto, onde um filhote de cachorro foi resgatado com vida, mas nenhum gato foi encontrado. Um lençol com manchas de sangue foi apreendido e restos mortais de um gato presto estavam em um terreno baldio nos fundos da residência.
A doadora diz estar profundamente abalada e indignada. “A gente tenta fazer o bem, resgata, cuida, doa com carinho… nunca espera que algo assim vá acontecer. Eu tenho vontade de ir até lá, no endereço onde eu deixei o gato, de pedir explicações, mas não sei o que fazer. É revoltante.”
Ela pretende colaborar com as investigações e registrar um boletim de ocorrência sobre a situação. “Se tiver alguma forma de ajudar a responsabilizar essa mulher, eu quero fazer. Pelo menos para que ela não tenha chance de fazer isso com mais nenhum animal.”
Entenda o caso
Larissa Karolina Moreira, 28 anos, foi presa nesta sexta-feira (13) pela Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema), suspeita de adotar gatos por meio de redes sociais para matá-los. Protetores também denunciaram indícios de zoofilia e possível venda de vídeos dos abusos.
As investigações começaram na quarta-feira (11), após uma ONG relatar que Larissa e o companheiro vinham adotando animais e depois sumiam com eles. Nos relatos, os pets apresentavam sinais de trauma e comportamentos anormais.
Durante a operação, policiais encontraram um filhote de cachorro, rações e um lençol com sangue. Restos mortais de gatos foram achados em um terreno baldio próximo. Uma cadela com filhotes foi resgatada viva.
A Dema aguarda laudos para confirmar a suspeita de abuso sexual. O delegado Guilherme Negri explicou que todas as condutas são enquadradas como maus-tratos, com pena agravada por se tratar de cães e gatos. O companheiro de Larissa foi ouvido e liberado. Ela segue presa e à disposição da Justiça. A audiência de custódia acontece neste sábado (14).