O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta terça-feira (9/9), que o governo não vê a Amazônia como um “santuário intocável da humanidade” e defendeu a exploração da floresta “de forma correta e responsável”. A declaração do petista ocorreu durante cerimônia de instalação do Programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais em Manaus, capital do Amazonas.
“Nós não somos daqueles que achamos que a floresta amazônica é um santuário da humanidade, que não pode mexer em uma folha. Não. Nós achamos que ela tem que ser explorada de forma correta, responsável, tirando aquilo que a gente pode tirar, repondo aquilo que a gente tem que repor, mas garantindo que a floresta continue sendo essa coisa importante na sobrevivência do nosso querido planeta Terra”, defendeu Lula.
Não é a primeira vez que o presidente Lula defende a exploração da Amazônia. O petista, em reiteradas vezes, se colocou favorável à procura por combustíveis fósseis na Foz do Amazonas, localizada no extremo norte do país.
Recentemente, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) emitiu um parecer em que aprova o plano técnico de resgate de fauna apresentado pela Petrobras em um possível derramamento de óleo na Foz do Amazonas. Dessa forma, a autarquia deu mais um passo rumo a liberação da exploração de petróleo na região.
Do outro lado da moeda está a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, uma figura importante no combate ao fim dos combustíveis fósseis. A ministra tem atuado de forma isolada para garantir uma isonomia para o Ibama, onde ele consiga analisar de maneira técnica a liberação ou não da exploração na Foz do Amazonas, sem interferências políticas.
Marina Silva, inclusive, acompanhou o presidente Lula durante o evento desta noite em Manaus.
Combate ao desmatamento e as queimadas
Na cerimônia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) assinaram acordos para implementação do programa de redução do desmatamento e também de incêndios.
Além disso, o BNDES e o Memorial Chico Mendes firmaram acordo para o projeto Sanear Amazônia, que visa garantir o acesso à água potável e produção de alimentos em comunidades rurais da região.
Números do governo Lula
O presidente Lula chegou ao Palácio do Planalto com a defesa de ampliar a agenda ambiental no Brasil, com o combate ao desmatamento e também aos incêndios florestais, que castigaram diferentes regiões durante o período de seca.
Segundo o 6º Relatório Anual de Desmatamento (RAD), do MapBiomas, lançado em maio, o Brasil registrou uma queda de 32,4% na área total desmatada em 2024, em comparação com o ano anterior. Ainda de acordo com o levantamento, 2024 foi o segundo ano consecutivo de redução.
De janeiro a dezembro de 2024, foram 1.242.079 de hectares foram desmatados, desses, 83% se concentram no Cerrado e na Amazônia.
Em relação às queimadas, entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil registrou uma queda de 65% nos focos de calor registrados, com base em informações do Monitoramento dos Focos Ativos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).