É precisamente o discurso que tem irritado o Congresso, visto como um estímulo ao “nós contra eles”. Ontem, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), publicou um vídeo em que criticava exatamente isso. “No mesmo dia em que derrubamos [o decreto], aprovamos outras três medidas importantes para o nosso país”, afirmou. “Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa não é leal, é cúmplice.”
O anúncio sobre a ida ao STF foi feito pela AGU (Advocacia-Geral da União) nesta manhã. Segundo o ministro Jorge Messias, a decisão do Congresso infringe a separação dos Poderes e “legalidade tributária”. “A nossa conclusão é que o decreto é constitucional, ou seja, não poderia ser sustado pelo Congresso Nacional”, afirmou. “Essa é uma decisão madura, decidida e muito bem informada.”
A decisão promete abrir um novo episódio de crise com o Congresso. Governistas dizem que foram avisados em plenário de que derrota na política deveria se manter política e que recorrer ao Judiciário seria uma “demonstração pública de fraqueza”.
Mudança de atitude
Já é possível sentir a mudança de postura do governo. Alçado a porta-voz do embate contra o Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia feito um discurso contundente ontem em defesa da política fiscal do governo e repetiu a dose hoje.
“Quem está retomando o investimento em logística é o governo do presidente Lula. Isso tem que ser celebrado”, disse Haddad. “Eu tenho visto nos jornais algumas pessoas dizendo: ‘Meu Deus, a coisa vai complicar para a gente, a economia está indo muito bem, a economia vai estar bem em 2026, vai complicar para o nosso lado’. De que lado nós estamos falando? É do lado do Brasil? São patriotas que estão pensando assim? Que como a economia está bem, o Brasil está indo mal?”