Início FINANÇAS Mercado pode estar otimista demais com eleições e ignora riscos, alerta JPMorgan

Mercado pode estar otimista demais com eleições e ignora riscos, alerta JPMorgan


Investidores no Brasil podem estar excessivamente confiantes em uma guinada à direita nas eleições de 2026, em expectativa que pode refletir mais desejo do que realidade. A avaliação é do JPMorgan, que alerta que o viés do mercado local ignora fatores que aumentam o risco político no país, e exigem maior cuidado na alocação em ativos brasileiros.

Analistas do banco se baseiam em impressões colhidas junto a analistas de sell side e buy side durante o evento anual da Associação de Negociação de Mercados Emergentes (EMTA, na sigla em inglês). De acordo com o JPMorgan, participantes destacaram que, apesar do elevado carrego oferecido pelos ativos locais, proporcionado pelos altos juros, o cenário exige gestão cuidadosa de risco.

Segundo o relatório, analistas presentes no evento observaram que a comunidade de investidores locais demonstra forte viés em favor de um desfecho considerado mais amigável ao mercado. No entanto, alertaram que essa leitura pode ser otimista demais, uma vez que o poder do incumbente e a força de programas de transferência de renda conferem vantagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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O banco também apontou que a fragmentação da direita após o endosso do ex-presidente Jair Bolsonaro ao seu filho Flávio, combinada a preocupações fiscais, gera “risco relevante de manchetes negativas para os mercados” – como a que derrubou a bolsa e fez o dólar e os juros futuros subirem no dia 5 de dezembro.

Alguns participantes do sell side, de acordo com o JPMorgan, chegaram a recomendar que investidores evitem exposição à dívida brasileira até que haja maior clareza sobre o cenário eleitoral, mesmo com juros nominais atraentes.

Carry em emergentes, mas dólar menos fraco

Outras conclusões do evento da EMTA apontam para os mercados emergentes como relativamente bem posicionados até 2026, com maior convicção em operações de carry trade em moedas desses países. O carry trade é o empréstimo em uma moeda para custear posição em outra com juros mais alto, em operação beneficiada pelo diferencial de juros que deverá seguir atrativo no ano que vem.

Entre outros pontos destacados, o JPMorgan observou que há pouca preocupação entre emergentes com risco de recessão global no curto prazo, mas que boa parte acredita que o dólar não será tão fraco em 2026 quanto foi este ano.

Os analistas também apontaram percepção limitada de espaço para cortes agressivos de juros, tanto em economias desenvolvidas quanto emergentes. Também foram citados riscos subestimados relacionados à independência do Federal Reserve, que se encaminha para a troca do chair, com a saída de Jerome Powell no primeiro semestre.



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