O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), só conseguiu se sentar em sua cadeira no plenário às 22h21 desta quarta-feira 6, quase duas horas depois do horário programado para o início da sessão, em meio à ocupação das Mesas Diretoras do Congresso Nacional por parlamentares bolsonaristas.
“Não será na agressão que resolveremos este problema”, disse Motta enquanto tentava abrir espaço na Mesa Diretora. “Temos um compromisso muito firme com o fortalecimento do Parlamento brasileiro.”
Segundo ele, a “obstrução física não faz bem à Casa”. A oposição, afirmou, tem o direito de se manifestar e de expressar sua vontade, mas com obediência ao Regimento Interno e à Constituição. “Não vamos permitir que atos como os de ontem e hoje possam ser maiores que o plenário e a vontade desta Casa.”
Motta defendeu também a necessidade uma pauta “pró-País” e da busca por consensos.
“Não podemos deixar que projetos pessoais e até projetos eleitorais possam estar à frente do que é maior que todos nós: o nosso povo”, acrescentou. “Vamos continuar apostando no diálogo. Só o diálogo é que mostrará a luz das grandes construções de que o Brasil precisa. Nossa democracia não pode ser negociada.”
Com a insistência dos aliados de Jair Bolsonaro (PL) na obstrução da pauta, Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), decidiram mudar a estratégia para assegurar a retomada dos trabalhos. Os bolsonaristas protestam contra a prisão do ex-capitão e tentam forçar a votação do PL da Anistia e a abertura de um processo de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
No Senado, Alcolumbre convocou uma sessão deliberativa remota para esta quinta-feira. A medida, afirmou em nota, busca evitar a paralisação da pauta e preservar o funcionamento da Casa Alta.
“O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento. A democracia se faz com diálogo, mas também com responsabilidade e firmeza”, escreveu o parlamentar. A decisão foi tomada em uma reunião com líderes partidários.
Motta havia marcado uma sessão presencial na Câmara para as 20h30 desta quarta. O deputado também reuniu os líderes partidários para tenar reduzir a temperatura na Casa, mas os bolsonaristas não cederam e permaneceram em obstrução.
Na reunião, definiu-se ainda que quem continuasse a obstruir os trabalhos poderia ser punido com suspensão cautelar do mandato.
