O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta quinta-feira 31 que a imposição de tarifas pelos Estados Unidos não encerra o diálogo entre os dois países. Segundo ele, “a negociação não terminou hoje, ela começa hoje”. O político tratou do tema em entrevista ao programa Mais Você, conduzido pela apresentadora Ana Maria Braga, da TV Globo.
O decreto assinado pelo presidente norte-americano Donald Trump elevou para 50% a tarifa sobre produtos brasileiros. A medida, contudo, trouxe uma lista de quase 700 exceções, que garantem espaço para setores estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.
De acordo com cálculos da Amcham Brasil, 694 produtos exportados pelo Brasil ficaram fora do tarifaço, o que significa que cerca de 42% das vendas ao mercado americano não sofreram impacto. Ainda assim, segundo Alckmin, 35,9% das exportações brasileiras foram atingidas pela nova alíquota.
Para o vice-presidente, os efeitos são negativos para ambos os lados. “É um perde-perde. Nos atrapalha em mercado, emprego e crescimento, e encarece os produtos americanos”, avaliou. Ele citou ainda que setores como pescado, mel, frutas e carne bovina serão fortemente prejudicados, além de segmentos industriais dependentes do mercado dos Estados Unidos.
Alckmin ressaltou que o governo brasileiro não pretende encerrar o diálogo com Washington. “Não acabou essa questão, agora acelera a negociação”, disse. Ele destacou que o presidente Lula (PT) está disposto a conversar com Donald Trump. “O presidente Lula está aberto. Mas conversa entre presidente da República precisa ser preparada. Se depender do Lula, a conversa é para ontem.”
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), a apresentadora Ana Maria Braga e o jornalista César Tralli. Foto: Cadu Gomes/VPR
O vice também adiantou que o governo prepara medidas para preservar empregos e proteger a produção nacional. “Ninguém vai ficar desamparado. Os 35,9% efetivamente atingidos pela tarifa, dos 10% mais 40%, vamos lutar para diminuir”, afirmou.
Um dos pontos de pressão brasileira será o café. Alckmin lembrou que os Estados Unidos são grandes consumidores do produto e dependem do café arábica brasileiro para compor suas misturas. “Primeiro trabalhar para baixar a tarifa, eles não produzem café. Vai ter de buscar outros mercados, ou vamos trabalhar com os EUA, pois é um grande consumidor de café”, explicou.
Ele também citou a intenção de ampliar as exceções já conquistadas, incluindo frutas como a manga, além do suco de laranja, que ficou fora da tarifa. “Não damos como assunto encerrado. Negociação mais forte começa agora. Segundo, vamos buscar alternativas de mercado. E terceiro, apoiar setores”, completou.