Início NACIONAL Nem preciso ser presidente, diz Bolsonaro na av. Paulista

Nem preciso ser presidente, diz Bolsonaro na av. Paulista


Ex-presidente sinaliza em ato que não deverá ser candidato ao Planalto em 2026 e pede 50% na Câmara e no Senado para “mudar o Brasil”

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em ato na avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (29.jun.2025), que nem precisa ser presidente, mas pediu aos apoiadores que deem 50% da Câmara e do Senado à direita nas eleições de 2026 para “mudar o Brasil”.

“Me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil. Nem eu preciso ser presidente. O [presidente do PL (Partido Liberal)] Valdemar [Costa Neto] me mantendo como presidente de honra do Partido Liberal, nós faremos isso por vocês”, disse.

Assista (1min12s):

Bolsonaro discursou no 7º ato desde que deixou a Presidência em 2022. Segundo o ex-presidente, se a direita quer que o time seja campeão, é preciso “investir” e entender que “as coisas não acontecem de uma hora para outra”.

“Não interessa onde eu esteja, não interessa a covardia que, porventura, façam comigo. O objetivo final não é prender, é eliminar”, disse. “Não posso fugir da responsabilidade, da verdade. Se vocês me derem, por ocasião das eleições do ano que vem, 50% da Câmara, 50% do Senado, 50% do Congresso, eu mudo o destino do Brasil”, afirmou.

O ex-presidente declarou que, no Senado, seria possível escolher, por exemplo, os integrantes das agências reguladoras e o presidente e diretores do Banco Central. Ele afirmou que isso não é perseguição ou “revanchismo”, mas é uma forma de melhorar o futuro do Brasil. Ele declarou que não tem obsessão pelo poder.

“Se vocês me derem isso [50% do Congresso], não interessa onde eu esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais que o presidente da República. Com essa maioria, nós elegeremos o nosso presidente da Câmara, o nosso presidente do Senado, o nosso presidente do Congresso Nacional, a maioria das comissões de peso no Senado e na Câmara”, disse Bolsonaro.

A manifestação foi marcada por críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em especial pelo decreto que aumenta o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e o caso de desvios em aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

O PoderData mostrou, em 6 de junho, que o trabalho dos ministros do STF é avaliado como “ruim” ou “péssimo” por 41% dos entrevistados. Bolsonaro virou réu na Corte na investigação de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.

Mais cedo, antes do discurso de Bolsonaro, ele interrompeu a fala do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), em inglês, para dizer: “Make Brazil great again”, uma adaptação do slogan “Make America Great Again”, usado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano).

Assista: 

ANISTIA PELO 8 DE JANEIRO

Bolsonaro pediu a anistia pelos presos do ato de 8 de Janeiro. Afirmou que eles são inocentes e acusou o presidente Lula de saber de depredação praticada pelos apoiadores do governo atual.

“Um movimento, mais do que claro, orquestrado pela esquerda. Lula não estava em Brasília. No dia anterior, ele foi para Araraquara, porque sabia o que iria acontecer. Tanto é que as imagens de quase 200 câmeras sumiram. Tudo foi quebrado antes daquelas pessoas que, em parte, estavam no acampamento”, disse.

Ele disse que quer um STF que seja “respeitado” e um Poder Executivo que trabalhe para o bem-estar do povo.

Quem, porventura, quebrou alguma coisa, que pague. Mas jugar e prender de baciada, isso não existe no nosso ordenamento jurídico. Não quero quer que seja vingança de uma pessoa ou de outra”, disse o ex-presidente. “É uma brutal injustiça. Por isso, nós lutamos por anistia. É um remédio previsto na Constituição de iniciativa própria do Parlamento brasileiro, independentemente de qualquer um dos outros 2 poderes. É o caminho da pacificação”, completou.

INVESTIGAÇÕES

Bolsonaro disse ser alvo de perseguição da Justiça. Declarou que várias investigações foram arquivadas por faltas de provas e que espera que o mesmo seja feito com a análise sobre tentativa de golpe de Estado. Relembre algumas investigações feitas contra o ex-presidente:

  • caso da baleia – ex-presidente teria importunado uma baleia jubarte em São Sebastião, em São Paulo, em junho de 2023. O Ministério Público Federal arquivou o caso;
  • cartão de vacinas – Moraes arquivou a investigação sobre a inserção de dados falsos a respeito das vacinas contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde;
  • joias – o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu manter o entendimento de que presentes recebidos por presidentes e vice-presidentes da República não são patrimônio público. Em março de 2025, Bolsonaro disse que “acabou a história de joia”. A PF (Polícia Federal) indiciou em julho de 2024 o ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito que apura a venda ilegal de joias da Arábia Saudita no exterior;
  • declaração de 7 de setembro – Bolsonaro criticou o ministro do STF Alexandre de Moraes e as urnas eletrônicas em 2021. A Justiça arquivou o caso;
  • extradição de Allan dos Santos – Justiça não viu crime de prevaricação e de responsabilidade por parte de Bolsonaro por omissão no cumprimento do pedido de extradição do blogueiro fundador do Terça Livre;
  • comentário sobre apoiador e arrobas – Bolsonaro insinuou que um apoiador pesava “mais de 7 arrobas”. A Justiça arquivou o caso por entender que não houve crime de racismo;

Além destes casos, Bolsonaro afirmou que foi perseguido pelos adversários políticos e pela imprensa por causa da morte da ex-vereadora Marielle Franco (Psol-RJ). A Justiça entendeu que os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram os responsáveis.

GOLPE DE ESTADO

A 1ª Turma do STF interrogou réus do núcleo crucial na ação penal por tentativa de golpe de Estado, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Assista aqui à íntegra.

Segundo a PGR, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que tinham como objetivo impedir a posse de Lula.

Na 6ª feira (27.jun), Moraes deu prazo de 15 dias para que as partes envolvidas na ação penal apresentem suas alegações finais.

ATO NA PAULISTA

Os apoiadores do ex-presidente levantaram cartazes em inglês e bandeiras de Israel. Uma das placas reivindica a retomada da direita e do “conservadorismo”. Faz menção ao filme “Ainda Estou Aqui”– que retrata o assassinato do ex-deputado federal Rubens Paiva por agentes do regime militar em 1971.

Os bolsonaristas estenderam fotos de presos pelo 8 de Janeiro. Nas imagens, escreveram, em inglês, a pena dos detentos. Poucas horas antes do ato pró-anistia, Bolsonaro escreveu no X que a “Terra Prometida do Ocidente deve ser livre e do povo de bem”.

ATO DE BOLSONARO

A manifestação foi organizada e financiada pelo pastor Silas Malafaia. Teve como tema “Justiça já”.

Segundo o religioso, o ato é uma reação ao julgamento de Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal), no qual o ex-presidente é acusado de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022. Bolsonaro virou réu na investigação em 26 de março de 2025.

POLÍTICOS MARCAM PRESENÇA

Congressistas e governadores participaram do ato bolsonarista:

  • Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo;
  • Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais;
  • Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina;
  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador;
  • Rogério Marinho (PL-RN), líder da Oposição no Senado;
  • Carlos Portinho (RJ), líder do PL no Senado;
  • Zucco (PL-RS), líder da Oposição na Câmara;
  • Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara;
  • Magno Malta (PL-ES), senador;
  • Gustavo Gayer (PL-GO), deputado federal;
  • Carlos Bolsonaro (PL-RJ), vereador do Rio;
  • Renan Bolsonaro (PL-SC), vereador de Balneário Camboriú.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi convidado para o ato, mas não compareceu. Ele está em Belo Horizonte (MG), onde participa como padrinho de um casamento.


Leia mais: 


OUTROS ATOS DE BOLSONARO

Relembre abaixo os atos de Bolsonaro desde 2023: 

  • 8.mai.2025 – reuniu 4.000, em Brasília;
  • 6.abr.2025 reuniu 60.000 na av. Paulista, em SP;
  • 16.mar.2025 reuniu 26.000 em Copacabana, no Rio; 
  • 7.set.2024 reuniu 58.000 na av. Paulista, em SP; 
  • 25.fev.2024 reuniu de 300 mil a 350 mil na av. Paulista, em SP;
  • 21.abr.2024 reuniu de 40.000 a 45.000 em Copacabana, no Rio.

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