Um dia cheio de emoções, mas com final feliz. Assim foi a sessão desta quarta-feira (30) para o Ibovespa, que fechou com forte alta de 0,95%, aos 133.990 pontos após chegar a ultrapassar os 134 mil pontos, não sem antes cair perto de 0,6% em algum ponto da sessão.
Na Europa, a economia superou expectativas no 2T25, sugerindo que as empresas estão se adaptando à incerteza comercial, em uma reviravolta maluca nas projeções dos economistas. Mesmo assim, os mercados no Velho Continente terminaram estáveis. Nos EUA, o PIB do 2T25 também surpreendeu positivamente, mas os bons números não se traduziram em ganhos na Bolsa, ao contrário: os principais índices fecharam no vermelho.
Não é para menos. Quando o Federal Reserve divulgou no meio da tarde sua decisão de manter as taxas de juros inalteradas, dessa vez sem unanimidade, houve um certo ânimo, como se houvesse uma luz no fim do túnel. Mas, reviravolta: Jerome Powell, presidente da autoridade monetária, deixou claro de que não há cortes ainda à vista.
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No Brasil, um dia também muito movimentado. Primeiro, o Tesouro dos EUA aplicou uma lei que sanciona indivíduos e a impôs sobre o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Na nota do Tesouro, Moraes promoveu uma “caça às bruxas ilegal” contra cidadãos e empresas dos EUA e do Brasil. A nota foi assinada pelo secretário da pasta, Scott Bessent, justamente quem deveria conversar com Fernando Haddad, nosso ministro da Fazenda, sobre a questão das tarifas. O governo dos EUA é “aviso para aqueles que pisoteiam os direitos fundamentais de seus compatriotas – togas não podem protegê-los”, segundo Marco Rubio, secretário de Estado norte-americano. A reações no mundo político foram imediatas. O dólar chegou a subir 0,9%, mas diminuiu o ímpeto posteriormente.
Mas o grande direcionador do mercado se deu nas horas finais de negociação. No final da tarde, Donald Trump assinou finalmente a ordem executiva que elevava as tarifas a bens importados do Brasil para 50%. O mercado apresentou fraqueza, como no caso da Embraer (EMBR3), que passou a cair cerca de 2%.
Não houve negociação, embora o governo brasileiro afirme que houve tentativa nesse sentido. Senadores brasileiros nos EUA, inclusive, alertavam que o quadro poderia ficar pior, caso os EUA resolverem mesmo sancionar que fizesse negócios com a Rússia, como o agronegócio brasileiro faz, na questão dos fertilizantes.
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Entretanto, nova reviravolta. Quando foi divulgada a íntegra da ordem executiva assinada por Trump, não só alívio, como euforia: várias exceções na lista, como laranja e suco de laranja, aeronaves e celulose e produtos de energia, entre outros, trazendo forte alívio para o mercado. O maior exemplo disso? A Embraer, que viu suas ações saltarem.
Apesar disso, ainda há incertezas. Os EUA anunciaram tarifas de 25% para a Índia, a partir de 1º de agosto, com uma “multa” a mais por negociarem com a Rússia. Bessent, ao menos, disse que após o 1º de agosto fatídico, mais conhecido como depois de amanhã, há chances de novos acordos comerciais serem fechados.
Em meio a tantas reviravoltas, após chegar a cair em meio ao noticiário, o dólar comercial acabou fechando em alta de 0,38%, a R$ 5,589 na compra e R$ 5,59 na venda, isso após experimentar altas de mais de 1% e chegar a virar para queda com quase 0,3%.
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O noticiário de empresas também é movimentado, uma vez que estamos no meio da temporada de balanços do 2T25. E hoje o Santander (SANB11) iniciou a apresentação dos bancos, com uma decepção nos números, mas nem por isso terminou com queda: acabou subindo 0,87%. Hoje, após o fechamento do mercado, é a vez do Bradesco (BBDC4), que subiu 1,62%, na esperança de um trimestre sólido, de acordo com a XP. Quem se deu mal no setor foi o BB (BBAS3), que caiu 0,25%, com analistas cortando projeções.
Vale (VALE3) também caiu, 1,79%, mas Petrobras (PETR4), ajudado pelas exceções do Trump, subiu 1,02% – além do mais, o petróleo internacional valorizou de novo.
Embraer (EMBR3) foi a grande vitoriosa, fechando com alta de 10,93%, com Trump poupando a fabricante.
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Apesar do ânimo, ainda há incertezas no radar: “Essas exceções trazem um fôlego para alguns setores… mas ainda temos um cenário de incerteza à frente”, disse Pedro Moreira, analista na mesa de renda variável e sócio da One Investimentos, citando que ainda não se sabe como o Brasil responderá às medidas de Trump.
Cabe ressaltar que, ainda nesta quarta, o Banco Central no Brasil anuncia sua decisão de política monetária, com economistas estimando manutenção da Selic em 15% ao ano, máxima de quase duas décadas.